02 dezembro 2013

Faltam testículos ao falo


Desafiava-me o Sr. Dr. João Lopes de Matos e explicar-me melhor, em comentário sobre o texto de José Alegre Mesquita - Carrazeda único concelho do distrito sem casa de justiça.
Neste texto JAM dá-nos notícia de mais uma machadada nos nossos direitos de carrazedenses e denuncia a indiferença com que se aceita a perda de soberania, num concelho que ajudou a construir a história de um país ao longo de 900 anos. JAM fala-nos da actual realidade em que todos sentem a grande discrepância, de condições de vida, se comparados com a maioria do país, para iguais obrigações. Por sua vez JLM fala na melhoria da condição de vida das populações em geral, o que me leva a concluir que devemos ir á procura dessas melhores condições onde as há, visto que não as temos e, esquecer o resto. Possivelmente JLM ainda não terá constatado que a perda descomunal de condições de vida, mantendo a  desproporcionalidade, é já generalizada. E as causas residem no meu entendimento na indiferença perante o oportunismo e, no egoísmo e falta de participação cívica que resulta sobretudo da falta de cultura das populações. São estas para mim, também as causas da miséria e falta de perspectivas de futuro para o nosso concelho. Os crentes conseguem vislumbrar um presente risonho e acompanharão por conseguinte o nosso amigo JLM na sua visão de prosperidade e bem-estar. Os descrentes como eu, que vêem o futuro adiado, pelo menos por uma geração, buscam estratégias de sobrevivência agarrados ao que podem para manter a vontade de trabalhar. No meio disto tudo louvo o optimismo e confiança no futuro de alguns dos nossos reformados. Eu, que tenho trabalhado toda a vida, se chegar à reforma, só anseio que os meus filhos, quando emigrarem para trabalhar, me levem com eles, para que não acabe por aqui acostado numa valeta.

Não quero que se entenda que não acredito que não fossemos capazes de vingar como comunidade. Mas com esta cambada castrada,  não há solução. 

3 comentários:

Anónimo disse...

Caro HC: Não posso, de modo algum, comungar do seu derrotismo. Para todas as situações há uma saída. Só que, muitas vezes, não é a que nós idealizamos.Claro que Carrazeda tem passado por um processo forte de desertificação, que não é de hoje. Já vem, pelo menos de 1960. E, no meu parecer, com ótimos resultados, na melhoria de vida de milhares e milhares de pessoas. Sofreu com isso, Carrazeda, com uma diminuição de vida, a todos os títulos
impressionante? Sem dúvida. Mas eu prefiro que as pessoas tenham melhor nível de vida que o concelho continuar com vida mas miserável.
Hoje, a situação é o que é. Em face do reconhecimento dessa situação, há que pensar nas saídas possíveis. E algumas podem passar pela perda de algumas honrarias bacocas. Pois, tenhamos coragem de encetar uma vida mais modesta. Manter repartições de finanças sem movimento, tribunais sem julgamentos, para preservar as glórias passadas a que já ninguém liga não me parece ser o caminho correcto. Como, agora, continuar a lutar pela linha do Tua e destruir a barragem é gostar de pugnar por causas perdidas. Se ainda houvesse hipóteses e capitais de valorizar a linha e o rio para fins turísticos tudo bem.
Sejamos realistas, desçamos à terra e sejamos práticos. Esta minha posição não é nem melhor nem pior que as outras. É a minha posição e, por isso, merece algum respeito. Como as outras também o merecem. Não há interesse em cairmos em desespero ou praguejarmos contra tudo e todos.
JLM

mc disse...

são estes comentários , este espirito de subserviencia, este típicamente escravo pensamento .. de que é havemos de fazer ?! Eles é que mandam !!!! que delapidam os valores transmontanos... Depois, basta vir o mais fraquinho deles todos, um buçal almeida qualquer para lhes dar a estocada final ... pois nunca reagiram e agora já ... não vale a pena

que tristeza !!!!

Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de me quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas manhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA
Eduardo Alves da Costa

mc disse...

fica sempre mais barato para todos parar do que continuar


http://www.publico.pt/local/noticia/tribunal-aceita-providencia-cautelar-para-travar-barragem-do-tua-1606483


Para Joanaz de Melo, “esta é uma obra totalmente inútil e que vai ter um custo brutal para o país. “Podemos comparar esta obra aos piores casos das ex-Scuts, ao aeroporto de Beja ou ao caso BPN”, salientou. Trata-se, na sua opinião, “de mais uma fraude sobre os contribuintes portugueses, para além de todos os danos ambientais e culturais que estão em causa”.


1.Não cumpre os objectivos. O Foz Tua faz parte do Programa Nacional de Barragens, que produziria no seu conjunto 0,5% da energia gasta em Portugal (3% da electricidade), reduzindo apenas 0,7% das importações de energia e 0,7% das emissões de gases de efeito de estufa. Foz Tua contribuiria com uns míseros 0,1% da energia do País (0,6% da electricidade), evitando 0,1% das emissões e das importações de energia.
2. É inútil. As metas do Programa já foram ultrapassadas com os reforços de potência em curso: a curto prazo disporemos no total de 7020 MW hidroeléctricos instalados (o Programa pretendia alcançar os 7000 MW), dos quais 2510 MW equipados com bombagem (o Programa previa chegar a 2000 MW), sem nenhuma barragem nova.
3. É cara. As novas barragens, se avançarem, custarão cerca de €16 mil milhões (R$39,4 mil milhões), que os cidadãos vão pagar na factura eléctrica e nos impostos — uma média €1.600 (R$3.947) por português. Com estas barragens, durante os 75 anos das concessões, as famílias e empresas pagarão uma electricidade 10% mais cara (em cima dos aumentos já previstos), a favor das empresas eléctricas, grandes construtoras e banca.
4. Há alternativas melhores. Todos os objectivos de política energética podem ser cumpridos de forma muito mais eficaz e mais barata com opções alternativas, destacando-se duas medidas: (i) investimentos em eficiência energética, com custo por kWh 10 (dez) vezes menor que novas barragens; e (ii) reforço de potência das barragens existentes, com custo por kWh 5 (cinco) vezes menor que novas barragens.
5. É um atentado cultural. A albufeira de Foz Tua destruirá a centenária linha ferroviária do Tua, um vale com paisagens naturais e humanas de rara beleza, com elevado valor patrimonial e turístico, e põe já hoje em causa a classificação do Alto Douro Vinhateiro como Património da Humanidade — dificilmente a UNESCO irá tolerar a desfaçatez e a insensibilidade demonstradas pelo Estado Português e pela EDP.
6. É um atentado ambiental. A albufeira de Foz Tua destruirá irreversivelmente solos agrícolas e habitats ribeirinhos raros, porá em risco espécies ameaçadas e protegidas, criará riscos adicionais de erosão no litoral devido à retenção de areias, e provocará inevitavelmente a degradação da qualidade da água.
7. É um atentado social. A barragem será o fim das comunidades já empobrecidas do Tua, e mais um golpe nas perspectivas de desenvolvimento de Trás-os-Montes, pela perda da mobilidade ferroviária e de produtos turísticos valiosos como os desportos de águas bravas e a ferrovia de montanha. Criar um emprego permanente no turismo é 11 (onze) vezes mais barato que um emprego na barragem. As migalhas espalhadas pela EDP nunca compensarão a destruição dos valores e identidade desta maravilhosa região.