A consciencialização do conceito de identidade nacional está
associada, como já referimos, à difusão da imprensa e ao desenvolvimento das
vias de comunicação ferroviárias que aproximam as regiões; à multiplicação das
escolas; às grandes comemorações coletivas dos feitos nacionais, o
tricentenário da morte de Camões (1880), o sétimo centenário da morte de D.
Afonso Henriques (1887), a exposição do mundo português que comemorou a formação
e a restauração do país; e à fórmula salazarista de Deus, Pátria e Autoridade.
No entanto para Sérgio Campos Matos esta teoria é deveras reducionista, pois
apenas valoriza a escrita, a administração, as comunicações e o ensino,
sonegando a memória oral, a consciência de pertença a uma cultura, a uma língua
e a um património antropológico comum.
Em Portugal usufruímos de particularidades como sejam, a
escassez de minorias étnicas, religiosas e linguísticas e a falta de rebeliões,
que nos distinguem dos outros povos e têm contribuído para uma relativa
estabilidade e longevidade como nação independente. A nossa pequenez e relativo
desconforto no contexto da Península Ibérica perante o apetite hegemónico,
primeiro de Castela, depois de Espanha e por último de França não augurava um
sucesso tão duradouro como nação soberana. Porém fatores endógenos e exógenos,
que a História assinala, permitiram mais de oito séculos e meio de
independência nacional, descontados os sessenta anos de domínio espanhol. Se a
bravura, inteligência guerreira e especificidades várias permitiram a fundação
da nacionalidade; se, na crise de 1383/1385, o sentimento nacionalista e
patriótico adicionado à genialidade guerreira de Nuno Álvares Pereira assegurou
a manutenção da independência, foi, como refere Herculano, “a rivalidade das
grandes nações europeias que nos tem salvado” e a
colaboração interesseira de Inglaterra, que, em diversas ocasiões, nos fez o
peão dos seus interesses, face às rivalidades com espanhóis e franceses.
(A teoria providencialista)
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