15 fevereiro 2005

As cambalhotas do “Freitas”

Temos assistido com algum interesse aos muitos e por vezes hilariantes episódios de mais uma campanha eleitoral.
Um dos casos mais curiosos tem sido o de mais uma cambalhota no percurso político de um conhecido fundador do CDS. Depois de fundar o CDS, hoje CDS/PP, e de ter sido o seu líder incontestável e carismático durante vários anos, afastou-se para concorrer a uma eleição presidencial que perdeu para Mário Soares.
No entanto, anos mais tarde conseguiu ascender ao cargo de Presidente da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Cargo de prestígio internacional, pela primeira vez ocupado por um português.
Após o desempenho deste cargo e não se contentando com isto, figurando-se uma mais que previsível vitória do PSD de Durão Barroso nas eleições de há 3 anos, veio apelar ao voto neste partido apostando numa maioria do Partido Social Democrata para governar. O PSD ganhou. Ele ganhou um cargo de representante do Governo na Assembleia Geral da Caixa Geral de Depósitos.
No entanto, perante um elaborado passo que só os políticos mais experientes e perspicazes alcançam (demissão da Assembleia da República por causa de um governo de maioria estável que pretensamente cria instabilidade política por um sem número de razões sem nenhuma ser determinante, mas sem demitir o próprio governo de 3 meses, para se poder aprovar o seu diploma fundamental e conduzir o país a umas eleições antecipadas que provavelmente levarão a um governo sem maioria absoluta estável que irá governar com base num diploma fundamental que pelos vistos não serve, mas que era imperioso aprovar, …), a personagem central desta crónica, pressentindo uma provável vitória do PS, apressou-se a pedir-lhe emprego político e, mostrando serviço, elaborou um parecer contra a entidade que ele próprio representa apelando em seguida ao voto a uma maioria do Partido Socialista. (Curiosamente, outra personagem já anda a pôr-se em “bicos de pés” querendo regressar ao protagonismo político após o “pântano” em que transformou o país antes da sua “fuga” precipitada e oportunista – não será demasiado cedo para regressar como se nenhuma responsabilidade tivesse no estado em que se encontra o país?).
Esta é a falta de pudor descarada que grassa na política que leva ao descrédito generalizado e, pior, à indiferença universal. Quem não tem qualquer interesse seja económico, seja de qualquer forma de protagonismo, acaba por se afastar. Ou acaba por ser afastado para não ter hipótese de fazer sombra política a alguém.

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