21 julho 2005

Quem foi PAULO QUINTELA?

Nasceu em Bragança a 24 de Dezembro de 1905. È filho do pedreiro Agostinho Paulino P. Quintela e da padeira Abília do Carmo V. Granjo.
Frequentou a Escola Primária, e o Liceu.
Matricula-se em Coimbra na Faculdade de Letras onde tira o Curso de Filologia Germânica. Prestou provas de Doutoramento e foi classificado com 19 valores. Torna-se especialista em estudos germânicos e em Filosofia Moderna. Torna-se um estudioso da obra de Gil Vicente tendo por tal facto, dado um grande contributo para a renovação do teatro vicentino.

“Homem de corpo inteiro - disse. E é essa imagem que se nos impõe: a de uma figura integra, cuja dignidade e coragem não sofrem mácula e ao longo dos anos tem mantido sempre viva e inalterável a sua posição de cidadão, docente e intelectual, servindo o povo português e uma cultura verdadeiramente portuguesa, pugnando pelos valores mais altos da liberdade e da justiça”.
“ A bibliografia de Paulo Quintela inclui mais de seis dezenas de títulos, não contando É com colaborações dispersas em várias publicações…”. de sua direcção a colecção de textos dramáticos”O Grande Teatro do Mundo”.

Da biografia de Paulo Quintela realizada por Cristóvão de Aguiar retiro este estrato:
-“… Encaminhei a conversa para Bragança, a espicaçá-lo. Então assisti ao desfazer da meada do tempo, e o velho mestre falou. Falou das dificuldades e amargos de boca por que passaram os pais – ele artífice da pedra; ela (a sua sombra), cuidando da lida da casa e cozendo pão para fora – , por via de poderem encaminhar dez filhos ( “chegámos a ser doze à mesa”) nas veredas do mundo. E muito boa conta deram do recado. Só que em questões de educação o pai era severo e rijo. Podia sê-lo, outros eram os tempos. E sempre que algum dos filhos lhe saía do rego traçado, que tivesse santa paciência – era chamado à origem, o que queria dizer que o punha a trabalhar no seu ofício de pedreiro. E como dar serventia a pedreiros não era guloseima que agradasse ao paladar, suplicava para retornar aos estudos, animado de uma fé de ir tão longe quanto a energia anímica desse…”

Fica assim apontado o perfil desta Figura. Como se pode comprovar não é exemplo para ninguém. Quem neste país e na actualidade estaria capaz de fazer estes sacrifícios pela sua formação e realização?
É por isso que se não entende que uma Escola de Bragança o tenha escolhido para seu patrono e lhe tenha dedicado uma grande homenagem, recentemente. Isto mesmo terão pensado os escribas dos Jornais Nacionais deste país, pois nem uma palavra li sobre a homenagem feita.
É provável que Paulo Quintela no “ Céu dos que não morrem” tivesse agradecido este gesto. Ele não teria gostado de aparecer como notícia, na mesma página em que se fala do desaparecimento do cãozinho, da morte da bezerra ou da transferência da estrela do futebol.



Hélder de Carvalho

Sem comentários: