É curioso, ou talvez não, que todos queiram dar umas dicas sobre a educação e opinar sobre o actual momento da classe docente dizendo tudo saberem e entenderem.
É sintomático referir-se que, os senhores professores nada podem dizer, pois são corporativistas, querem defender o "status quo" e o pretenso laxismo e também nada perceberão de assuntos de educação, pois serão os principais responsáveis pelos elevados níveis de abandono e de insucesso escolar que caracterizam o sistema de ensino.
É notório que uma grande parte da população portuguesa se sinta satisfeita pela redução dos ditos “privilégios” dos professores, que se saldaram numa diminuição dos salários e dos direitos profissionais.
É visível que nestes últimos três anos se procedeu a uma guerra diária, que teve como principal objectivo afrontar a classe docente, criar um clima de intimidação, mobilizar a sociedade contra os educadores.
É manifesto que através das mais diversas formas se lançou exclusivamente sobre o professor o ferrete da desconfiança e da responsabilidade dos baixos índices educativos face aos outros pares europeus e até mundiais.
O clima que se criou na escola é doentio. Ninguém deve estranhar o descontentamento que atravessa todos os profissionais de ensino porque ele advém da incerteza, da frustração, da perplexidade, do afrontamento gratuito e do profundo sentimento de injustiça.
A avalanche legislativa que este governo atirou contra as escolas inundando-a de decretos, portarias, despachos e circulares, tornaram a vida dos professores num inferno de cumprimentos burocráticos inúteis, prova disto são algumas aulas de substituição que não servem absolutamente para mais nada se não entreter as crianças, as contínuas reuniões para interpretação de regulamentos que mudam continuamente, a confusão generalizada na adopção dos melhores procedimentos.
As escolas transformam-se, quantas vezes, em puros armazéns onde as crianças passam dez ou mais horas em actividades louváveis, mas sem espaços adequados à sua prática, e reforçam um sentimento de aversão ao ensino, passando em longas e intermináveis viagens casa-escola-casa, sem tempo de lazer e da necessária socialização familiar.
A fractura a que se procedeu na carreira, dividindo-a em duas categorias, do qual saltou o professor titular, foi objecto de um processo caricato e profundamente injusto. Só se consideraram os últimos sete anos apagando-se todos os outros; os candidatos só puderam concorrer onde estavam colocados; muitos ultrapassaram os mais experientes, mais competentes, mais preparados e formados. Muitos professores que, pela força do concurso geral, foram colocados longe, viram-se ultrapassados por outros muitos mais novos.
O actual modelo de avaliação do desempenho que se quer impor é no mínimo insensato. O esquema que sintetiza todas as intervenções no processo é um autêntico labirinto. Basta ler o actual decreto-lei para perceber que o novo sistema engendrado se pauta por um processo burocrático, subjectivo, injusto e complexo que tem como principal objectivo domesticar a classe e forçar a estagnação profissional de dois terços dos docentes, uma clara avaliação por quotas que tem um único objectivo economicista.
Pelo diploma perpassam regras verdadeiramente desumanas: mais de metade dos parâmetros estão relacionados com os índices de sucesso dos alunos, avalie-se o que isto pode significar pelas diferentes populações escolares que enfrentam os docentes; só com 5% de faltas, mesmo justificadas se pode progredir na carreira.
Com a observação das aulas a todos os docentes, a compilação de enviesadas grelhas de observação de atitudes e comportamentos, a análise detalhada de processos e documentos que a todos são comuns e contratualizados está a ajudar-se a criar um monstro que vai consumir milhões de horas de trabalho nas escolas e infernizar a vida de muitos professores, roubando-lhes a motivação e a energia para a relação pedagógica e a preparação das aulas.
O espírito competitivo que está na base de todas estas medidas contrastará com a solidariedade, a contratualização de vontades que o acto de educar transporta e sem ele não haverá uma clara distinção entre a escola e a lei da selva. A escola deverá ser um local onde se prepara sim para a sociedade competitiva, mas terá sempre de apontar para a utopia e para uma sociedade mais humana.
Os professores não suportam mais a indignidade com que têm sido tratados. Exemplos são as várias manifestações e uma quase unânime unidade. Nunca desde o 25 de Abril se assistiu, numa classe, a uma vaga tão grande de protesto e revolta , que cresce a cada dia que passa.
É sintomático referir-se que, os senhores professores nada podem dizer, pois são corporativistas, querem defender o "status quo" e o pretenso laxismo e também nada perceberão de assuntos de educação, pois serão os principais responsáveis pelos elevados níveis de abandono e de insucesso escolar que caracterizam o sistema de ensino.
É notório que uma grande parte da população portuguesa se sinta satisfeita pela redução dos ditos “privilégios” dos professores, que se saldaram numa diminuição dos salários e dos direitos profissionais.
É visível que nestes últimos três anos se procedeu a uma guerra diária, que teve como principal objectivo afrontar a classe docente, criar um clima de intimidação, mobilizar a sociedade contra os educadores.
É manifesto que através das mais diversas formas se lançou exclusivamente sobre o professor o ferrete da desconfiança e da responsabilidade dos baixos índices educativos face aos outros pares europeus e até mundiais.
O clima que se criou na escola é doentio. Ninguém deve estranhar o descontentamento que atravessa todos os profissionais de ensino porque ele advém da incerteza, da frustração, da perplexidade, do afrontamento gratuito e do profundo sentimento de injustiça.
A avalanche legislativa que este governo atirou contra as escolas inundando-a de decretos, portarias, despachos e circulares, tornaram a vida dos professores num inferno de cumprimentos burocráticos inúteis, prova disto são algumas aulas de substituição que não servem absolutamente para mais nada se não entreter as crianças, as contínuas reuniões para interpretação de regulamentos que mudam continuamente, a confusão generalizada na adopção dos melhores procedimentos.
As escolas transformam-se, quantas vezes, em puros armazéns onde as crianças passam dez ou mais horas em actividades louváveis, mas sem espaços adequados à sua prática, e reforçam um sentimento de aversão ao ensino, passando em longas e intermináveis viagens casa-escola-casa, sem tempo de lazer e da necessária socialização familiar.
A fractura a que se procedeu na carreira, dividindo-a em duas categorias, do qual saltou o professor titular, foi objecto de um processo caricato e profundamente injusto. Só se consideraram os últimos sete anos apagando-se todos os outros; os candidatos só puderam concorrer onde estavam colocados; muitos ultrapassaram os mais experientes, mais competentes, mais preparados e formados. Muitos professores que, pela força do concurso geral, foram colocados longe, viram-se ultrapassados por outros muitos mais novos.
O actual modelo de avaliação do desempenho que se quer impor é no mínimo insensato. O esquema que sintetiza todas as intervenções no processo é um autêntico labirinto. Basta ler o actual decreto-lei para perceber que o novo sistema engendrado se pauta por um processo burocrático, subjectivo, injusto e complexo que tem como principal objectivo domesticar a classe e forçar a estagnação profissional de dois terços dos docentes, uma clara avaliação por quotas que tem um único objectivo economicista.
Pelo diploma perpassam regras verdadeiramente desumanas: mais de metade dos parâmetros estão relacionados com os índices de sucesso dos alunos, avalie-se o que isto pode significar pelas diferentes populações escolares que enfrentam os docentes; só com 5% de faltas, mesmo justificadas se pode progredir na carreira.
Com a observação das aulas a todos os docentes, a compilação de enviesadas grelhas de observação de atitudes e comportamentos, a análise detalhada de processos e documentos que a todos são comuns e contratualizados está a ajudar-se a criar um monstro que vai consumir milhões de horas de trabalho nas escolas e infernizar a vida de muitos professores, roubando-lhes a motivação e a energia para a relação pedagógica e a preparação das aulas.
O espírito competitivo que está na base de todas estas medidas contrastará com a solidariedade, a contratualização de vontades que o acto de educar transporta e sem ele não haverá uma clara distinção entre a escola e a lei da selva. A escola deverá ser um local onde se prepara sim para a sociedade competitiva, mas terá sempre de apontar para a utopia e para uma sociedade mais humana.
Os professores não suportam mais a indignidade com que têm sido tratados. Exemplos são as várias manifestações e uma quase unânime unidade. Nunca desde o 25 de Abril se assistiu, numa classe, a uma vaga tão grande de protesto e revolta , que cresce a cada dia que passa.
21 comentários:
Talvez o SIADAP fosse melhor, como modelo de avaliação dos senhores professores!
Confessso não nutrir a melhor simpatia pela classe docente, no entanto, tal facto, não me turva a mente, não me permitindo ser objectivo nas criticas que teço.
Antigamente era o sr professor e o sr padre, agora, nitidamente esses tempos passaram e provavelmente passou-se do oito para oitenta! Sinceramente, e embora desconhecendo em profundidade os diplomas a que se tem referido, penso que em geral, o Ministério está correcto, e eu não sou de esquerda! Não serão todos, obviamente, mas eu estudei numa escola do interior e sei o que é ter estado quase meses inteiros sem um docente porque sua Ex.ª metia atestados sem conta, só para fugir à interioridade em que havia sido colocado. pergunto-lhe: Que professor é este? Se for recto de consciência, não poderá deixar de concordar que muitos docentes, necessitavam de bem mais que uma avaliação!
Concordo que o modelo anterior permitia abusos por parte dos docentes, algum desleixo até, mas a função do professor/docente não será certamente preencher papelada, reunir, fazer actas e preencher mais papelada. neste momento, é apenas o que lhes é pedido. Ninguém lhes pede que sejam melhores profissionais. Apesar de haver, como há em todas as profissões, incompetentes, haverá certamente gente competente, com gosto pela educação e que se vê obrigada a passar o seu tempo não -lectivo numa sala a preencher papelada, a escovar o director ou a esconder a identidade quando escreve em blogs. Já para não falar das injustiças cometidas nas reuniões de avaliação dos discentes. As cotas para níveis negativos e o processo burocrático para justificar o chumbo. Nós esquecemo-nos que as gerações que agora educamos serão o suporte do país daqui a dez, vinte anos e infelizmente os seus alicerces são feitos de facilitismo e mimo.
As pessoas, o povo português terá que se convencer que têm que trabalhar por objectivos. Os privados neste aspecto já estão a anos luz do sector público.
Melhores resultados mais rendimento.
Está mais do que claro que quem não aceita esta regra tem pouca vontade de trabalhar.
O que não deixa de ser curioso é que de entre os que eu achei os meus melhores professores e considerados por muitos igualmente 3 deles dizem-me que não têm medo deste modelo de avaliação.
Dizem mais; sempre a fizeram a eles próprios com métodos por eles inventados.
Porque será que outros têm medo?
Sobre a manifestação...
Quando mobilizada pelos sindicatos é politica.
Aliás, a expressão do Presidente da FENPROF ontem à noite foi bem reveladora da raiva que n utre pelo Partido Socialista e não me passou em claro o sorriso de quem já estava à espera de ver o ministro do MAI responder sobre a actuação dos policias que "terão andado pelas escolas" a saber das tais informações.
Resta saber se isto é verdade. Porque se o não for e repito se o não for podemos estar perante uma autentica cabala para vitimização.
Será no minímo vergonhoso e atentador de todo o bom senso.
Mais;
Mesmo que o não seja a polémica já já não tem reverso...
Os objectivos dos professores (são raras excepções)acaba por ser o vencimento ao fim do mês.
Se ganhassem menos e necessitassem de mais, como acontece à restante função pública e demais Portugueses, eles punham-se "finos".
Assim, todos pagamos as suas birras!
Rezo para que a Ministra não saia e a avaliação seja implacável, para bem dos nossos filhos!
Boa!
É isto mesmo que na prática e sem demasiada "filosofia" se deve dizer aos professores!
Os demasiados privilégios teriam de acabar um dia!
As escolas deviam ser privatizadas.
Os professores deixavam-se logo de manifestações.
Aceitam-se todos os arbítrios no sector privado e recusam-se quaisquer ordens no sector público.
E ainda se armam em vítimas!
É isso mesmo!
Parecem os donos de todas as consciências Nacionais.
REVOLTA, diz o Professor José Mesquita!...
Mas que revolta?
Revoltosos de barriga atestada!
Que trabalhem! Passeiam-se à Francesa, parecem lordes com os vizinhos à míngua!
TRABALHEM, para isso vos pagamos!
Com o devido respeito, sem querer ofender, entendo que estes três últimos comentários mostram uma confrangedora ignorância sobre a Educação e o Ensino e nem sequer têm consciência de que se tornam ridículos ao falarem de assuntos que não dominam. Os professores são os "fazedores" dos cidadãos de qualquer país e só por isso, deviam ser muito mais respeitados. Quero partir do princípio de que estes últimos três comentadores são pessoas de bem e bons cidadãos e sendo assim, permitam-me que lhes pergunte: QUEM VOS ENSINOU A LER? QUEM VOS DESENVOLVEU O RACIOCÍNIO E A APRENDIZAGEM? QUEM CONTRIBUIU PARA QUE VÓS SEJAIS HOJE PESSOAS úTEIS NA VOSSA TERRA? Ou não sois? Claro que sim.
Não acham então que os professores se devem preocupar na defesa dos interesses dos vossos filhos? Pois é isso mesmo que eles estão agora a fazer. Por favor, haja mais respeito pelos criadores de todas as profissões que fazem desenvolver um país!
Todas as profissões são dignas. Não apenas os professores!
De acordo. Então tenha-se mais respeito pela profissão de cada um e neste caso concreto, a dos professores, que serão sempre os segundos "pais" das crianças, prontos para tudo!
Pois tenho a certeza que nestes anónimos todos há aqui muitos que são, tb eles, funcionários públicos e que, muitos deles, fazem o seu percurso a lamber as botas aos chefes. É contra isto que os professores hoje se indignam.E eu não soucomunista, sou socialista, mas não aceito a politização que está a ser feita ao ensino e o ambiente de medo que se começa a viver nas escolas, face a atitudes pidescas que este governo tem tido para com os professores que querem manifestar livremente as suas opiniões.Ou não foi exactamente por isto que se fez o 25 de Abril?
Lamber botas aos chefes? O Sr não brinque com coisas sérias! Os senhores professores devem ser avaliados como acontece com toda a gente, no público e no privado. O mal dessa classe é que sempre ganhou bem demais para o que trabalha, e isto é notório, não é má lingua. Muitos dos professores não justificam o que ganham e devem cumprir na sua escola aquilo a queo seu estatuto obriga, não é dar a aulinha e ir a correr para casa ou para o café, porque no final do mês está lá direitinho. A avaliação chega com décadas de atraso!
É tão bom e bonito saber ler e escrever, não é? O professor ou professora que o ensinaram a si a ler e escrever já deveria justificar bem o dinheiro que ganham. Não acha? Esta é a classe mais importante de qualquer país, pois do seu trabalho nascem as futuras gerações. Por isso, mostre algum conhecimento e saiba respeitar devidamente os professores como eles o respeitaram e respeitam a si.
É verdade que houve (penso que a maioria já se reformou) um grupo de professores que não terá ajudado muito à imagem de trabalho e dedicação da classe.Mas isso acontececom todas as classes, dos professores aos médicos, aos func.públicos, aos juízes, aos polícias, aos políticos, não é verdade?Mas sabe, nestas medidas cegas da ministra foi criada tanta injustiça que, em muitos casos o que revolta é ver muitos incompetentes a passar à fernte de quem toda a vida se dedicou.Isto não revolta? Não desmotiva? E depois, os professores deveriam estar nas escolas a trabalhar com os alunos, ajudá-los a resolver as dificuldades que têm nas várias disciplinas. Mas sabe o que estão lá a fazer? preencher papelada, reuniões que não servem para nada, tirar carradas de faltas dos alunos ,trabalho que não serve par nada, pois como sabe são inconsequentes.Aulas? pois, prepare-as em casa,depois de fazer 220km ao fim do dia, de fazer o jantar, dar um beijo às filhas para recuperar forças...lá para as 11 ou 12 da noite.É uma vida feliz, não acha?
È a classe mais importante deste país? Como pode tecer semelhante consideração? Os professores que me ensinaram a ler e escrever tiverem todo o mérito concerteza, no entanto, olhando para trás concluo que não justificam o que ganham, nem as reformas que auferem! Conheço vários professores que, se as greves/manifestações forem à sexta, estão lá batidos, sendo ao sábado já não vão a nenhuma! esses, quanto a mim concordam com as medidas do ministério!
Coitadinhos dos Senhores professores...que sendo as pessoas que ensinam a ler (entenda-se professores primários ou de 1º ciclo)ficam todos sentidos com as críticas que lhes fazem!
Só digo que trabalhem porque para isso lhes pagam e bem!
O resto é conversa da treta!
E não venham dizer que ainda por cima de tudo devíamos estar agradecidos por nos ensinarem a ler.
Prepotência não vos falta à maneira do antigamente!
Só que agora não há a menina dos cinco olhos nem varas de marmeleiro.
Reafirmo: - TRABALHEM e tenham respeito por quem tanto e tanto vos paga!
Os prof's estão a convocar por SMS nova manifestação à porta do comicio do PS no Pavilhão Académico do Porto.
Provavelmente logo à noite a FENPROF vem dizer que nada tem a ver com o assunto.
A acontecer tal manifestação este tipo de gente não merece qualquer tipo de consideração porque parece-me que quer até já busca o confronto e se acontecer fisico tanto melhor.
Professores, ISTO??
Estes professores e "peixeirada" ...vamos bem!
O que vale é que o Partido Comunista nada tem a ver com isto!
Mais que uma realidade, a avaliação é uma necessidade. E urgente, pois da forma como andam as coisas não sei onde vamos parar na educação.
Se for preciso ser radical, seja-se!
Retirem a burocracia aos professores e passem-na para os administrativos. os professores que se concentrem em ensinar e sejam avaliados por isso.
Retirem as regalias e reduções de horários. è uma profissão de desgaste? É! Mas a do metalurgico também é, e nem por isso lhe retiram horas de serviço...
Iria reduzir o número de professores colocados? Certamente, mas obrigava á existência de qualidade, e só os verdadeiros profissionais é que aguentariam...
Há exageros na nova lei, também concordo. Mas que há muito que era necessário um pontapé na inificiencia que se estava a instalar...
Não sou contra os professores (eu também o sou), sou contra o estado miserável em que se colocou a educação. se todos fossem contratados (e não efectivos) e a renovação do contracto dependesse do desempenho estavamos bem melhor...
LA
Deve ser o 1º professor de quem cnsigo ler alguma coisa com que concordo.
parabéns pela honestidade
E eu repito, PARABÉNS pela razoabilidade com que apresenta o seu ponto de vista!
Corretíssimo!
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