(Público 27 de Agosto)
A CP retira do seu endereço eletrónico o compromisso de
“garantir a mobilidade de toda a comunidade, independentemente da sua condição
económica ou geográfica”. Questionada pelo Público responde tratar-se de uma
atualização do site para corrigir o número de quilometragem e novamente
interrogada quanto à responsabilidade da decisão ser do Governo contrapõe com o
silêncio. Habituados que estamos a estes sinais, não se augura nada de bom para
a manutenção de alguns serviços ferroviários.
Lembra-se que o anterior governo num estudo entregue à troika
propôs o fecho de 794 km de linha férrea. A rede ferroviária seria circunscrita
ao litoral Braga-Faro e às linhas da Beira Alta que liga Coimbra a Espanha por
Vilar Formoso e da Beira Baixa que liga o Entroncamento à Guarda. As restantes
linhas seriam cortadas ou desapareceriam, particularmente a no Norte e no
Alentejo, como se verificou com a suspensão do serviço em diversas linhas:
Corgo, Tâmega, Tua… para obras de remodelação. As obras ainda não começaram e
já ninguém acredita na reativação destas. O encerramento inclui também a Linha
do Douro, entre Régua e Pocinho (68 quilómetros).
Esta é uma razia idêntica ao tempo do governo de Cavaco
Silva, nos princípios dos anos noventa, que redundou no encerramento de 800
quilómetros de linhas de caminho-de-ferro, sobretudo no Alentejo e em
Trás-os-Montes: ramal de Sines; Estrela de Évora; ramal de Moura,
Valença-Monção na Linha do Minho, Sernada – Viseu na Linha do Vouga, Amarante –
Arco de Baúlhe na Linha do Tâmega, Vila Real Chaves na Linha do Corgo e
Bragança Mirandela na linha do Tua.
O acordo com a troika assegura a garantia da
independência da CP para um equilíbrio de contas e redução de custos, aumento
de bilhetes, revisão das obrigações do serviço público e as palavras mágicas do
novo paradigma económico: privatizar e racionalizar, que significam
encerramentos e menos mobilidade no interior do país.
O silêncio do comboio nos vales do interior é um sinal claro
da desistência por esta parte do país.
2 comentários:
o ridiculo da CP e dos irresponsáveis que querem fazer de nós ainda mais estúpidos que eles
http://anossaterrinha.blogspot.pt/2012/07/a-cp-chega-todo-o-territorio-nacional.html
O que aqui se esvre é a pura da realidade. Mas permita-se que faça uma pequena correcão. A Linha da Beira Baixa está interrompida e desactivada há anos entre a Covilhão e a Guarda. Portanto a linha da Beira Baixa já não serve de alternativa à linha da Beira Alta quando a mesma tiver qualquer problema grave. Mas ainda lhe digo mais o seguinte. Há anos, devido à instabilidade das barreiras de Santarém foi feito um projecto para uma variante ferroviária aquela cidade. Nunca saiu da gaveta. Assim, o mais natural é que num inverno mais rigoroso aquilo deabe para o Tejo e corte as ligações ferroviárias Norte Sul e Sul Norte até porque a antiga alternativa que era a Linha do Oeste está a cair aos bocados e só há comboios de passageiros entre o Cacém e as Caldas. O que eles querem é que se rentabilizem as auto-estradas dos privados. Essa e que é essa. O interior que se lixe. Nãp o dizem mas é o que fazem todos os dias.
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