Na tentativa de fazer face a graves deficiências nutritivas
das nossas crianças, o Ministério da Educação Nacional iniciou em 1971 um
programa de alimentação (Suplemento Alimentar) em quatro zonas do país, entre
elas o distrito de Bragança, que “consistia na distribuição de uma sopa de
feijão, peixe, ovos, fruta e leite”). Em 1974 assistiu-se ao alargamento deste
programa a outras regiões do país, embora só se tenha desenvolvido efetivamente
em 1975. A partir do ano letivo de
1977/78 vigora o Programa do Leite Escolar, empacotado em embalagens próprias, que consiste na distribuição diária e gratuita
de 20cl de leite às crianças que frequentam a educação pré-escolar e aos alunos
do Primeiro Ciclo do ensino básico. Atualmente a União Europeia atribui a Portugal um
subsídio comunitário equivalente a um pouco menos de quatro cêntimos por
unidade, porém o gasto total do orçamento do estado situa-se próximo da dezena
de milhão de euros. Também desde 2009, foi implementado o Regime da Fruta
Escolar, que consiste na distribuição gratuita de fruta a todas as crianças do
1º ciclo do ensino básico, dois dias por semana, contribuindo assim para a
educação alimentar no espaço escolar, o combate à obesidade infantil e o “aproximar
as crianças do mundo rural”.
Contudo, os que lidam com a realidade diária das escolas,
debatem-se diariamente e, não poucas vezes, com uma luta sem quartel na
motivação das crianças para o hábito saudável de comer fruta, beber leite e
outros hábitos alimentares sadios. Expostos a um massacre diário da televisão,
que lhes incute maus hábitos: a maioria dos anúncios televisionados refere-se a
chocolates, cereais com açúcar, bolos, bolachas, “fast-food”… tudo produtos
pouco interessantes numa dieta saudável. O que se torna mais desencorajador é os
encarregados de educação promoverem e até incentivarem estas práticas com más
opções dos lanches escolares.
Esta "pressão" terrível começa a ter as suas
consequências: crianças mais gordas e com um potencial para contrair diabetes e
doenças cardiovasculares. A obesidade infantil é já um problema sério de saúde
pública (em Portugal, uma em cada três crianças tem este problema de saúde), a
prevalência da diabetes e o número de internamentos em resultado da doença
aumentam cada ano em Portugal
Muitas das nossas crianças recusam-se cada vez mais a tomar
o leite escolar e a comer a fruta, pois de casa trazem uma parafernália de bolos,
sumos empacotados e aromatizados com os gostos que mais apreciam. Aos poucos,
chegar-se-á ao cúmulo, de ficarem sem saber os verdadeiros sabores dos
alimentos naturais.
Bem lhe prega a auxiliar da educação, bem o aconselha o
professor… o menino "caprichoso", com o alto "patrocínio" dos
pais e encarregados de educação, que lhe satisfaz os caprichos, diz não a
práticas de alimentação saudável! E muitas vezes o esforço é inglório, quer dos
contribuintes que pagam com os seus impostos este precioso produto, quer a
prática pedagógica dos agentes educativos.
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