O Natal em Trás-os-Montes é diferente de qualquer outro Natal no mundo. Os caminhos
tortuosos da serra mantiveram as comunidades a uma distância segura e permitiram a
sobrevivência de antigos costumes da região. É o caso da Festa dos Rapazes, que ocorre em todo o Nordeste Transmontano na altura do Natal, como memória viva de ritos ancestrais, apenas com algumas variantes de terra em terra. Durante dois dias, os rapazes solteiros comandam a vida na aldeia. A festa, com origem nos rituais pagãos do solstício de Inverno, celebrava o início de um novo ciclo agrícola, com os dias que começam a ficar mais longos, e, para os rapazes significa também a passagem para a idade adulta.
A festa começa logo de madrugada, com o gaiteiro que acorda toda a aldeia com a sua gaita-de-foles. Os mordomos, responsáveis pela organização da festa, percorrem as ruas visitando todos os vizinhos. Seguem-se os "caretos", criaturas estranhas vestindo trajes bizarros, com chocalhos e fitas penduradas, e exibindo máscaras diabólicas. Dançam, pulam, rodopiam e fazem grande algazarra.
Tudo lhes é permitido e, por detrás da máscara que lhes protege a identidade, cometem os maiores impropérios, assustam as criancinhas e atormentam todos os presentes. Só são carinhosos com os mais velhos. Sem qualquer cerimónia, invadem as casas onde roubam chouriços, morcelas, carnes de fumeiro, figos secos e pão para juntar à festa. Reunidas todas as iguarias, passa-se ao banquete, numa grande mesa posta no adro da igreja.
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