27 dezembro 2007

Conto do Dia de Natal

Se não escrevesse envergonhado e quase sempre contrariado, muitos dos textos que aqui deixo, teria tido ciúmes da notícia que o Eduardo Pinto escreveu no Jornal de Notícias no dia de Natal (veja aqui).
Na confortável posição de simples leitor o que me ocorre é perguntar-me se não mereceria nesse dia de Paz e Amor, uma outra notícia mais inócua e reconfortante. Falar das misérias da minha terra não deveria ser uma notícia para contar no dia de Natal. Ou então que ao menos fosse contada em tom de chacota (género – conto de Natal), por exemplo no Blog. Talvez se encontrasse um bode expiatório que poupasse as almas mais singelas e puras, de pensar menos na “real causa das coisas”.
Assim “a frio”, confesso que me dispôs mal.
O relatar da desventura dos ciganos que moram no “Bairro do Iraque” levou-me a confrontar a sorte destes com a Daquele que nasceu na manjedoura e que, pelos vistos terá sido favorecido na comparação pois que, para alem do aquecimento proporcionado pelo bafo dos animais, teve ainda a visita dos reis e pastores a prestarem-lhe os devidos cuidados e meios para vingar.
Restará pois aos desgraçados ciganos que moram neste acampamento acreditar num milagre que lhes proporcione as condições de vida que merecerem.
Para os cépticos que pagam impostos, como eu, talvez fosse de requerer que nos poupassem o conhecimento da história. Afinal importa manter-nos motivados para o trabalho. O mesmo é dizer para o contributo que damos para a resolução dos problemas sociais que nos preocupam.
Interessa também finalmente, que a nossa memória seja curta, para que possamos esquecer o desperdício e entender os argumentos do Senhor Presidente da Câmara que, para estes casos não encontra remédios, na área de intervenção social de que é responsável.

HÉLDER CARVALHO

4 comentários:

Anónimo disse...

E se lhe disser há famílias ciganas que têm casa própria, habitam nela quando lhe apetece... porque o que gostam mesmo é do acampamento. E qual não é o meu espanto quando, um destes dias, já frios, ví alguns ciganos acampar junto às finanças ! E tomavam o pequeno almoço à hora certa (quando eu vinha trabalhar)! E, à noite, juntavam os seus amigos e, à volta de uma fogueira, estavam divertidos e, tenho a certeza, estavam felizes !

Anónimo disse...

Nada mais hipócrita e falso do que pretender fazer ataques políticos com base em problemas sociais. O que é o Sr. Prof. Hélder Carvalho já fez pela comunidade cigana? Tudo serve para atacar sempre a mesma pessoa... está para vir uma intervenção do Ilustre Escultor que não mencione, pela negativa, a pessoa de Eugenio de Castro. Não reparou ainda que essa fixação diminui - largamente - o seu já reduzido espaço de credibilidade política?!!!

Anónimo disse...

São raríssimos os ciganos que "escapam" à vivência do acampamento e das consequências daí decorrentes
Aqueles que o conseguem, proporcionam aos seus filhos a educação e os principios da sociedade onde se inserem, ficando incapazes de voltarem a sujeitar-se à falta de educação, de civismo de limpeza, etc..
Isto significa que será pelo princípio de vida que a recuperação terá de ser feita.
E aqui sim, cabe ao dito Presidente e a todos aqueles que fazem parte do staf político, estudar a forma de ajudar.
Não fazer nada como é o caso, é que não é solução!
A C. Municipal paga os seus assistentes sociais e estes devem fazer estudos e propor soluções.
Se o não fazem, então o dito Presidente deve puxar da sua caneta e despachar!
Mandá-los para o cimo do monte não é solução nenhuma, antes pelo contrário!
Dar-lhe apenas dinheiro para esbanjarem também não!
Que é uma problema a ser enfrentado pelo Município, não tenho dúvidas. E o Município tem o rosto do Presidente, quer queiram quer não!

Hélder Rodrigues disse...

Gostaria de felicitar este último anónimo (que pena, não se saber a sua identidade) pela clareza e objectividade que aqui apresenta em relaçãp à problemática cigana local! Entretanto, guardarei para mais tarde (provavelmente) mais alguns comentários em relação ao mesmo tema. De qualquer modo, julgo que o meu livro "CIGANOS: Percursos de Integração e de Reivindicação da Identidade - o exemplo paradigmático dos Ciganos de Carrazeda de Ansiães" (2006) poderia contribuir para alguns esclarecimentos às entidades competentes e interessadas em resolver ou, pelo menos, minimizar a miséria destes cidadãos portugueses que têm a mesmíssima igualdade de direitos de que usufrui o grupo maioritário (não-ciganos). Em relação a este livro, é ainda justo realçar que os serviços culturais da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães (e outras câmaras do distrito e fora dele) se dignaram adquirir vários exemplares que poderão ser consultados ou requisitados na respectiva Biblioteca Municipal.
Aproveito a oportunidade para desejar a todos os participantes (sem excepção) dos blogues de Carrazeda, votos de um Ano Novo
(2008) próspero e feliz.

h. r.