A proposta de criação do Parque Natural da Região do Vale do
Tua (PNRVT) entrou em fase de discussão pública com aviso
no DR e com a apresentação de cinco documentos:
A – caracterização; B – diagnóstico; C – limites; D – modelo
de gestão, E – plano de investimentos.
No caderno A é feita uma caracterização geológica, ecológica,
do património cultural e socioeconómica; incluindo também um conjunto de
figuras, gráficos, quadros e anexos bastante exaustivo.
No caderno B é elaborado o diagnóstico integrado e a
definição dos objetivos pretendendo definir “metas genéricas que deverão ser
atingidas num horizonte temporal de médio ou longo prazo”, com objetivos
estratégicos que passam pela conservação da natureza e biodiversidade, a conservação
do património histórico e cultura, o ordenamento e Gestão do Território, as atividades
económicas e a educação e investigação.
No âmbito do turismo pretende-se potenciar: O turismo de
natureza com o “aproveitamento dos principais cursos e planos de água para a
atividades turísticas e de lazer” com o “investimento na qualificação das
praias e águas balneares e na construção de infraestruturas de apoio ao recreio
náutico”; “potenciar a utilização da água para a prática de atividades
desportivas” (…) O enoturismo potenciando a “Rota do Vinho do Porto que
articula, em rede, 83 estabelecimentos relacionados direta ou indiretamente com
a produção de vinho do Porto”, para desempenhar “um papel importante na
captação de turistas para o vale do Tua, uma vez que todos os concelhos que o constituem
estão integrados nesta Rota”. O termalismo não esquece as caldas de São
Lourenço que são alvo de aproveitamento para balneoterapia em estado
experimental. (As suas águas ainda não foram reconhecidas, sob o ponto de vista
administrativo, como recurso hidromineral. Os estudos médico-hidrológicos, a
decorrer desde Junho de 2012, têm como finalidade validar as vocações
terapêuticas das águas, em particular para doenças reumáticas,
músculo-esqueléticas e do aparelho respiratório, promovendo a reativação da
estância termal.” Não se esquece também o turismo cinegético e a pesca.
No âmbito da agricultura e produtos naturais estão
sinalizados “25 produtos de qualidade registados com Denominação de Origem
Protegida ou com Indicação Geográfica e que incluem: azeite, carne, sustentável
da Região Duriense” frutos, hortícolas, mel, queijo, salsicharia e vinho. Estão
ainda em análise, pela Comissão Europeia, quatro outros produtos, relativos a
carne e salsicharia.”
No que respeita à conservação do património histórico e
cultural propõe-se “a classificação de bens culturais imóveis e a definição ou redefinição
de zonas especiais de proteção; colaborar no levantamento sistemático do estado
de conservação dos imóveis com valor patrimonial; realizar projetos de recuperação
e valorização do património, valorizar os elementos patrimoniais no âmbito da
diversificação e qualificação do turismo.”
No caderno C apresenta-se a proposta de delimitação do
Parque Natural Regional do Vale do Tua.
O caderno D reporta ao modelo de gestão com a pretensão de “entregar
a responsabilidade do exercício de tarefas de gestão e conservação ativa e de
suporte da área protegida mencionada no ponto anterior à Agência de Desenvolvimento
Regional do Vale do Tua – Associação ADRVT. (…) “Pretende-se que o mesmo venha
a integrar a Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP), pelo que, posteriormente
à classificação como área protegida se prevê uma solicitação nesse sentido à
Autoridade Nacional, o ICNF.”
O financiamento que decorre da Declaração de Impacte
Ambiental do AHFT consigna a obrigação da EDP de e 3% do valor líquido anual de
produção do empreendimento. Cerca de três quartos dos fundos devidos ao Fundo
de Diversidade, serão canalizados para a região, nomeadamente através da
criação do PNRVT, e numa base anual durante todo o período de concessão do
referido aproveitamento, até 2090. Destes, 50% para despesas de gestão e
conservação e 25% para investimentos em conservação da natureza e da
biodiversidade na região. Na fase de arranque (2013), terão disponibilidades
financeiras na ordem de 627.000 €.
A estrutura de gestão do PNRVT será constituída por: um Diretor
e um Técnico Superior. Esta estrutura contará com o apoio de um Técnico
Administrativo da Associação de desenvolvimento e cinco Técnicos, um por cada
Município para apoio às ações de fiscalização. O conselho consultivo será
constituído por vários organismos, entre os quais as câmaras municipais e Juntas
de freguesia da área do PNRVT, consideradas em cinco conjuntos, um conjunto por
cada município, e em sistema rotativo, com mandato de um ano.
Na fase de “arranque” (2013) o custo estimado para a criação
e gestão do PNRVT é aproximadamente 144.000 €, sendo que nos anos seguintes,
até 2024, situar-se-á entre os 80.000 € e os 90.000 € por ano.
O caderno dos investimentos resumidamente é este:
Alguns reparos, entre outros:
·
Não cumpre o acordo ortográfico, como todos os
documentos oficiais o devem fazer desde 1 de Janeiro de 2012.
·
A proporção da disponibilização de verbas para a
gestão e conservação e o investimento parece-me bastante díspar, com claro
prejuízo do investimento.
·
O estudo valoriza a utilização das pedreiras.
“Num total de 18 pedreiras na área de interesse, 10 estão localizadas no
concelho de Carrazeda de Ansiães, 5 no concelho de Mirandela, 2 em Vila Flor e
1 em Murça.” Nada refere sobre as taxas que deveriam reverter para os município
nem nos cuidados ambientais a ter na sua exploração.
·
Não é referida os moldes como a contratação do
diretor e do técnico superior será realizada e se obedecerá a um concurso
público.
·
Parece-me haver diversas omissões na
caraterização da região no que se refere a recursos-hidrogeológicos, ao chasco-
negro, apenas detetado numa estreita faixa de habitat favorável (sobretudo
vinhas tradicionais em socalcos) junto à foz do Tua, quando existe em outros
locais da região; o abelharuco diz-se pouco comum e só na fase de migração
outonal, quando há centenas deles voando sobre as vinhas e á cata das abelhas
no período do verão…
· . Pouco refere sobre a utilização da linha do Tua e
a navegabilidade do rio…
Uma proposta que merece uma leitura atenta para uma
discussão global.
2 comentários:
Gostar ou não gostar, eis a questão que deve ser considerada ultrapassada!
Agora sim, passa a ser um desafio interessante, também para as Juntas de Freguesia! Veremos que Juntas de Freguesia(Pessoas ali vão estar)para mal dos pecados dos Presidentes de Câmara Municipal!
Alô Pombal!
Só Pombal?
E então a União das de Ribalonga/Castanheiro, Pinhal do Norte e Pereiros, sem contar com S. Mamede, Amieiro, Franzilhal, Carlão, Sobreira, Abreiro?
Se os Municípios continuarem como até aqui, tratando as freguesias como "verbos de encher", então estaremos conversados, mas pelo andar da carruagem, talvez a coisa não seja para brincarem aos "analfabetos"!
E ainda bem, digo eu!
Enviar um comentário