Excelência
Acabei de ler as suas
declarações proferidas no dia 10 de Junho (dia de Portugal, de Camões, das
Comunidades Portuguesas… do que lhe queiram chamar).
Peço desculpa por não o ter
visto ou ouvido em direto mas, como Vossa Excelência deve entender, depois dos
seus últimos atos para comigo (e para com muitos outros dos que discordam de
si) não tenho muita vontade de o ver ou ouvir.
De acordo com o que li, o
Senhor disse que “NÃO HÁ RISCOS ASSOCIADOS A UMA FRAGMENTAÇÂO SOCIAL”.
Meu Caro Presidente,
Lamento informá-lo mas ESTÁ
ENGANADO, quiçá mal informado, mal assessorado ou, simplesmente, mal
acompanhado.
Convido-o a LEVANTAR-SE DA
SUA CADEIRA PRESIDENCIAL e a fazer uma visita ao “País Real”.
Como estamos em época de
contenção de custos, proponho-lhe, desde já, uma viagem simples (menos de 20
euros por cada pessoa que queira levar na sua comitiva), recorrendo aos “bons”
serviços da Carris e aos “excelentes” serviços do Metropolitano de Lisboa.
Repito: CONVIDO-O A
LEVANTAR-SE DA SUA CADEIRA PRESIDENCIAL e a fazer uma visita ao País que temos.
Uma visita simples:
- Saia do seu Palácio Cor de
Rosa, ao princípio da manhã, e apanhe um autocarro, aí mesmo, em Belém, com
destino ao Areeiro;
- Ali chegado, meta-se no
Metro e saia na Estação dos Anjos (ali mesmo, na Av. Almirante Reis), ao meio
da manhã, para ver a fila de esfomeados (e são PESSOAS!) que ali se junta (a
ali se aguenta um par de horas) para receber uma REFEIÇÃO GRATUITA, qual “Sopa
do Sidónio”;
- Meta-se de novo no Metro,
escolha uma qualquer direção e saia num dos grandes Centros Comerciais de
Lisboa e vá almoçar;
- Observe as pessoas que
deambulam nas zonas de alimentação à espera que os outros se levantem das mesas
para, de forma rápida, se sentarem para COMER OS RESTOS DEIXADOS NOS PRATOS (e
repare, repare bem, são PESSOAS que ainda se conseguem “apresentar” de forma
suficientemente “bem” para escaparem à sanha dos seguranças);
- Apanhe novamente o Metro,
um Autocarro (ou uma combinação dos dois) e vá até junto do Tejo; passeie à
tarde, a pé, do Terreiro do Paço até ao Cais do Sodré e observe;
OBSERVE as pessoas que
disputam com os Pombos e as Gaivotas as dádivas de comida, para espanto (e
fotografia) dos turistas que nos visitam;
- Apanhe, de novo, o Metro (ou
o Autocarro, ou os dois) e vá jantar a outro dos grandes Centros Comerciais da
cidade e observe;
OBSERVE que se repete a cena
do almoço (e olhe bem, são PESSOAS!);
- Não demore muito a jantar;
apanhe a linha vermelha do Metro e saia nas Olaias por volta das 21:30 horas.
Veja o aglomerado de pessoas (e são PESSOAS, Senhor Presidente!) que esperam
ansiosamente a colocação, no exterior, dos caixotes do lixo dos supermercados
para, cuidadosamente, tentar encontrar “coisas” que se possam comer;
- Já que está por ali, entre
de novo na linha vermelha e vá até à Gare do Oriente, um dos símbolos
indiscutíveis do Portugal Moderno; sente-se no muro junto à PSP e observe;
OBSERVE as pessoas (e são
PESSOAS, Senhor Presidente, muitas pessoas!) que naqueles muros frios encontram
a única cama que lhes resta para passar a noite;
Repito: CONVIDO-O A
LEVANTAR-SE DA SUA CADEIRA PRESIDENCIAL e a fazer uma visita ao “País Real”.
Bem sei que o Senhor acha
que eu sou pouco inteligente e que pertenço ao grupo de pessoas que,
erradamente (as palavras são suas), escrevem contra o quase OÁSIS em que
vivemos.
Mas, por uma vez, aceite um
conselho meu:
- LEVANTE-SE DA SUA CADEIRA
PRESIDENCIAL e vá sentir a VERDADE!
Se, por dificuldades orçamentais,
esta visita não planeada não tiver autorização de verbas, ofereço-me, aqui,
publicamente, para a custear.
Eu sei (reconheço-lhe isso)
que o Senhor é superiormente inteligente.
Muito mais que eu.
Mas, se é assim inteligente,
é IMPOSSIVEL não ser observador.
- LEVANTE-SE, POIS, DA SUA
CADEIRA PRESIDENCIAL E OBSERVE!
Meu Caro Presidente,
Excelência,
Se depois desta visita (que
graciosamente lhe desenhei) continuar a achar que NÃO HÁ RISCOS associados a
FRAGMENTAÇÃO SOCIAL, então o caso é muito mais sério do que aparenta!
Sério e GRAVE!
Despeço-me, respeitosamente,
aproveitando para lhe deixar um último conselho (meu e de todos os que ainda
temos uma réstea de humanidade):
- Aproveite o facto de se
ter LEVANTADO DA SUA CADEIRA PRESIDENCIAL e
… VÁ-SE EMBORA!
Um eleitor “ingrato”.
Em tempo:
Este escrito pretende ser
uma “Carta Aberta” (ficcionada) a um qualquer Presidente (de ficção) de um
qualquer País (ficcionável).
CF
15 comentários:
caro CF
só espero que os juízes ficcionáveis de um país ficcionável com um presidente ficcionável não o condenem a 200 dias de multa, a uma razão de seis euros e meio por dia, o que perfaz 1300 euros
mas se assim for .. vamos os dois .. concordo inteiramente consigo
cump
mario carvalho
http://www.publico.pt/politica/noticia/multado-em-1300-euros-por-mandar-cavaco-trabalhar-1597190
Verdadeiro,acutilante,mordaz.
Gosto muito desta sua faceta.
Só não sei como tudo isto se resolve.
JLM
Com os 1300 euros que ele fez pagar ao tipo de Elvas por o mandarem trabalhar, a "caveira", perdão, o "senhor silva", mais conhecido por cavaco, tem dinheiro de sobra para levantar o cu da cadeira e dar uma volta (apenas) por Lisboa! Por outro lado, a tutelar Maria que sempre o acompanha para todo o lado (não vá o aníbal perder-se...) sempre poderá arranjar uns trocos da sua caridadezinha praticada nas missas por onde costuma passear o rabo, e ajudar nesse périplo (tão bem) indicado por C.F.... Mas não, meus caros, o casalinho prefere passar os dias, refugiado da sociedade, a mandar na criadagem e a tratar das flores e dos passarinhos pelos belos jardins de S. Bento... Helas, meu caro C.F., mas devo reconhecer que foi uma portentosa tentativa!...
HR
Parabéns por mais este texto, CF. Há muitos anos que venho escrevendo esta insensibildade dos políticos às dificuldades e ao verdadeiro modo de vida do país real, anónimo, besta de carga de todos os oportunismos políticos. O Sr. Silva é apenas mais um tecnocrata que, após duas eleições seguidas, não compreendeu minimamente que o povo não joga ma bolsa, não vive dos mercados nem dos golpes de habilidade, não vive acima das possibilidsades do país, mas, pelo contrário, vive muitos degraus abaixo da escala que deveria ser o padrão de justiça duma sociedade decente. Os amigos do Sr. Silva não estão certamente nos bancos da zona ribeirinha nem nas filas do desemprego. Passeiam-se tranquilamente por paraísos fiscais e hoteis de luxo, enquanto o povo paga com os seus impostos, cortes de salários e de pensões ou despedimentos colectivos os arranjinhos que conduziram o país ao descalabro social. É preciso denunciar, todos os dias, em todas as ocasiões, esta falta de vergonha e de decência. E não será uma eventual queixinha por alegado desrespeito que nos fará calar.
Somos muitos, seremos cada vez mais a exigir que esta choldra faça o que deve fazer: ir-se embora!
Vamos supor que o sr.Silva era humano,mostrava um especial apreço por quem sofre.Granjeava mais consideração, é certo. Mas modificava alguma coisa da situação presente?É certo que podia ter uma acção mais pressionante sobre o governo.Será que assim evitaria o descalabro da economia e o desemprego acabaria? Mesmo Cristo,que tinha poderes para isso e era bom,não terminou com a lepra mas limitou-se a curar um leproso.Nós gostamos de bons sentimentos mas o que é necessário é a solução dos problemas. E isso conseguir-se-á,no contexto actual, sem uma intervenção financeira do BCE? Afinal, talvez uma operação meramente contabilística ou de engenharia financeira,eticamente neutra,possa resolver muito mais as nossas necessidades que os bons sentimentos do senhor de Boliqueime.
JLM
Meu caro JLM:
Acontece que o Sr. Silva, para além de ter sido primeiro-ministro deste país durante uns bons anos, é Presidente da República há sete anos. Não se trata de lhe exigir bons sentimentos. Costuma-se dizer que um político não tem "estados de alma". O que se lhe exige é que conheça o povo que representa e o país do qual é um órgão de soberania com muitas competências. O que se lhe exige é o exercício da sua "magistratura de influência" para promover a estabilidade e o bem-estar do país, o regular funcionamento das instituições e o equilíbrio dos diferentes poderes. E é nisso que ele tem falhado sistematicamente.
Já escrevi publicamente que o fato de Presidente é demasiado largo para a sua estatura. Dou-lhe dois ou três exemplos:
-as infelizes declarações públicas sobre os seus alegados parcos rendimentos, agravadas pelo facto de ter omitido o essencial;
-O envolvimento com gente pouco recomendável, que saqueou este país e obrigou o povo a pagar os dislates. Esse envolvimento foi suficiente para lhe chamuscar o rabo, e não se livra da suspeita de concluio "habilidoso" para a compra e venda (com excelentes mais-valias) de acções do BPN para ele e membros da família.
- As intrigas que o seu gabinete fomentou contra o governo anterior;
-A incapacidade para travar a corrupção (não me venham dizer que não tem competências para isso) Bastaria um aviso da sua parte ao governo ou o uso da palavra no momento certo e ter-se-ia evitado o escândalo do BPN, o roubo da EDP ao país e outros negócios pouco limpos.
Talvez não resolvesse os problemas do país, mas podia evitar que se agravassem e que continuasse a bandalheira do desgoverno.
Cordiais cumprimentos.
ASSIM É QUE É FALAR, caro Dr.Fernando Gouveia!
O sr. Silva continua a enterrar o país, segurando e manobrando nas pontas dos dedos os fios com que prende as "marionetas", que assim vão dançando grotescamente à laia de quem (des)governa...
A minha única esperança reside no resultado das eleições da Alemanha, lá para setembro. Se a Mer(da)kel desaparecer do mapa, e conjugando os resultados previsivelmente "favoráveis" das futuras legislativas em Portugal, Espanha, Grécia, Turquia e outras (a juntar à esquerda em França e com a Itália a "endireitar-se nos carris"), pode ser que a Europa se transforme e deite o lixo neoliberal para as calendas...
A ver vamos...
Um abraço solidário para todos os descontentes!...
Helder Rodrigues
Acabei de receber de um amigo a carta aberta aqui colocada pelo CF. Esse facto veio colocar-me esta dúvida, que, relendo o texto publicado neste blogue, não consigo aclarar e, por conseguinte, peço ao CF que esclareça: O texto foi escrito por si, como eu pensei, ou limitou-se a colocá~lo no blogue? Obrigado!
Meu Caro FG
Na verdade o texto (integral) não foi escrito por mim.
Como o achei interessane, limitei-me a adaptá-lo.
Razão pela qual não o assinei.
Esperava a reação ao mesmo para esclarecimento final.
Daí a ser uma carta aberta ficcional.
As minhas desculpas por qualquer má interpretação mas, "o seu a seu dono".
Carta Aberta - “O Seu a Seu Dono”
Nunca foi minha intenção fazer passar por MEU o escrito em causa.
Peço o favor de não me considerarem tão “burro”.
Alguém acredita que colocaria no blogue (como meu) um texto que corria livremente pela internet?
Por favor… nem a um louco isso passaria pela cabeça!
Ao transcrevê-lo (com ligeiras alterações, confesso) pretendia, tão só, provocar as reações que teve (e já esperadas por mim).
No final, faria um paralelo entre os que geralmente escrevem nesse blogue e o que pode escrever (e bem) um qualquer “estranho” (anónimo) para todos nós.
Mais pretendia fazer prova que um texto (supostamente) escrito por qualquer um de nós talvez não tivesse o mesmo impacto se se soubesse “recolhido” (anonimamente) da internet.
Afinal, a minha “prova” está feita… nenhum dos leitores do blogue “desconfiou”.
E era só conferir…
Ao longo de todos estes meses nenhum escrito MEU fez referência a “ficção” e muito menos deixou de ser assinado.
Não sendo uma "defesa"... é uma explicaçção.
Cumprimentos
CF
Obrigado, CF. Leitura apressada da minha parte. Está mais que explicado.
Cumprimentos
Caro CF: Bem que eu achei um pouco estranho o "seu" texto. Formalmente, era seu.Substancialmente, nem por isso.
Agora, achava engraçado que fizesse as apreciações às nossas reacções, para o seu exercício ficar completo.
Avance.
JLM
Para que o tímido, desajeitado e provinciano Sr. Silva não tivesse chegado à Presidência era preciso que tivesse aparecido um opositor que lhe pudesse fazer frente.Ora, isso não aconteceu nem da primeira nem da segunda vez.De que se queixam? Para ganhar, é preciso apresentar alternativa que possa ganhar.
Quanto a desonestidade, acho que há piores, embora muitos se tenham governado à sua sombra.
Já repararam que muitos dos desonestos têm uma origem semelhante à nossa?
Nunca tiveram nada e depois querem ter tudo.Também é certo que só com muito dinheiro uma pessoa pode frequentar certos meios como os da Quinta da Marinha e hotéis da linha de Cascais.
Cavaco Silva é um dos nossos,da província e de origem humilde.
Como ele,todos nós temos que aprender a ser diferentes.
E digo mais: foi graças a ele que se formou no Estado uma classe média(nos funcionários)com algum dinheirito: professores,conservadores,juízes e outros.
A ele devo ter levado os últimos 20 anos com um razoável desafogo.
A ele se deve, segundo Cadilhe,seu colaborador, a origem do monstro.
Agora, vamos mas é ver como tudo isto se desembrulha e como nós todos nos safamos.
Cavaco não é assim uma peça muito importante.Todos nós é que não temos sabido arranjar melhor.
JLM
Pela coragem e objectividade, (para não mencionar conhecimentos e inteligencia) que tem demonstrado nas suas opiniões nem me preocupei com esses pormenores....afinal apercebo-me agora que me solidarizei e apoiei um anónimo qualquer .. que representa a grande maioria dos anónimos deste "protectorado"...
Mas continuo apoiá-lo sempre e sou vountário para servir de cobaia nos seus ensaios ou trabalhos sobre o comportamento humano
cump
mario carvalho
ps . a brincar ou a sério .. eu quando cito alguém ,,.. escrevo
citação ou identifico a fonte
Meu Caro MC
Obrigado pelo seu "voluntarismo".
A sua posição (identificar, sempre, a fonte) é a mais lógica.
No entanto, no caso vertente, a identificação da fonte cortaria o fim que pretendia atingir:
- Quantos de nós, psicologicamente, apoiariam um "anónimo"?
O resultado do meu "exercício" aí está;
- Damos mais valor ao que nos é conhecido.
Peço desculpa pela "fraude"... mas o exercicio do conhecimento da mente humana é o meu fascínio... está-me no "sangue".
Cumprimentos
CF
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