10 setembro 2007
Os meus heróis
Conheci o Sr. Aníbal Faria ainda criança de seis, sete anos, quando frequentava a marcenaria de seu pai e, onde este aprendia igual profissão e eu brincava com as madeiras e os pregos. Nessa altura sem o saber era também a correia de transmissão de mensagens que o Anibal, ainda jovem, enviava por mim á namorada, que procurava na altura e que trabalhava em nossa casa. O tempo passou e mais tarde a minha admiração centrou-se no papel que este ia desempenhando nos Bombeiros. Naquela altura ainda os Bombeiros eram voluntários. Fui sempre avesso ás fardas, que fui recusando como pude desde a Mocidade Portuguesa, mas respeito e admiro os homens que, com farda ou sem ela, se oferecem voluntariosos para ajudar o próximo. Foi sobretudo este espírito de missão que sempre valorizei no Comandante Faria. Num tempo em que, ser bombeiro não dava regalias nem provendas, o Faria foi o comandante dos homens que constituíam a Corporação de Bombeiros Voluntários de C. de A. Era dos primeiros a chegar onde o perigo estava, ao incêndio, ao desastre ou acidente. Seguindo o seu exemplo abnegado e o seu espírito de sacrifício, outros bombeiros se formaram e trabalharam ao serviço do bem comum. Entretanto as conjunturas nas Corporações de Bombeiros hoje são outras, e já parece dispensável a ajuda voluntariosa, para se valorizar a profissionalização, com a qual concordo. Tal não obsta a que se relembre o papel que, como Aníbal Faria, muitos desempenharam desinteressadamente e expondo-se a perigos para a sua própria integridade física. È assim que, num momento de enfermidade grave para o meu Comandante, na impossibilidade de lhe manifestar de outro modo todo o meu apreço e consideração, daqui lhe envio os meus votos para que recupere e alivie o seu padecer. Aproveitava também para dizer que não acredito, nem tão pouco admito, que lhe possam ser recusados por quem tenha obrigação para isso, todos os cuidados de saúde que ele mereça e necessite. Seria uma ingratidão demasiado grande que eu não acredito que a minha terra lhe faça.
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7 comentários:
pelo que me é dado saber...ele está a ter esse tratamento. tem mesmo enfermeiro em casa quase diariamente.
Desde a edição deste texto sinto vontade de, humildemente, tecer dois comentários:
- É com saudade que recordo o tempo que o Sr. Faria trabalhou connosco, primando pela sua educação, prontidão e boa vontade. Um Homem de palavras sensatas e relações humanas extraordinárias...um bom amigo! Para ele, um até sempre e que Deus o ajude a enfrentar a sua dor.
- No entanto, nunca tive a oportunidade de lhe chamar "Meu Comandante", mas tive o privilégio de trabalhar com tantos e tão bons Bombeiros Voluntários de Carrazeda. Muitos que já se mantêm desde o tempo do Comandante Faria e que, provavelmente, com ele também aprenderam. Mas doi que alguém afirme, de uma forma tão vil, já não haver Voluntários. Isto é que é mentira ! Os homens e mulheres que relegam para 2º plano as suas vidas e as suas familias, para defenderem o bem público, a troco, muitas vezes, de nada, são o quê? Mercenários?! Ser voluntário é cumprir tarefas e funções sem ser obrigado a isso, mesmo que, de alguma forma, possa vir a ser recompensado.E isto não é para todos! A obrigação e o interesse financeiro que guiam a vida de todos nós permite aos voluntários (mesmo que sejam poucos, como considera) sentirem-se uns Heróis!
Já bastará a alguns que aqui escrevem anonimamente o facto de sofrerem o constrangimento de não conseguirem usar o seu nome. Talvez um dia consigamos todos ser livres de dar opiniões, sem esperar represálias ou retaliações.
Referi-me aqui ao Comandante Faria em tom carinhoso e admirativo mas também para marcar a minha posição sobre o seu merecimento no apoio moral e tratável que lhe deve ser dado, sem hesitação, no momento por que passa.
Possivelmente haverá outros exemplos de gente voluntariosa a merecer iguais comentários ou porventura, melhores. Ainda bem. Hoje em dia considero as Corporações de Bombeiros entidades profissionais que ao cumprirem o seu papel, que é o de cuidarem do bem público quando este está em perigo, me merecem respeito e consideração. No caso do Corpo de Intervenção da Corporação de Bombeiros de Carrazeda de Ansiães possivelmente ainda haverá pelos vistos voluntários. Repare-se que no texto inicial eu nunca afirmei a sua inexistência. Assim esta novidade causa-me admiração e constituirá um bom exemplo. Bom exemplo se esses voluntários ainda por cima tiverem a mesma profissionalização e assumem iguais responsabilidades e obrigações às dos profissionais, que sabem do perigo que correm quando são chamados a uma urgência ou catástrofe. Poderíamos pois assim voltar ao método antigo do Comandante Faria, o dos Bombeiros Voluntários. Mantinham-se os objectivos. Seria louvável, mais barato e igualmente eficaz.
As minhas humildes condolências aos seus familiares; Pois o Senhor Faria será um nome que fica marcado no meu íntimo.
Que Deus o tenha no eterno descanso.
Um amigo para sempre.
O Sr. Aníbal Faria ainda não faleceu.
O funeral do sr. Aníbal Faria é hoje às 17 horas. Paz à sua alma.
À família, sentidos pêsames.
Comentei hoje 11:05 e não sabia que já tinha falecido por informação que tinha. Afinal errada, infelizmente.
Os meus sinceros pêsames e o meu reconhecimento profundo do Homem que na verdade foi.
Não há muitos como ele foi e que outros tentem pelo menos igualá-lo, na vida particular como profissional.
Acho que é o melhor tributo que se lhe pode dar.
amigo do Sr. Aníbal.
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