16 julho 2012

Ipsis Verbis: o interior - à bomba

"Imagine uma situação de cerco a um país hostil. Que métodos usar? Desde logo limitar a circulação nas estradas. Colocar portagens caras é uma forma de o fazer. Depois, retirar serviços de saúde de proximidade. Fechar escolas.
Em simultâneo, extinguir ligações ferroviárias sem cuidar de alternativas. Cortar na segurança pública, deixando a terra à mercê do vandalismo mais fácil - contra os velhos. Por fim, afastar os tribunais até um ponto onde economicamente se torne impossível usá-los. Pois, já está. Declaramos guerra ao Interior há muito tempo. O fecho dos tribunais é apenas mais uma bomba neste processo de destruição civilizacional.
(...)

 Um dia a Europa far-nos-á o mesmo se não afirmarmos os nossos direitos. Para se compreender melhor: e, se daqui a uns anos, Bruxelas nos tirasse o Supremo Tribunal de Lisboa, porque é obviamente mais barato extingui-lo e decidir tudo num Tribunal Europeu? Nessa altura era a soberania nacional em causa... E agora não é?"

Daniel Deusdado - Aqui

6 comentários:

mario carvalho disse...

infelizmente .. ninguém comenta nada.. a bomba mete medo e mais vale não ver , não ouvir, não falar..

só dizer mal de surdina..

MARIO CARVALHO

..........

é um fenómeno curioso:
o país ergue-se indignado,moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disso...
Falta-lhe o romantismo cívico da agressão.

Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados..............

MIGUEL TORGA

Anónimo disse...

E no entanto o nosso zé povinho continuará a votar no partido da chaminé... já se sabe, quanto maior for a ignorância, maior é o trambolhão...
Z

Anónimo disse...

quanto aos outros, os que não votam nem na chaminé nem no punho, porque são farinha do mesmo saco, resta-lhes a indignação e a descrença nesta dita democracia que só existe para servir os partidos e os grupos de interesses do poder.Também, governados por xico espertos armados em doutores, não podemos ir longe.E depois têm a lata de impor aos outros de exigência, rigor e competência.Governados por garotos: Sócrates e Passos, irmãos gémeos, separados à nascença...Este país está aficar irrespirável!

Anónimo disse...

Há quem entenda que todos os males se devem à ruindade dos outros. Buscar causas será sempre procurar os malfeitores. Nada se deve a inépcia nossa ou ao curso normal ou quase inevitável das coisas.

Anónimo disse...

O SR. Z AINDA ACREDITA EM PARTIDOS...

OS OUTROS SAO MELHORES???
NAO VE QUE JA SE EXPERIMENTOU DE TUDO

E O NOSSO PAIS BATEU NO FUNDO...

ASS. ATE OS INDEPENDENTES SAO VICIADOS...

mario carvalho disse...

O conhecimento do 'dr.' Relvas
por Alberto Gonçalves
15 Julho 2012

Após ler alguns comentários à minha crónica da semana passada, percebi os argumentos dos que em tempos defendiam a rectidão da licenciatura de José Sócrates e agora acham a licenciatura de Miguel Relvas um escândalo. Segundo parece, ambos os casos são (preparem-se) "incomparáveis".

E são incomparáveis porquê? Uma corrente de pensamento limita-se a dizer: porque sim, leia-se porque gostam do "eng." Sócrates e não gostam do "dr." Relvas, ou porque gostam do PS e não gostam do PSD, ou, no fundo, apenas porque sim. Uma segunda corrente, mais sofisticada, elabora um bocadinho e explica que o "eng." Sócrates concluiu a maior parte das disciplinas do seu curso, enquanto o "dr." Relvas não terá concluído quase nenhuma.

Assim apresentada, a tese faz certo sentido, sobretudo se, a título de exemplo e a pretexto de galhofa, lhe acrescentarmos as equivalências académicas que o "dr." Relvas obteve após dirigir uma agremiação folclórica (na acepção literal: não se trata do PSD) e se, para evitar complicações, lhe subtrairmos o facto de que, ao que corre por aí, uma determinada quantidade das disciplinas que o "eng." Sócrates tão brilhantemente realizou não existirem à data da passagem dele por elas.

Mas se não formos fanáticos das luminárias citadas e não ganharmos em fugir da questão, a questão é: há favorecimentos aceitáveis e favorecimentos inaceitáveis? Ou: duas trapaças com objectivos idênticos devem suscitar juízos de valor distintos? Ou ainda: em que medida é que um mentiroso num cargo de poder é preferível a outro mentiroso num cargo de poder?

Dito isto, e tal como o caso Relvas não legitima o "eng." Sócrates, o caso Sócrates não serve para desculpar o "dr." Relvas. É evidente que metade das poucas-vergonhas com que semanalmente o "dr." Relvas nos brinda bastaria para que pedisse a demissão. É evidente que a lealdade do primeiro-ministro ao homem que lhe entregou o cargo condena o Governo ao ridículo e ao descrédito. É evidente que um Governo reduzido a tema de anedotas constitui a última coisa de que um país falido e dependente carece. É evidente que os portugueses dispensam a sede de conhecimento do "dr." Relvas, visto que, até pelos precedentes do género, já o conhecem de sobra