26 julho 2011

Crenças e Crendices: Carlos Fiúza


C
omo é fácil de compreender, há grande influência de ideias e de sentimentos religiosos na expressão falada e escrita de muitos povos.
Neste particular, a nossa língua leva, por vezes, vantagens a outras línguas cultas, e assim acontece que nem sempre um dizer português de cunho cristão encontra correspondente neste ou naquele idioma.
Já não falo na circunstância de o português usar denominações cristãs (como os dias da semana), enquanto noutras línguas se verifica a influência pagã.
Refiro-me, por exemplo, à despedida em português que, à parte o castelhano adios, e o italiano addio, é em geral mais cristão do que a habitual despedida dos Franceses, Ingleses e Alemães, os quais usam correntemente au revoir, good-bye ou see you again e auf wieder sehen.
E é sempre com agrado ou consolação que se ouve o nosso Povo em despedidas bem cristãs:
- “Vá com Deus”; ”salve-o Deus”; “fique-se com Deus”; “até logo, até à vista, até depois, se Deus quiser”, etc.
Não deixa de ser verdade, também, que muita gente que, ao despedir-se, diz - adeus! já não repara no verdadeiro significado da palavra interjetiva. Factos, aliás da vida da linguagem.
Como na vida há lembrança e esquecimento, o significado das palavras pode olvidar-se ou recordar-se, e assim se explicam afinal quase todos os fenómenos da semântica.
Quem haverá que não tenha ouvido exclamar: “Olha, vai pr’ó diabo com as tuas ideias! Graças a Deus, não quero mais conversas!”
Afora o lado humorístico, a razão disto está em que, de facto, a expressão “graças a Deus” perde, às vezes, no uso corrente, o significado de reconhecimento espiritual e passa a tornar-se apenas como equivalente de felizmente.
Caso semelhante acontece quando exclamamos “oxalá!”, sem nos lembrarmos ou sem sabermos que estamos a dizer arabicamente Queira Alá! e assim nos pormos a implorar ao deus dos mouros.
Não se julgue, porém, que só a religião fornece à linguagem muitas expressões cuja significação se vai esquecendo. As próprias superstições originam vários modos de nos exprimirmos, os quais podem até vir a constituir ditos vernáculos, imprescindíveis do falar quotidiano.
A crença nas “horas felizes e infelizes”, “horas de sorte e de azar”, por exemplo, é bem antiga. Ouvimos a cada passo: “maldita ou bendita a hora em que”… “em boa hora fiz isto ou aquilo”, e semelhantemente. Todavia, quase ninguém repara que na locução ir(-se) embora, vir(-se) embora, entra essa mesma crença nas horas boas e más. Vou-me embora equivale hoje, só, a retiro-me, afasto-me.
Porém, embora, propriamente, quer dizer “em boa hora”, e não em má.
- “Vai-te embora!” - Quando alguém nos enfada, assim podemos dizer, e nem que esse alguém se vá em boa hora, e não em má.
Pretendo frisar que a superstição que originou a expressão “ir-se embora” não se vê em ditos equivalentes de outras línguas cultas, pois o francês diz s’en aller, o castelhano marcharse ou irse, o italiano andare via, o inglês to go away, o alemão zu gehen ou fortgehen. Não há nestas expressões correntes qualquer ideia de horas boas ou más. O que se verifica, quanto ao italiano (via), ao inglês (away, de way) e ao alemão (que também diz weggehen, onde está weg), é antes a ideia de “caminho”.
Perderá acaso a nossa língua alguma coisa com esta proveniência supersticiosa de uma das suas mais correntes expressões?
De modo nenhum, evidentemente.
Quem haverá que não tenha exclamado, portuguesmente, algum dia: “Olá, bons olhos te vejam!”
E não é das tradições populares que, ao ver-se uma criança a vez primeira, se exclame: “Benza-te Deus!”?
Mas as superstições não são privilégio popular.
Um dos biógrafos de Eça de Queirós (António Cabral) diz que este escritor, que tanto ironizou referências à religião, era um grande “crenteiro”. Tinha, por exemplo, a mania de começar a subir as escadas com o pé direito. Se, depois de haver subido uns tantos degraus, lhe assaltavam dúvidas sobre se cumprira ou não essa mania, descia e tornava a subir, só após ter colocado o pé direito no primeiro degrau. Ora isto é cómico!
Mostrei acima que a religião exerce grande influência nas línguas, incluindo, claro está, a língua portuguesa.
Agora vou ocupar-me do sentimento de temor ao mal e do reflexo de tal sentimento na expressão quotidiana.
Na linguagem dos homens espalha-se fatalmente a preocupação de imprecar o bem e exorcismar o mal.
Inclusivamente os chamados “espíritos fortes” ou “superiores”, os que blasonam de em nada acreditar senão em si mesmos, esses também vão, sem dar por isso, ou fingindo que não dão, empregando continuamente expressões de esconjuro.
Não são apenas os religiosos e crentes que acreditam na existência de “espíritos malignos que vagueiam pelo mundo para perdição das almas”.
Não interessa agora ver se todos atribuem “à malícia e ciladas do demónio” os mil destemperos da vida, as milhentas infelicidades que a cada momento nos estão espreitando.
Mas uma coisa há de receber concordância geral: há momentos felizes e infelizes, há aquilo a que vagamente se chama “azar” e “sorte” e há o natural desejo de afugentar o mal, quer se atribua ao diabo quer a outrem com outro nome.
Os que se dizem descrentes ou incrédulos não só repetem expressões dos crentes, mas vivem muitas vezes cheios de cuidados, julgando-se, uns, perseguidos pela má sorte; outros, vitimados pelas pragas dos invejosos ou odientos.
E, então, logo traduzem em palavras de desabafo ou de repulsa os temores de que o mal os persiga ou venha a perseguir:
- “Mas que azar o meu!”
- “Hoje ando com pouca sorte…”
- “Rogaram-me uma praga…”
- “Vá lá agourar para o diabo que o carregue!”
O sentido de superstição ou de temor ao mal pode, com referência a determinada palavra, manter-se evidente, ou atenuado, ou esquecido.
Assim, por exemplo, há muito quem se deixe levar pelas “bruxas”.
Mas são frequentemente os que não acreditam nelas que usam a expressão - ver uma bruxa, o que equivale a dizer não ser pequena a atrapalhação.
Quase o mesmo que – “ver o diabo”.
A lembrança das bruxas, fez-me pensar nas “figas”.
Repare-se que a maior parte das pessoas que dizem - “Homem de uma figa…” e semelhantemente, já se prendem convictamente ao poder odiento ou exorcismador da figa, que em tal expressão teve a vantagem de lhe dar vivacidade (o que já não é pouco), do ponto de vista idiomático.
Ora, ao fim e ao cabo desta digressão pelas regiões da linguagem do esconjuro, tendo falado até em bruxas, e por culpa delas no diabo, parece-me apropriado fechar com uma expressão de praga violentíssima ao marrafico:
- Faço votos porque ele seja, como diz o nosso Povo, cego, surdo e mudo!
Este “voto” dispensa-me de desejar que ele seja coxo e maneta.
Sim, porque o diabo sendo cego e surdo e mudo, ainda por cima, não passa de um pobre diabo!”

Carlos Fiúza

P.S. Este tema foi-me sugerido pelas diatribes entre JLM e JAM no artigo “Uma moura e a pedra à cabeça ou uma viagem à Casa da Moura” (aliás bem interessante).

18 comentários:

Anónimo disse...

Este senhor, que disserta assim,ao correr da pena,esmaga-nos com o seu saber.É impressionante o somatório de conhecimentos e a facilidade com que se move nestes meandros.Aqui não consigo estabelecer qualquer espécie de contraditório.Para este existir,é preciso que os interlocutores saibam do que estão a falar.Ora,disto,que é muito e profundo,eu não sei nada.
JLM

Anónimo disse...

Sim, mas já agora C Fiúza podia deixar-nos a sua posição, se mais para o ~passado, se mais para o presente.

Anónimo disse...

Citando Sócrates, o outro, o Grego o que já está morto (não estão os dois??Adiante) "Eu só sei que nada sei..."
Ass. Gabriel o Despensador

Anónimo disse...

Meu Caro

A minha posição é tão simples quanto isto: olhar para o futuro sem perder de vista o passado, tendo o presente sempre "presente" como ligação entre os dois.

Simples, não?

CF

mario carvalho disse...

As crendas e crendices fazem parte da identidade de um individuo, de uma familia, de um povo, de um planeta, do UNIVERSO...

Que seria de Inglaterra se não defendesse , com unhas e dentes , as suas crendices?!

Mas enfim.. há muitos traumatizados que preferem os Big brothers, os shows e tudo o que é hoje .. sem ontem nem amanhã..

serão gostos?

mario carvalho..

..orgulhoso das suas crendices e das suas origens

Anónimo disse...

Não posso dizer que me senti traumatizado com os comentários de CF e de MC.Mas lá que senti alguma incomodidade,isso senti.
Quanto a CF,no seu comentário,consegue ser tão perfeito no seu raciocínio que até acaba por parecer-se com Mr.de La Palisse.É tão asséptico que da sua sentença não vem nenhum bem ou mal ao mundo.Nada acrescenta,é anódino de todo.Escolhi os adjectivos mais adequados para o provocar.Vamos ver se consigo.Concluindo:pretende ser quase científico,num domínio onde a verdade é uma palavra vã.
MC sente-se orgulhoso das suas crendices,isto é,quer preservar superstições e ideias absurdas como:"hoje o sino tem um som esquisito,logo vai haver uma desgraça","no encontro de quatro caminhos,podemos acabar com o feitiço dos lobisomens".
Parece-me que,de longe,o mais importante é o presente,porque só,através dele,vivenciamos o passado e o futuro.Só se existirmos hoje, é que,através dele, nos ligamos ao que já lá vai e ao que há-de vir. O presente é,por outro lado, um devir constante,uma passagem permanente de trás para diante.
A felicidade resulta mesmo,ao que julgo, num viver permanente no "sentir" do presente,com o conhecimento não "sentido" do que passou e do que há-de vir.
Chega por hoje.Não desistamos,que ainda há muito a aprofundar.
Fico à espera das vossas achegas.
JLM

Anónimo disse...

Anódino

O povo da serra e da campina, da beira-mar e das terras rouqueiras não só vinha à cidade muita vez trazer a força e a pureza do seu sangue mas também podia trazer a força, a graça, o donaire, a agilidade da sua expressão.
JLM (ao voltar aos blogues) é o exemplo mais conseguido do que acima afirmo.
A sua expressão é requintada, os adjetivos empregues foram (como ele próprio diz) escolhidos a dedo, rebuscados do mais puro vernáculo.
O chamar-me de anódino, então, é quase sublime.
O que é anódino?
Em Medicina, anódino é calmante de dores, como, por exemplo, as preparações de ópio.
Em linguagem figurada, literária e filosófica, diz-se versos anódinos, frases anódinas, etc. para significar que são falhos de energia, que não despertam impressão nem interesse, que são, enfim… inofensivos.
Como consequência disto (embora me sinta triste pela pobreza dos meus textos) que responder?
Quando realmente a imensidade, o êxtase nos perturbam, ficamos enleados sem saber a que palavras recorrer.
Por isso, às vezes o melhor é o silêncio.
É que muita vez o silêncio é mais eloquente naqueles estados de alma em que a melhor expressão é a fuga às palavras.
Dir-me-ão que a arte verdadeira é precisamente a pureza da expressão para o inexprimível. Mas eu quero afirmar que há também a arte de saber calar.

Carlos Fiúza

mario carvalho disse...

cito
A felicidade resulta mesmo,ao que julgo, num viver permanente no "sentir" do presente,com o conhecimento não "sentido" do que passou e do que há-de vir.


O passado recente, fruto de preocupações exclusivamente com o presente, demonstra que só é feliz quem é masoquista... o conhecimento não "sentido" leva ao conhecimento da reealidade que vais ser bem "sentida"... (nais impostos, menos regalias e lá se vai, para já .. o subs de Natal)
( a egoista preocupação com o presente.. vai obrigar a sacrificar os nosso filhos e netos.. veja-se as obras megalómanas dos Bokassas, AE, PPP, Barragens .. que vão ser pagas com garantias de lucro por todos.. durante 70 anos)

Eu prefiro o "passado " que com a sua sabedoria tinha a humildade de dizer que só "sabia que nada sabia"
do que o presente que diz que "sabe tudo" e por isso é o melhor primeiro ministro de sempre e de quem qgora ninguém conhece o paradeiro

Eu prefiro o passado que tudo faz para que o presente seja melhor para servir de exemplo no futuro

Eu prefiro acreditar que tenho de me precaver .. nos 4 caminhos .. do acreditar nos que nos exploram "vendendo-nos " a justiça" de que temos de resignar, de aceitar e que vale a pena ir aos 4 caminhos ..para sermos assaltados. porque os juizes ( os que lucram) vão perdoar a quem assalta, rouba e mata...

enfim... eu não estou, sequer para reler o que escrevi..

acredito mais depressa no meu pai e na minha mãe do que em todas as patranhas orquestradas por vigaristas que outra coisa não visam .. que o seu benefício.. à custa sofrimento dos outros

este desabafo não tem a ver com nenhuma posição..

ontem vi,mais uma vez, o filme de D Camilo e as eleições..

sugiro que o recordem...

Demontra como posições antagónicas e até exarcebadas podem coexistir em benefício de todos..

cump

mc

mario carvalho disse...

e para os "cientistas" que só acreditam no que veem, permitam que sugira

http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_desoxirribonucleico


e a parte final..:

"O ADN é responsável pela transmissão das características hereditárias de cada ser vivo."

.........conclusão:

momguém se "safa" do seu passado..

deve fazer tudo " no presente". para honrá-lo e melhorá-lo.. para no futuro se honrem dele .. continuando a melhorá-lo...

a isto , chamo eu,

" EVOLUÇÃO PARA MELHOR"

..

bem, vou para termas .. ao tanque antigo de S. Lourenço.. para ir ao novo só lá para o ano ... e não sei se cá estarei!

mario carvalho disse...

O sentir do presente.. sem preocupação com as consequencias..

sem querer aprofundar muito.. faz-me lembrar muitas situações de perfeita inconsciencia...

como a droga, sem pensar na ressaca.. como o casal que tem relações por prazer e depois a mulher é vai matar o filho.. como o que primeiro mata e depois é que se arrepende..............

..............

durante uma conferencia para universitários em Berlim, no inicio do sec xx, um professor lançou o seguinte desafio aos alunos:

CRIOU DEUS TUDO O QUE EXISTE?

Um aluno respondeu prontamente

Sim criou

o Prof perguntou novamente:

Deus criou realmente tudo o que existe?

e o jóvem voltou a responder :

Sim, sim,criou

- Então isso quer dizer que Deus criou o mal porque ele existe.. e se as nossa obras são o reflexo de nós próprios.. então Deus é MAL

O jovem calou-se e o prof regoziva-se por ter provado , mais uma vez, que a fé era um mito

Outro aluno levanta-se e .. posso fazer uma pergunta

-Claro diz o prof

o Jovem faz uma curta pausa e pergunta:

- Prof .. o frio existe?

- Que raio de pergunta .. LÓGICO que existe.. nunca sentiste o frio????

-Na realidade , senhor, o frio n~
ao esxiste.. segundo as leis da física, o que consideramos frio é .. ausencia de calor. Todos os corpos ou objectos são passíveis de estudo quando possuem ou transmitem energia; o calor é o que faz com que os corpos tenham ou transmitam energia.

o zero absoluto é a ausencia total de calor. todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagirem, mas o frio não existe. NÓS criamos esta definição para descrever de que maneira nos sentimos quando não temos calor.

E a escuridão existe?

- o Prof respondeu: Existe

- A escuridão .. tão pouco existe
porque é a ausencia de luz


- A luz podemos estudá-la atrvés do prisma de Nichols, pode decompor-se de branca nas suas várias cores com os seus diferentes comprimentos de onda..
a ESCURIDÃO .. NÃO


Finalmente o aluno pergunta ao professor:

- O MAL EXISTE???

- Como afirmei no inicio vemos crimes e violencia em todo o mundo
Isto é mal

- O aluno respondeu:
o mal não existe, senhor. O mal é a ausencia do bem

e em conformidade com os casos anteriores o mal é uma definição que o homem criou para descrever a ausencia de DEUS.. O mal é a ausencia de Deus no coração dos seres humanos.. tal como acontece com o frio quando não há calor, ou com a escuridão quando não há luz

.........

O jóvem foi aplaudido de pé enqunto o " Mestre" abanando a cabeça, permaneceu em silencio:


O REitor da Universidade dirigiu-se ao jovém estudante e perguntou-lhe:

- Como te chamas?

- Chamo-me , ALBERT EINSTEIN

...

uma boa semana

mc

Anónimo disse...

Não gostei nem da resposta de CF nem da de MC.
A primeira continua demasiado eclética,demasiado equilibrada.Só que nela o equilíbrio não prima pela junção dos opostos, por ambos serem necessários, mas pela anulação deles para ficarmos com algo que não é de modo nenhum a soma dos elementos antagónicos.Precisamos duma síntese formada pela conjunção da tese e da antítese e não dum equilíbrio que resulta da anulação dos polos opostos.O dinamismo da vida resulta da luta permanente entre os contrários para formarem uma junção de ambos,passando esta a ser uma síntese, que logo passará a ser uma nova afirmação a que se oporá uma nova negação e...por aí adiante.
Em certo sentido, a oposição, diria obstinada, de MC agrada-me mais, pois permite-me desenvolver o contraditório até um dia chegarmos a uma junção das nossas oposições e,depois,descansarmos provisoriamente.
Para MC,o passado é que interessa.Quer dizer,em vez de vivermos o momento presente,com automóveis,aviões,computadores,devemos viver o tempo de Afonso Henriques,com carros tirados a cavalos ou bois,lousas em escolas, que ainda não existiam.
Quem pensa que o passado tem as respostas necessárias ao presente é uma pessoa conservadora,para não dizer ultraconservadora.Mas como é que tudo se pode conservar se tudo está numa mudança acelerada?
Em vez de respostas que nos pertence a nós encontrar,vamos buscar as soluções encontradas por outros para outras circunstâncias,rebaixando-nos assim a uma inferiodade em relação aos antepassados,que não abona nada a nosso favor.Hoje,incumbe-nos a nós tomar as rédeas das coisas,não aos mortos.
O problema que põe em relação ao ADN é diferente.É certo que a máquina humana vem,dado o ADN,montada e a funcionar de determinada maneira,semelhante à dos nossos progenitores. Mas ela vai encontrar circunstâncias diferentes às quais tem de se adaptar e com as quais tem de aprender a lidar.Esta adaptação tem de ser feita pela máquina actual e não pela que a precedeu.
Julgo que,quer queiramos quer não,é com o presente que temos que jogar,embora alguns utensílios(cérebros,músculos,alguma cultura)venham de antes.
O presente tem tanta mais importância quão mais acelerada for a mudança,como é o caso da actualidade.
Vivamos,pois,o nosso tempo e à nossa maneira,pois não teremos outro para viver.Para viver,se possível,intensamente,é preciso "sentir",não sendo este necessário para o passado e para o futuro.
JLM

mario carvalho disse...

O Passado interessa,,

vivemos o presente , tentado melhorar o que de bom o passado nos legou..

para que o futuro seja melhor

......

viver intensamente o dia como se fosse o ultimo da nossa vida .. pode não ser um bom conselho a dar a dar a um filho.. pois pode ficar sem futuro..

que o diga o James Dean (não pode)

mc

D. Afonso Henriques .. bateu na mae e não cumpriu a palavra porque só queria ter um reinosinho.. só se preocupando com ele .. e muitos hoje em dia continuam a ser seus seguidores .. sem terem evoluido nada

mario carvalho disse...

D Camilo na RTPN

discutem. lutam... mas fazem

mario carvalho disse...

Crenças e Crendices

Anedotas?

não acredito em bruxas mas .. pelo sim e pelo não..

........

Adivinha:

Foi colocado num jornal de prestígio um anuncio para preenchimento de uma vaga de Director Geral numa grande empresa

Responderam imensos candidatos e foram selecionados três:

- 1 Engenheiro (a sério)
- 1 Economista
- 1 Advogado

que se encontraram na mesma sala e onde aguardaram cerca de 1 hora

..

O Presidente da Companhia manda chamar o Engenheiro e felicita-o por ter sido um dos três selecionados e por fim diz-lhe:
- Só queria que me dissese quantos são 2 e 2?
O Engº , com o rigor que o caracteriza respondeu:
- 2 e 2 são 4.

-Muito bem .. faz favor de sair .

Mandou em seguida chamar o Economista.. as felicitações e a pergunta

O Economista respondeu :

- Senhor Presidente .. 2 e 2 podem ser 22 ou 4..

- Muito bem .. faz favor de sair

e mandou chamar o Advogado

-Senhor Dr . a nossa empresa gostaria de o felicitar pois foi um dos 3 selecionados .. entre milhares.. Gostaria só que respondesse à seguinte questão..
na sua opinião quantos são 2 e 2 ?

- Muito obrigado Sr Presidente.. é para mim honra ter sido um dos selecionados por esta prestigiada companhia e tudo farei para que se desenvolva ainda mais.. Quanto à questão que VªExª me coloca 2 e 2 podem ser 4, 22 , 23, 24, 25, ou o que VªExª desejar .. porque eu estou preparado para defender qualquer ponto de vista...

- Muito obrigado Sr. Doutor ..faça favor de sair e aguardar , em breve , uma resposta?

...........

Quem foi o admitido para Director ?

cump

mc

ps escrito ao abrigo da obrigação ortográfica da minha prof Teresa e da sua ajudante (menina palmatória)

Anónimo disse...

Caro MC:Claro que o escolhido foi o advogado porque é o que mais convém à defesa dos interesses da empresa.
Estou outra vez em Coimbra,depois de ter estado na Marinha Grande e ter passeado por S.Pedro de Moel,Paredes,Nazaré e Alcobaça.
É preciso viver o presente.Se eu fosse tão cauteloso como MC,não teria saído de casa.
Uma pessoa,quando nasce,não sabe se morre logo a seguir ou se dura até aos cem anos.Por isso é que se torna tão premente viver o presente.
Ainda para mais há tantos factores a influir no decorrer da nossa vida,que é preciso estar preparado para tudo e sentir alegria no momento que passa.
Também não convém ser demasiado moralista:só o necessário.
Tenha um bom dia e sorria.Vai ver que tem muita sorte em estar vivo.Os seus 70 anos não são 7 dias.
JLM

mario carvalho disse...

Caro JLM

Eu sorrio sempre ,mesmo sem ter 70 anos

Eu saio sempre de casa sem medo e de cabeça erguida

Eu não disfarço , nem tento acompanhar, ridiculamente , as modas.. tipo Lili Caneças..

Eu sou eu , com as minhas preocupações e com limitações.. mas também com a alegria e graça de ter chegado aqui .. assim

Cultura geral é que o fica..e eu estou na fase de esquecer aquilo que não interessa

Agradeço o seu comentário

cump

mc

ah! e quanto à adivinha .. lamento muito mas .. não foi o advogado que entrou... foi o sobrinho do Presidente da Companhia, Empresa, Camara ou Partido.. (dá para todos)
que por sinal ... nem tinha concorido.

Anónimo disse...

A “Arte de Furtar”

Não há ninguém que não tenha reparado neste facto: o roubo, mesmo que seja uma grande roubalheira, chama-se desvio, se o gatuno é importante ou se, é responsável por volumosos dinheiros que “desvia” para o seu bolso, ainda que por “distração”.
E muita vez se ouve a lamentação de que, se um desgraçado rouba um pão para matar a fome, é ladrão; mas se um sujeito de alta rouba grossa maquia, é apenas o autor de um “desfalque”, de um “desvio”.
Vê-se, pois, que as palavras da arte de furtar são inversamente proporcionais às quantias ou valores roubados.
Qual a razão disto?
A razão profunda está nisto: nas altas camadas sociais a linguagem é mais “polida”, mais escolhida, e, portanto, com maiores recursos para o eufemismo, para o disfarce, para o próprio fingimento ou hipocrisia.
O povo, em geral, é pão pão, queijo queijo a falar.
Se rouba, rouba. Se é ladrão, é ladrão - e pronto. Não há meios termos.
Estamos a ver desde já que o “roubar” não é sempre roubar, e que o “ladrão” nem sempre é ladrão. De modo que não só se torna possível examinar, em qualquer língua, a arte de furtar (e em português há a célebre obra precisamente chamada “Arte de Furtar”, cujo autor inda ao certo não se sabe quem foi), mas até se podem apreciar as modalidades expressivas dessa arte, com as respetivas gradações.
Em português temos ladrão e temos gatuno, como palavras de sentido amplo.
Ladrão é de cepa latina, o “latro” dos Romanos. E veja-se como são as coisas da linguagem… Os primeiros ladrões eram os soldados mercenários da guarda do rei, eram os servidores reais que iam pelos caminhos e que assaltavam. Isso era o “latro”, palavra relacionada com “latus”, isto é, o lado. O ladão roubava de noite, em geral. O roubador de noite ou de dia e que tomava o alheio sem violência era em latim o “fur”.
O ladrão português é mais genérico, pode ser o que furta ou o que rouba, sem violência ou com ela.
Mais concisa é a palavra gatuno. Tudo indica ser o gato o símbolo morfológico e semântico dos gatunos.
Quem negará ao gato a perícia no roubo de um carapau tentador?
E quem não ouviu alguma vez - Ah, maroto do gato, que saltou ao prato!
E o “sape, gato”? O “sape, gato” é uma interjeição afugentadora dos gatos ladravazes, interjeição onomatopaica, porque o “sape” traduz o movimento reativo que se faz com o chinelo, ou com a mão ou com o que estivar ao alcance, para lançar sobre o bichano gatuno.
Admitamos, pois, como lógica a derivação “gatuno” dos gatos.
O larápio é que tem origem mais curiosa, se não foi mera fantasia isto que se conta:
- “Houve em Roma um grande pretor que dava sentenças favoráveis a quem melhor pagava. Chamava-se ele Lucius Antonius Rufus Appius. Sua rubrica era L.A.R.APPIUS. Daí o povo chamar-lhe “Larapius”, nome que ficou sinónimo de gatuno”.
Mas a subtração do que pertence ao próximo não está, infelizmente, limitada à violência em estradas ou em águas.
Nas próprias cidades, vilas e aldeias proliferam as intrujices roubadoras, com processos mais “limpos”, sem violência física, assim a modos de delicada função.
Aí temos a fauna dos “vigaristas”, encartados ou por encartar, os “burlões”, “burlistas”, “trapaceiros” e demais parentela. Seria interminável a arrolação das várias formas e feitios de trapacices, dolos, embustes, enganos, fraudes e outras aldrabices perpetradas por tantos e tantos “artistas” da trampolinice.
Desisto dessa trabalheira.
Mas sempre quero dizer - tudo é engano, falsidade, mentira!
Há séculos, uma voz que se dizia divina aconselhou aos homens - Não furtarás!
Mas este mandamento é tão desrespeitado que até se chega a furtar o próprio TRABALHO, a própria SAÚDE, a HONRA, o BOM NOME.
Tudo se rouba!
Só o que não se rouba é a PAZ que vem do dever cumprido.
Folheio os jornais… oiço as televisão (caso BPN, por exemplo), e pergunto-me:
- Sinais dos tempos… ou o “refinar” de artes que já nos vieram do passado?
- Será por isto que “é tão premente viver o Presente”?

Carlos Fiúza

Anónimo disse...

Quem assim fala e escreve,merece parabéns! E um obrigado! Pelos que gostam de ler.