29 novembro 2004

"o ribalonga (2)"

A maior parte das famílias de Ribalonga produz para uso próprio e também para venda directa, sem marca, um excelente vinho generoso. O processo de elaboração começa com a junção, com saber, de “aguardente fina” (é feita a partir do vinho) ao mosto na proporção de 20 litros de mosto para 5 litros de aguardente. Este vinho toma localmente o nome de "tratado". O mosto pisado com homens ganha mais cor e graduação optimizando o envelhecimento e o sabor. Nós preferimos chamar a este vinho generoso, "ribalonga", pois diferencia-se de todos os que conhecemos, distinguindo-se pela sua qualidade.
O “ribalonga” é, pois o resultado desta mistura que repousa em vasilhas apropriadas, de preferência em carvalho. Ao fim do primeiro ano retira-se obrigatoriamente a borra. As análises periódicas na Casa do Douro ou em laboratórios privados origina ao fim de cinco anos um vinho cor de telha, aveludado e de um sabor inconfundível. Se com estes cuidados permanecer mais alguns anos na vasilha chega-se um milagre de sabor digno da mesa dos deuses. É para saborear aos golinhos espaçados, escorregando por todas as papilas gustativas e podem até dar-se estalos de língua com satisfação. O vinho muito velho tem um sabor acre proveniente de um ácido nobre, denominado “vinagrinho”, e é muito apetecido de alguns apreciadores. Atenção se for convidado a provar o “ribalonga” numa adega particular não beba o “cálice” de um trago pois sujeita-se a ser expulso por falta de consideração.
O “ribalonga” novo é um ingrediente fundamental na culinária local, acrescenta tempero às carnes guisadas e segredaram-nos que o “coelhinho” do monte, temperado com o dito e depois frito é uma delícia. É também um bom complemento à salada de frutos e combina de forma excepcional com a meloa. Dizem-nos que há quem faça um pudim de ovos com leite e “tratado” verdadeiramente delicioso.
Com engenho e saber e utilizando também a aguardente vínica, há os que sabem preparar uma excelente “jeropiga” para acompanhar a castanha assada, os figos e os frutos secos que ajudam a aquecer a longa Invernia.

1 comentário:

Eira-Velha disse...

Por falar em "vinagrinho", tenho de ir ver como está o do meu Amigo Ilídio... hummmm!