11 agosto 2007

Uns autênticos badamecos

Na acta da sessão ordinária da Assembleia Municipal realizada no dia 30 de Abril de 2002, no período de antes da ordem do dia tive uma intervenção: “no uso da palavra o senhor H. J. T. C. aplaudiu o discurso do senhor primeiro-ministro (Durão Barroso), em que falou da descentralização e na intenção que tem de fazer transferência de várias competências para os municípios. Na sua opinião, isto é uma tentativa de fazer uma descentralização a que alguns chamaram de regionalização e que a ideia será boa desde que concretizada devidamente e atempadamente, esperando que não passe de uma promessa. Referiu-se também a uma rubrica que aparece no Plano de Actividades 2002, cujas verbas estão destinadas à beneficiação e recuperação do Tribunal Judicial, conforme protocolo considerando que o dinheiro não será muito. Pensa que nunca estiveram criadas condições tão favoráveis para que volte a reivindicar para a sede do concelho de Carrazeda, a construção do Palácio da Justiça, tendo em atenção quase todos os concelhos que têm já essa infra-estrutura e que Carrazeda tem também esse direito. Na sua opinião deve-se desenvolver mais as démarches possíveis no sentido de conseguir esta infra-estrutura para o concelho, porque as condições que existem continuam a ser fracas, as remodelações são constantes e os investimentos também. Terminou dizendo que tem a certeza que a sua opinião é unânime nesta assembleia e que poderiam contar com o apoio total dos carrazedenses no sentido de se conseguir a obra”. Mais ao fundo e em resposta “no uso da palavra, o senhor Presidente da Câmara disse que se regozijava pelo conteúdo das intervenções feitas que vão no sentido do interesse de todos pelos problemas do concelho” e mais à frente i “em relação á intervenção do senhor H. J. T. C. declarou que concorda plenamente com o que foi dito em relação à construção do Palácio da Justiça. Sobre este assunto, disse que a Câmara já solicitou ao Ministério da Justiça que fosse indicada a Área necessária para a construção de um Palácio da Justiça não tendo obtido qualquer resposta. Entretanto os Serviços do Registo e do Notariado pediram uma vistoria às actuais instalações para verificar o estado de conservação do edifício, considerando que é o momento para a Câmara dizer que não há conservação possível nem tem um mínimo de condições para servir os serviços públicos, não tem acessos, nem reúne os requisitos legais para os deficientes e pessoas mais idosas e que a C. M. fará todos os esforços possíveis para ser construída uma Casa da Justiça em Carrazeda.

Passados estes cinco anos e perante as notícias que apontam para o fim da comarca de Carrazeda é justo perguntarmo-nos sobre o que fizeram os nossos representantes políticos para cumprir o que antes tinham prometido. Uma vila que já existia com direitos de foral doados antes da constituição da nossa nacionalidade, vê agora reduzidos os seus direitos mais nobres de aqui fazer lei e justiça. Afinal qual a razão da perda destes direitos. Que parâmetros são tidos em conta para se tomarem estas decisões. Afinal de para além de nos reduzirem os direitos a melhor saúde, melhor educação, melhor cultura, parece ser agora a vez de nos retirarem o direito a melhor justiça. Como sempre, não havendo mais argumentos eu pergunto-me: Porque será que pagando os mesmos impostos nos reduzem cada vez mais privilégios e direitos. Evidentemente que, se este caso fosse resolvido indo buscar dinheiro ao banco e lançar-se uma empreitada, estaríamos perante gente capaz de resolver o caso, assim pouca esperança nos restará já que é pouca a força e a vontade reivindicativas dos restantes responsáveis. Só me resta então de assumirmos o papel de simples badamecos que por aqui andam à mercê do livre arbítrio de quem manda mais. De uma coisa se não livram contudo os responsáveis mais directos do que nos vem acontecendo que é o de ficarem na História que ninguém apaga como os grandes Coveiros do concelho.

Sem comentários: