A senhora ministra da educação tem afirmado em vários órgãos de comunicação social que os números de retenção no 2.º ano de escolaridade do ensino básico são exagerados e pede um esforço suplementar aos professores. Assim, os encarregados de educação, o país em geral, ficariam a saber que a taxa de insucesso se deve "à balda" dos mestres escolares. Na opinião da senhora ministra, estas estatísticas envergonham-nos face à Europa; o sucesso educativo depende exclusivamente de mais ou menos esforço dos educadores; os professores do 2.º ano esforçar-se-ão menos que os seus pares dos outros anos de escolaridade. A senhora professora Maria de Lurdes Rodrigues entre muitas outras coisas não quis ver ou olvidou, que as taxas (elevadas?) de insucesso no ano em causa se devem a um facto simples: como a lei impede os "chumbos" no 1.º ano de escolaridade, eles reflectem-se no ano seguinte. Fazendo uso de uma simples divisão por dois, rápido se concluirá que os números não diferem dos outros anos de escolaridade do mesmo ciclo de ensino, isto é cerca de 5%, menos de metade da média da taxa de retenção do ensino básico (11,8%). Fácil será observar na ligação abaixo apresentada que as taxas de insucesso no 1.º Ciclo são as melhores de todo o sistema de ensino e elas têm melhorado progressivamente.
Nível de ensino | Ano lectivo | |||||||||
1995/ 96 | 1996/ 97 | 1997/ 98 | 1998/ 99 | 1999/ 00 | 2000/ 01 | 2001/ 02 | 2002/ 03 | 2003/ 04 | 2004/ 05 |
1.º ano | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 |
2.º ano | 16,6 | 19,2 | 17,0 | 16,4 | 15,8 | 14,8 | 14,9 | 13,8 | 12,3 | 10,9 |
3.º ano | 8,7 | 9,4 | 9,3 | 8,4 | 7,8 | 8,7 | 8,1 | 7,5 | 5,8 | 4,4 |
4.º ano | 14,6 | 14,6 | 13,1 | 11,8 | 10,7 | 10,2 | 9,8 | 8,4 | 8,0 | 5,9 |
Veja aqui outros números da educação
2 comentários:
Vou mais ao encontro da ministra.
A exigência tem quer ser grande para obter resultados positivos. Quanto menor é a exigência menor é o esforço que se faz. Isto passa-se em tudo.
Se o professor sabe que o aluno vai passar de ano e que tem grande probabilidades de chumbar no segundo, talvez seja necessário mais esforço com os putos no sentido de evitar o que já sabe que pode vir a acontecer.
Contudo e pelo gráfico exposto vê-se uma diminuição consecutiva de chumbos desde 1995.
Sinal de que algo mudou.
Parabéns aos professores.
Aluno
O empenho pedido é sempre necessário e fundamental. A questão não é essa, mas sim, utilizar (mascarar)números e estatísticas não explicados como forma de arremesso a uma classe que dá os melhores resultados nacionais. A isso chama-se má-fé.
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