05 março 2015

Bordel de fantasmas: Helder Carvalho

 Este título criativo ajuda a chamar à atenção.
O que eu quero é manifestar-me sobre as mais recentes demonstrações culturais que a nossa autarquia vai promovendo e aproveitar para lhes mostrar o meu incondicional apoio. Assisti no Carnaval ao exuberante cortejo carnavalesco e devo dizer que gostei muito. Uma palavra especial para quem coordenou e implementou o concurso que deu origem ao desfile. Pareceu-me que também o povo rejubilou a olhar para a numerosa assistência. Agora dizem-me que a autarquia vai disponibilizar gratuitamente uma sessão de cinema contemporâneo criteriosamente seleccionado pelo respectivo pelouro. O filme “Cinquenta sombras de Grey”, dizem-me que trata do tema atualíssimo das taras sexuais, que naturalmente dará origem à sequente palestra moderada pelos sociólogos ao serviço na autarquia. Tudo indica que terá sido também pela persistente vontade e querer do povo que tal desiderato se atinge. Finalmente começo a ver surgir na minha terra a predisposição da autarquia para proporcionar igualdade de meios de oportunidades aos seus cidadãos, para que possam cultivar-se também por aqui. Evidentemente que se não for possível trazer ópera ou ballet a Carrazeda não vejo porque não se patrocinem excursões a Lisboa, com esse fim. Para se assistir ao espectáculo de Júlio Iglesias ou da Ana Moura só patrocinando a ida ao grande centro. No limite talvez houvesse gente motivada para ter-mos ido em conjunto à Feira de Arte de Madrid. A próxima é em Paris onde todos temos também muitos amigos e, conterrâneos emigrantes para visitar. Espera-se portanto o aval do pelouro que avalia a qualidade dos eventos e espectáculos que acontecem por todo o lado. A esse pelouro eu tomava a liberdade de lhes fazer um pedido pungente.É que há eventos no concelho que poderiam exigir também algum trabalho que motivasse os nossos concidadãos a participar. Refiro-me por exemplo a vê-los assistir e intervir nas reuniões de Assembleia e de Junta de Freguesia; vê-los a frequentar, os museus, as bibliotecas e exposições; vê-los a participar com opiniões em discussões e encontros, que se vão organizando sobre causas que nos dizem respeito; vê-los a assistir a cerimónias solenes. E se há dinheiro, não acho mal que se destine a patrocinar também a entrada nestas participações.
E para tentar relacionar o título com o texto, podemos sempre sugerir que a visita a um bordel pode ter o seu “quê” de pedagógica, portanto passível de ser patrocinada.

HELDER CARVALHO

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