(...)
As feiras foram resultado da circulação de almocreves. Esta foi
também um recurso a que os senhores, os concelhos e o rei aproveitaram para
ganhar dividendos. Os almocreves tinham os seus produtos acrescidos de várias taxas
como as portagens, as peagens, a dízima e
a siza agravando o preço que em última análise era o comprador que pagava. Por
outro lado, os locais de feira gozavam da chamada “paz de feira” que consistia
numa apertada vigilância da entidade municipal ou do senhor do lugar para
dissuadir vinganças e disputas. Apesar dos impostos, o desenvolvimento do
comércio ambulante obrigou a estabelecer locais fixos para a prática do
comércio. Esses locais foram crescendo de importância quer pela periodicidade
do evento, quer pela concentração de muitos forasteiros.
A interatividade de pessoas, notícias e pensamentos
contribui para o desenvolvimento local e a também a difusão da identidade
nacional. Porém, a dificuldade da circulação por falta de estradas, caminhos e
pontes limitou o intercâmbio, que só teria expressão depois da revolução
liberal com a política das obras públicas e, particularmente, o desenvolvimento
do caminho-de-ferro.
A fundação de uma feira era sempre prerrogativa do poder
real, que desta forma outorgava privilégios a quem achava que os merecia ou
para prestigiar determinado local por interesse seu ou do país. Embora tenham nascido antes, é a partir de meados do século
XIII que elas se generalizam e desenvolvem.
D. Afonso III concedeu a primeira carta
de feira a Ansiães em 16 de abril 1 277: “uma feira de um dia em cada mês, no
meio do mesmo”. O estabelecimento de feira é dos mais antigos de Trás-os-Montes
precedido apenas por Bragança em 1 272 o que demonstra a sua importância na
época. Esta não era uma feira franca, pois quer os vendedores locais, quer os
de fora tinham de pagar portagem e todos os outros direitos reais. Mais tarde
D. João I cessou o pagamento de taxas pelos méritos que os de Ansiães tiveram
no apoio à causa do Mestre de Avis. Em 1497, D. Manuel I, a pedido dos
moradores da vila confirma o franqueamento da mesma.
A de Carrazeda chegaria muito mais tarde...
(continua)
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