10 maio 2009

Sócrates dixit

(...)Ninguém duvida que mais tarde ou mais cedo teríamos de fazer a auto-estrada para Bragança. Condenar uma região ao isolamento não é alternativa disponível. Mas queremos fazê-la agora porque este investimento é indiscutível para a modernização do País, para a coesão territorial, tal como é essencial para a dinamização da economia e para a criação de emprego.
(...)


José Sócrates em entrevista ao JN
Certo. Porém, quando se encerram serviços públicos e escolas e em nome da chamada racionalidade não se faz uma discriminação positiva, não se condena também uma região ao isolamento?

7 comentários:

Anónimo disse...

Já lá vão quase dez anos, quando alguém disse, um dia, em que eram precisos alguns milhões para “colocar Bragança no mapa”. Ainda se lembram? Mas, como diz o POVO: “mais vale tarde do que nunca”.

Quanto à segunda parte do texto, confesso que falar sobre o fenómeno da EDUCAÇÃO, não é tarefa fácil. ENCERRAR ESCOLAS, é talvez, um dos aspectos mais simples. Difícil é mantê-las abertas sem tecido humano. Por isso, FECHÁ-LAS, é um convite ao envelhecimento galopante desse espaço urbano. Mais: é a descida demográfica fortemente acentuada à medida que os dias passam. Fechar um estabelecimento de ensino, mais tarde, é quase impossível reabri-lo.

Sabemos que sem crianças, não pode haver escolas. Mas, afinal o que diferem os diversos Governos para evitar isso? NADA. Então, hoje, mais do que nunca, torna-se necessário e indispensável fazer algo para o corrigir. Como e de que forma? A três dimensões. Em primeiro lugar, implica satisfazer um conjunto de diligências. Dentro dessas, permitam-me que saliente requisitos de qualidade de vida. Sabemos que o litoral é portador de uma elevada taxa demográfica, cuja concentração é fruto, por exemplo, de um conjunto de infra-estruturas que permitem a fixação de pessoas e bens. Em segundo lugar, essa concentração de seres humanos, acontece à custa das pessoas que deixam o interior com o objectivo de procurar melhores meios de vida e de subsistência, uma vez que no seu espaço demográfico de origem eram muito escassos ou não os havia. Em terceiro lugar, o Governo deve desenvolver várias diligências e fazer algo para corrigir essas assimetrias estruturantes, a vários planos e dimensões, entre o interior e o litoral. A este propósito, permitam-me que referencie o grande historiador José H. Saraiva quando salienta que, “ (…) Antigamente, Bragança, tinha produtos agrícolas de qualidade e não tinha estradas para os poder vender. Hoje, tem as estradas e, infelizmente, não tem produtos para comercializar”. Portanto, caros amigos, quando a Historia nos diz isto, algo se passa!...

Por fim, a meu ver, deve haver ainda, um princípio de subsidiariedade em que o Estado seja o garante da qualidade de vida das pessoas e da unidade do território nacional, em que todos, possam usufruir da qualidade de vida e do bem-estar.
Olho Vivo

Anónimo disse...

Mas o encerramento de escolas sem alunos e sem meios tecnológicos sustentáveis para um ensino de qualidade, evitando-se assim um despesismo flagrante e proporcionando um ensino mais eficaz consonante com a modernização em curso, não será uma medida bem positiva?

h.r.

mario carvalho disse...

Estou neste tema de passagem..
Se não houver escolas, hospitais, nem emprego em trás os montes para que é importante haver autoestradas e aviões??

Só se for para os transmontanos fugirem enquanto podem..

Ajudem-me por favor...:
Que é necessário haver para que as pessoas se fixem num determinado local?

Quem é que vai viver para um sítio onde não tem emprego , não tem médicos em condições, não tem escolas , não tem transportes, não tem segurança, não tem um mínimo de condições????

TIRANDO MEIA DÚZIA QUE DEFENDEM AS RAÍZES E MEIA DÚZIA QUE JÁ NÃO PODEM SAIR ... NINGUÉM,,!!!

Nem em turismo

cumprimentos

mario

Anónimo disse...

Fala-se em encerramento de serviços públicos, mas quais serviços ? Ainda não vi encerrar nehum serviço público, à excepção das escolas sem alunos, claro.

Anónimo disse...

Seja em que actividade for, caro h.r., o apetrechamento quer em termos de recursos humanos, físicos e materiais é indispensável para o seu bom funcionamento. Contudo, salvo o devido respeito, é profundamento descabido, fechar escolas ou outros espaços públicos, sem ter havido um estudo exaustivo das razões a montante e a jusante.

Assim, no que diz respeito às escolas, até hoje, que eu saiba, neste concelho, ainda não se compreende, quais as razões e os motivos por que estiveram tantas a funcionar, neste concelho, durante anos e talvez décadas, sem que se tivesse feito alguma estudo de carácter educacional e epistemológico. Ainda a propósito do caso em apreço, por que razões se foi adiando de ano para ano o funcionamento de escolas, por exemplo, de 1, 2, e 3 alunos? Alguns profissionais deste ramo de actividade que desempenharam os cargos nestas circunstâncias, que eu saiba, nunca se manifestaram. Mais: sei que houve alguns que deixaram de leccionar em algumas escolas e foram para outras, alegando que aí tinham menos alunos.

Por conseguinte, a meu ver, se se tivese feito algo em devido tempo, isto é, naquela altura em que os casos começaram a emergir, possivelmente, não se teria chegado a este situação, em que no concelho de Carrazeda, num ano, foram encerradas 22, num universo de 29 escolas.

Por fim, o anónimo h.r., termina o seu comentário com uma interrogação, dando a depreender que o encerramento de escolas, face ao apetrechamento das mesmas, é uma medida positiva. Não, não pense assim. Desculpe, mas penso que parte de uma premissa errada. Quero dizer-lhe, sinceramente que NÃO! Sabe porquê? Encerrar uma escola, tem custos humanos que, infelizmente, o seu grau de grandeza é quase impossível quantificá-lo. Tirar uma criança do seu ambiente familiar, concordará comigo que não é fácil. Trabalhar em escolas com poucos alunos, também não é aliciante a vários aspectos, sendo talvez, a relação sociológica a parte identitária mais relevante no âmbito da relação pedagógica.

Os custos materiais, são quantificáveis quer a nível da residência dos alunos no espaço de origem, quer no âmbito do espaço para onde são transportadas as crianças. Mas, afinal, há algum estudo realizado acerca destes casos? Se sim, quais os seus autores? Qual a ficha técnica de recolha de dados?, etc., etc..

Por tudo isto, e não só, o encerramento das escolas é o meio mais fácil de tudo. O difícil é gerar e estabelecer condições a vários níveis para fixar as pessoas nos locais de origem, dando-lhe, assim, deste modo, condições mínimas para se poderem sedentarizar no seu espaço geográfico.

Olho Vivo

Anónimo disse...

Só tenho que respeitar, com humildade, a sua opinião, embora ela, no âmago (que não em pormenores), não seja coincidente com a minha.
Cumprimentos.

h. r.

Anónimo disse...

Se a gente podesse falar, caro h.r., muita tinta se gastaria. Fica para um dia!...

Olho Vivo