No JN e em FOCO de 19 de Outubro um dossier sobre as gravuras rupestres de Foz Côa deve fazer reflectir-nos sobre o nosso modelo de desenvolvimento, o aproveitamento de recursos, a atenuação das assimetrias regionais.
A preservação do património ambiental e arqueológico foi consequência do braço de ferro entre os defensores e delatores, o governo da altura ao privilegiar a preservação prometeu o eldorado. Após a descoberta da propalada "mina de ouro", como foi denominado o achado arqueológico, a região nunca mais seria a mesma. Este descobrimento único em termos mundiais atrairia centenas de milhares de visitantes que mudariam radicalmente as gravuras rupestres
Quase dez anos após a problemática da opção entre a barragem ou a manutenção das gravuras e em hora de balanço, apresentam-se alguns dos vocábulos dos textos das peças que espelham a realidade: desilusão, descrença, arrependimento, frustração, morosidade, expectativas goradas, sonhos desfeitos, tristeza... Das centenas de milhares de visitantes quedámo-nos pelos poucos milhares, dos investimentos prometidos entre as quais a jóia da coroa seria o museu de arte paleolítica, passando pelas acessibilidades, pouco ou nada se vê, da previsão de construção de vários edifícios de apoio, entre os quais unidades turísticas, sobrou o polémico edifício do Parque Arqueológico do Côa. Um bom exemplo das promessas feitas ao interior que são rapidamente esquecidas.
As prioridades do investimento da administração central são invariavelmente as mesmas: futebol, litoral e futebol. A revolta não eclode e a coesão nacional só se mantém graças às verbas da CEE, em que algumas migalhas nos cabem e nos entretém em cursos e cursinhos agrícolas e de jardinagem e potenciam os subsídios agrícolas para além dos empregos camarários e a continuidade das reformas aos idosos lhes permite sobreviver tanto a si como a alguns familiares.
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