17 julho 2012

As feiras de Carrazeda IV


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As feiras foram resultado da circulação de almocreves. Esta foi também um recurso a que os senhores, os concelhos e o rei aproveitaram para ganhar dividendos. Os almocreves tinham os seus produtos acrescidos de várias taxas como as portagens, as peagens, a dízima e a siza agravando o preço que em última análise era o comprador que pagava. Por outro lado, os locais de feira gozavam da chamada “paz de feira” que consistia numa apertada vigilância da entidade municipal ou do senhor do lugar para dissuadir vinganças e disputas. Apesar dos impostos, o desenvolvimento do comércio ambulante obrigou a estabelecer locais fixos para a prática do comércio. Esses locais foram crescendo de importância quer pela periodicidade do evento, quer pela concentração de muitos forasteiros.

A interatividade de pessoas, notícias e pensamentos contribui para o desenvolvimento local e a também a difusão da identidade nacional. Porém, a dificuldade da circulação por falta de estradas, caminhos e pontes limitou o intercâmbio, que só teria expressão depois da revolução liberal com a política das obras públicas e, particularmente, o desenvolvimento do caminho-de-ferro.

A fundação de uma feira era sempre prerrogativa do poder real, que desta forma outorgava privilégios a quem achava que os merecia ou para prestigiar determinado local por interesse seu ou do país. Embora tenham nascido antes, é a partir de meados do século XIII que elas se generalizam e desenvolvem. 

D. Afonso III concedeu a primeira carta de feira a Ansiães em 16 de abril 1 277: “uma feira de um dia em cada mês, no meio do mesmo”. O estabelecimento de feira é dos mais antigos de Trás-os-Montes precedido apenas por Bragança em 1 272 o que demonstra a sua importância na época. Esta não era uma feira franca, pois quer os vendedores locais, quer os de fora tinham de pagar portagem e todos os outros direitos reais. Mais tarde D. João I cessou o pagamento de taxas pelos méritos que os de Ansiães tiveram no apoio à causa do Mestre de Avis. Em 1497, D. Manuel I, a pedido dos moradores da vila confirma o franqueamento da mesma.

A de Carrazeda chegaria muito mais tarde...
(continua)

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