19 setembro 2007

Ainda a tempo

A senhora ministra da educação tem afirmado em vários órgãos de comunicação social que os números de retenção no 2.º ano de escolaridade do ensino básico são exagerados e pede um esforço suplementar aos professores. Assim, os encarregados de educação, o país em geral, ficariam a saber que a taxa de insucesso se deve "à balda" dos mestres escolares. Na opinião da senhora ministra, estas estatísticas envergonham-nos face à Europa; o sucesso educativo depende exclusivamente de mais ou menos esforço dos educadores; os professores do 2.º ano esforçar-se-ão menos que os seus pares dos outros anos de escolaridade. A senhora professora Maria de Lurdes Rodrigues entre muitas outras coisas não quis ver ou olvidou, que as taxas (elevadas?) de insucesso no ano em causa se devem a um facto simples: como a lei impede os "chumbos" no 1.º ano de escolaridade, eles reflectem-se no ano seguinte. Fazendo uso de uma simples divisão por dois, rápido se concluirá que os números não diferem dos outros anos de escolaridade do mesmo ciclo de ensino, isto é cerca de 5%, menos de metade da média da taxa de retenção do ensino básico (11,8%). Fácil será observar na ligação abaixo apresentada que as taxas de insucesso no 1.º Ciclo são as melhores de todo o sistema de ensino e elas têm melhorado progressivamente.
Nível de
ensino
Ano lectivo
1995/
96
1996/
97
1997/
98
1998/
99
1999/
00
2000/
01
2001/
02
2002/
03
2003/
04
2004/
05
1.º ano0,00,00,00,00,00,00,00,00,00,0
2.º ano16,619,217,016,415,814,814,913,812,310,9
3.º ano8,79,49,38,47,88,78,17,55,84,4
4.º ano14,614,613,111,810,710,29,88,48,05,9

Veja aqui outros números da educação

2 comentários:

Anónimo disse...

Vou mais ao encontro da ministra.
A exigência tem quer ser grande para obter resultados positivos. Quanto menor é a exigência menor é o esforço que se faz. Isto passa-se em tudo.
Se o professor sabe que o aluno vai passar de ano e que tem grande probabilidades de chumbar no segundo, talvez seja necessário mais esforço com os putos no sentido de evitar o que já sabe que pode vir a acontecer.
Contudo e pelo gráfico exposto vê-se uma diminuição consecutiva de chumbos desde 1995.
Sinal de que algo mudou.
Parabéns aos professores.
Aluno

josé alegre mesquita disse...

O empenho pedido é sempre necessário e fundamental. A questão não é essa, mas sim, utilizar (mascarar)números e estatísticas não explicados como forma de arremesso a uma classe que dá os melhores resultados nacionais. A isso chama-se má-fé.