20 abril 2009

Descoberta

Felizmente há luar! Veja aqui.

12 comentários:

Anónimo disse...

Será que foi perante um cenário deslumbrante como este que Luis de Sttau Monteiro foi beber o seu "Felizmente há luar"? O luar, por bem ténue que seja, mata sempre o poço sem fundo de toda a escuridão (do medo, da ignorância, da opacidade de meios e métodos....). Mas a lua, como tudo que gravita (e nós gravitamos), não é nada sem o seu eterno e tórrido namorado, que nos inunda de vida com seus poderosos cabelos de fogo. Bom dia, ó Sol!, cumprimento eu, sempre que ele me invade pela janela...

h.r.

mario carvalho disse...

quem é, para mim, Rafaela Plácido?

Para recordar

em

http://pensar-ansiaes.blogspot.com/2008/01/barragem-do-tuatermas-de-s-loureno.html

05 Janeiro 2008
Barragem do Tua / Termas de S. Lourenço: Rafaela Plácido

"A barragem do Tua vai começar a ser construída dentro de um ano. É a primeira das 10 previstas no Plano Nacional de Barragens. A prioridade anunciada, anteontem, pelo Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, não colheu de surpresa os cinco autarcas dos concelhos abrangidos pelo empreendimento hidroeléctrico, mas o de Mirandela não poupa nas críticas pois vê mais próximo o fim da linha ferroviária do Tua."

Depois da transcrição acima, copiada do JN, talvez valha a pena perguntar aqui sobre o destino das Termas de S. Lourenço, de quem vou contar um fragmento de história:
Nasceram quase a medo, escondidas no sopé de uma montanha abrupta, com águas medicinais sulforosas e quentes que, uns metros mais abaixo, desaguam no velho rio, agora o palco de mais uma barragem portuguesa, a construir dentro de um ano.
No século passado, uns alemães quiseram explorá-las e tornar-nas num centro termal que bem poderia ter desenvolvido um pouco a zona. Não fazia mal, digo eu, porque eles, durante a guerra, até beneficiaram do volfrâmio, abundante na região. Mas, aqueles alemães termalistas esbarraram na inércia do poder político e no direito consuetudinário que atribuía o uso das águas às povoações vizinhas de Paradela e Pombal, já para não falar no próprio lugar baptizado de S. Lourenço, o mesmo santo incrustado na boca da fonte de onde jorra a água que cai num pequeno tanque, mais ou menos com dois metros de largura por 3 de comprimento. Sem mais.
Disseram que não. Não era possível conciliar uma actividade que deveria nascer para ser lucrativa com uma tradição, quiçá oriunda da época das Ordenações Afonsinas, que permitia ao povo dos arredores ir a banhos gratuítos, pudessem embora ser banhos com horas marcadas e sem o dever de, depois de cada um se banhar dizer: obrigado, meus senhores!...
O pequeno casario, hoje abandonado, edificou-se à custa da benfazeja água e até um médico, o Dr. Morais, pretendeu montar lá uma clinica sobranceira à casa do tanque e de S. Lorenço.
Mas, mais uma vez as forças da inércia exerceram o seu direito de veto ao progresso do lugar e as termas por lá se quedaram, até o tempo mirrar a vida que um dia por lá houve.
Nos últimos anos, as termas foram dadas à exploração nos meses de estio e o único morador que por lá se fixou foi um latino-americano, não sei de que país de língua espanhola. Acho até que o nome do homem coíncidia com o do santo, mas não levem isto muito a sério porque também posso ser eu a inventar...
Via-o sobretudo no inverno, quando as neblinas pendiam da copa dos pinheiros e o vale ficava envolto naquelas névoas brancas e eternas como as barbas do Pai-natal.
Um dia perguntei-lhe o porquê do seu isolamento. Não sei se era um criminoso fugido à lei ou apenas uma criatura eremita que resolvera isolar-se do mundo, edificando a sua vida perto de umas águas que, sei lá?!..., agora irão até secar por não poderem inverter o seu curso para um sítio onde possam ter um outro tipo de bilhete de identidade e uma outra cidadania.
O homem respondeu-me que aquele era o melhor sítio para se morar, ali no sopé da montanha e em plena harmonia com a natureza que, ao que sei, ele apenas poluia ligeiramente com o fumo e os gases de uma pequena motorizada que o levava, lugar acima, às aldeias e à sede do concelho já que, ao fundo, lá estava o rio intransponível e soberano...
Presumo eu: o rio, após a construção da barragem, irá ficar ainda mais intransponível e ainda mais soberano. Não deve ser, digo eu também, com as bençãos de S. Lourenço e da sua imagem de granito incrustada no tanque dos banhos. Tanto mais que para santo padroeiro de umas águas e daquele lugar remoto, foi sempre um santo de segunda ou de terceira grandeza, como muitos dos lugares nascidos em Trás-os-Montes...
Assim, S. Lourenço, no tempo de todas as greves e de todos os direitos, uma vez que sempre foste tão abandonado, é altura de fazeres o teu milagre maligno e secares a fonte que eu conheci quando tinha quatro anos.
Já agora, peço-te que me perdoes o medo que me inspiravas, relevando os gritos e o meu choro com que te ensurdecia os ouvidos quando dizia à minha avó paterna:
- ò vó!... Não quero... Esse santo é feio...
Insisto que me desculpes a criancice. Agora, se deves ou não perdoar a quem te abandonou sem apelo nem agravo, isso é lá contigo!...
Ou será que, finalmente, vais entrar no mundo da verdadeira liturgia termal da nação?!...
Boa Sorte, é tudo quanto desejo, para ti e para as tuas águas nascidas no sopé de uma montanha íngreme com o Rio Tua a beijar-te os pés onde, dentro em breve, com um novo e amplo leito, tu próprio poderás banhar-te...

Com amor

Rafaela Plácido



Continue cara amiga Rafaela

cumprimentos

Mario

Anónimo disse...

Desculpe sr. Mário, mas o que é que o "felizmente há luar" tem a ver com Rafaela Plácido? É capaz de ser mais explícito?

mario carvalho disse...

Caro sr. Anónimo

A sua questão é pertinente e quasi que me apetecia perguntar-lhe

porque é que a colocou?

Mas para ser mais explicito...
"Se não houver luar dificilmente haverá sol"

cumprimentos
mário

Anónimo disse...

Desculpe, sr. Mário, mas a sua explicitação, assim, não chega a sê-la, pois está apresentada ao contrário (presumo que por engano). O que deveria dizer era: se não houver sol, dificilmente haverá luar - ou mesmo outra coisa qualquer neste sistema inter-galático -!

Rafaela Plácido disse...

O Triunfo dos porcos, com aspas

O dia amanhecera dourado na planície.
O verão crescia a olhos vistos e, nos pastos, o verde teimava em ficar mais uns tempos, antes que o sol ressequisse também o vale onde o rio se assemelhava agora a um regato preguiçoso e indolente.
Ao lado do moinho velho e abandonado, erguia-se aquele casarão cinzento, debruçado sobre as águas infectas pelo lodo malcheiroso que substituiu a brancura da farinha derramada em tempos pela pequena azenha. O lugar era o mesmo. As árvores haviam crescido e as pedras do rio estavam mais gastas pela força da corrente. O ditado, "água mole em pedra dura tanto dá até que fura", adquiria aqui todo o seu sentido. Só o aroma mudara. O perfume das madressilvas dera lugar a um cheiro nauseabundo e pestilento que inundava o ar a quilómetros de distância.
Diziam uns:
− Foi o progresso que conduziu a este estado de coisas e a estrada, aberta até ao vale, a grande culpada.
Para outros, fora a energia eléctrica, cujos postes passavam ao lado, que tinha dado o golpe de misericórdia na beleza e tranquilidade daquele sítio paradisíaco e sem outra coisa agora que não fossem as memórias de quem ainda o pudesse recordar belo, como outrora fôra.
De qualquer modo, fosse como fosse, o mal estava feito e nada havia a fazer.

Sentado na sua camioneta de carga, o homem dirigia-se devagar para o rio, cumprindo mais uma rotina diária. No banco ao lado estava descuidado um molho de chaves, à espera que alguém as metesse na altura própria e na fechadura devida para o seu específico fim. Uma chave tem sempre verso e anverso, conforme os quereres de quem a usa.
Ainda longe, orelha à escuta, o silêncio ouvia-se com acuidade e, no chão barrento, eram visíveis marcas recentes do rodado de um veículo pesado, que tivera necessidade de usar os pneus duplos traseiros para transportar sobre a lama algum peso.
Mal constatou os vestígios no chão, do homem apoderavam-se as mais tenebrosas sensações e, mesmo sem se inteirar em concreto da situação, vislumbrou o que se tinha passado, quando o vale, agora silencioso como uma sepultura, se tinha debatido com uma invasão nocturna que alterara por completo a vida no lugarejo.
Sentia, como se a ela tivesse assistido, a enorme gritaria daquelas criaturas, aquando da tormenta de que o seu abandono as tornara vítimas, enquanto a alma dele ia sendo invadida por um violento sentimento de remorso, sem saber muito bem se tal sensação tinha ou não razão de existir. No dia anterior deixara-as tranquilas no negrume da noite e à mercê dos predadores da planície. Todavia, no seu prato escorregava, dourada, aquela febra em vinho de alhos da hora do jantar, que lhe reconfortava o estômago e lhe mergulhava o cérebro num sono moribundo, e que agora o faziam lamentar-se profundamente por não ter sido mais premonitório, ao ponto de mudar o futuro dessa mesma noite.
− Como é que pude ser tão negligente? – perguntava-se.
Os pensamentos iam-lhe aflorando à mente e os remorsos iam ficando mais violentos à medida que se aproximava. Além disso, era-lhe também difícil suportar a ideia de que aqueles seres tivessem sido sequestrados pelos brutos algozes, enquanto ele, prazerosamente, resfolegava nos lençóis brancos da cama lavada, tão diferentes do lodo existente no rio onde desaguavam os restos de tudo e de nada que lhes saíam por todos os buracos do corpo, como acontece com todos os vivos.
De chaves na mão, o homem pegou na que se ajustava à fechadura do portão e abriu-o.
Lá dentro, o vazio era absoluto e o que na véspera era uma orquestra de rec-rec estava agora transformado no mais aviltante silêncio, sem nada nem ninguém que lhe desse as boas-vindas, ainda que a sinfonia de vozes lá existentes sempre tivesse sido pouco harmoniosa.
Do peito do homem saiu um dilacerante gemido e à sua boca acudiram dolorosas palavras de lamento:
− Roubaram-me os porcos! Roubaram-me os porcos!

O grito ecoou pelo vale como se de um rastilho de pólvora, seca e espontânea, se tratasse, deixando contudo no ar uma sensação de júbilo.
Muito embora todos tivessem assistido à cena da gritaria e dos porcos a serem levados, as árvores, o rio, os pássaros e até a velha azenha, onde outrora o moinho gemera o pão de muitos homens, ninguém se atreveu a acusar o ladrão do camião que durante a noite tinha levado do vale aqueles porquitos daqueles vizinhos fedorentos, mas, contudo, tremendamente inocentes.
− Roubaram-lhe os porcos! Ah! Ah! Ah! − Gargalhavam todos, repletos de contentamento, agradecendo a Deus por, finalmente, se verem livres da maldita pocilga, que tão má fama tinha dado ao ambiente nos últimos tempos.
O dia do furto ficou célebre e, sem saberem que de certa forma estavam a cometer plágio, chamaram-lhe "o dia do triunfo dos porcos ".
A festa instalou-se.
Estendeu-se, rio abaixo rio acima, numa procissão de vai e vem sem fim.
Tanto que os seus ecos chegaram a terras de Sua Majestade a Rainha de Inglaterra, onde George Orwells, lá do túmulo da sua imortalidade literária e precursioniosta, ria, ria, ria a bandeiras despregadas…

Rafaela Plácido

Caro Mário, Se o dono do blogue não achar um abuso da minha parte, aqui deixo mais um pequeno devaneio que, não tendo sido inspirado em S. Lourenço, foca contudo alguma da sua realidade.

Rafaela Plácido disse...

Caro H.C.

Creio não ser necessário alertá-lo para certos "nonsenses" que têm sido ditos por aqui. Releve, porque a inteligência sempre foi onerada com o dever de compreensão para com a pobreza de espírito.

Cumprimentos

Rafaela Plácido

Anónimo disse...

Não sei quem é o Mário, nem a Rafaela Plácido. Tenho pena não saber!
Sei o que foram e o que são as chamadas "Termas" de S. Lourenço, razão bastante para, depois de ler e guardar o comentário do Senhor Mário, que pode não ser Mário, nem Rafaela, nem outra coisa...
Não interessa!
Interessa, isso sim, as "Termas", o lugar de S. Lourenço e a sua envolvente, quer a norte, sul ou a nascente!
Interessa a Junta de Freguesia do Pombal e a Câmara Municipal de Carrazeda!
Toda esta gente deverá ter muito a dizer, OU NADA!

Rafaela Plácido disse...

H.R, queria eu dizer, Desculpe

Anónimo disse...

Quis dizer Caro HC ou Caro HR ?

Anónimo disse...

Não é luar, é uma candeia acesa, demasiado acesa!

Anónimo disse...

MUITO BEM DITO SR. ANÓNIMO.CANDEIA BEM ACESA E BEM SIMPÁTICA.