11 novembro 2010

TRADIÇÃO!...TRADIÇÃO!....BOTA PR'A CARRAZEDA......

Bom dia, santas tardes ou boa noite, dependendo da hora e local onde nos está a ler.Hoje é dia de São Martinho e lá diz o ditado em dia de São Martinho vai á adega e prova o teu vinho. Tradição, tradição assim acontecia na aldeia de Coleja da freguesia de Seixo de Ansiães , do concelho de Carrazeda de Ansiães, a mesma aldeia que o inglês John Gibbons imortalizou e da qual fez um retrato de uma aldeia transmontana no seu livro Não Criei Musgo, o qual lhe valeu o prémio Camões em 1939.
Com efeito, os habitantes da aldeia de Coleja criaram a Confraria dos Amigos de Coleja e neste dia de São Martinho organizavam a festa no largo da Igreja, envergando os seus trajes típicos, homens e mulheres, preparavam o caldo verde e as carnes cozidas em enormes potes de ferro. O jantar era servido aos convidados e aos muitos turistas e curiosos que se deslocavam á aldeia, dando-lhe o ar festivo que realmente tinha. Após o jantar e á hora determinada o fogueteiro anunciava a hora do cortejo este, composto por uma personagem envergando traje de padre e seus acólitos, seguido de músicos – que vinham dos lados de Baião - e depois os presentes, o povo anónimo e curioso que satisfeito acompanhava o ritual. Que, era parar nas casas cujos donos recebiam com sorrisos os visitantes, convidavam-nos a entrar e a servirem-se de bolos e outras iguarias bem regadas com vinho generoso e vinho maduro. Na adega procedia-se á bênção simbólica da pipa que guardava o vinho novo, elogiado pelos presentes com boa nota . Imagine-se este ritual pelas estreitas ruas da aldeia e num conjunto de umas vinte casas, por último na casa de um dos mordomos da iniciativa, havia baile e nem o calor do álcool nem a fraqueza das pernas pela caminhada, impediam o corpo de ir á dança e seguia-se a tradição pela noite dentro. Mais tarde na hora do regresso, pela íngreme e perigosa estrada da Senhora da Ribeira, com o olhar atento da Senhora da Costa, não houve acidentes, nem felizmente a presença do GNR, pois o balão se usado, arrebentava.
Na época da 1ª edição destes factos, veio a televisão, filmou e Portugal assistiu a uma tradição do São Martinho, genuína e pura. Eu fui somente á 2ª edição mas guardo na memória o que acima se narra e lamento que se tenha perdido no tempo, esta tradição bela e digna da região, onde São Martinho abençoa a boa colheita do nosso vinho.
Mas estamos em Carrazeda de Ansiães, esfola gatos e mata cães e não se admirem que o povo a gente de Ansiães, tenha destas birras. Oxalá o novo Presidente da Junta de Freguesia tenha a noção exacta do significado da festa e a coragem de a editar no futuro próximo, mantenha a tradição, tradição... Conta a lenda que um galego que viveu uns anos em Carrazeda terá dito na hora da despedia: - Ó Carrazeda, Carrazeda, por mais que te pintem, serás sempre Carrazeda... Tradição.!!!... Quando numa festa na vila da Meda os Zés Pereiras, mais tarde baptizados de Zíngaros, numa tarde quente de Verão e já no fim da festa, sequiosos da garganta, pediam a bota espanhola, aquela que leva o vinho fresco em época de caça ou no calor do Verão – exclamando: - Bota pr’a Carrazeda e aquela gente perguntava o porquê de tanta pressa em regressar, mas o que eles queriam era molhar o bico na bota. Tradição... Tradição!!!! ... Mas as coisas estão a mudar na capital dos monumentos em granito ao ar livre, os monumentos lá estão, testemunhas vivas dos muitos calhaus que nos governaram. Tradição!? Carrazeda de Ansiães, vila sem gatos, livre de cães...!!!

4 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns Manuel. Temos de dar um impulso à Confraria de Coleja e acrescentar o Peixe do Rio.
Um abraço
João

Anónimo disse...

O Natal em Carrazeda aproxima-se a passos largos, e como não podia deixar de ser, com esta festividade aproximam-se também os Jantares/ convívios de Natal.
No nosso município o recto foi lançado e já há quem queira –( dos humildes funcionários), fundar uma empresa para servir à mesa. E sabem porquê? É que isto dá dinheiro e um certo estatuto para que serve, pela razão de mais tarde vir a ser servido também.
Deixem-se de festas, festinhas e festanças! Zelem pelos pobres que vagueiam nas ruas da vossa terra, estes sim necessitam de jantares. Não uma vez, mas sim todos os dias do ano.
O Pai Natal

Anónimo disse...

sim, os funcionários que servem à mesa servem e serviram sempre o senhor que os governa, qualquer que ele seja. É que depois lá vem a recompensa

Anónimo disse...

Não Manel. Calhaus é pouco!
Nós somos um concelho de Pedreiras e há cada uma...