20 agosto 2007

Disfunções Erráticas 1

È conscientemente que se definem e concretizam muitas das decisões que se tomam neste rincão transmontano. As prioridades são questionadas, os “timings” definidos e as resoluções são tomadas em consonância com os resultados pretendidos.
Poderá então concluir-se que não é numa perspectiva de futuro que se projecta e se investem as sinergias que existem.
Vamos a exemplos- Na cultura, nunca se investiu tanto em instalações de Associações, num Centro Cultural, em Pelouros e Divisões, em eventos e ocorrências. A ninguém importa avalia os resultados, pelo que não se sabe se haverá mais públicos, mais qualidade, melhor aproveitamento das infra-estruturas, continuidade e coerência nas decisões.
Há dinheiro para “Quins Barreiros” mas não há dinheiro para a única Banda que temos; Há dinheiro para palcos desmontáveis, mas não há disponibilidade para o montar depois onde é preciso; Há dinheiro para subsidiar a participação dos Padroeiros na Festa, mas não há dinheiro para colaborar no restauro da talha dos altares; Há dinheiro para foguetes, mas não há dinheiro para publicitar eventos culturais; Há dinheiro para patrocinar concursos de misses, mas não há dinheiro para, por exemplo, patrocinar bolsas de estudo de alunos carenciados; Há dinheiro para organizar excursões a S. Bento da Porta Aberta, mas não há dinheiro para levar alunos a uma visita de estudo; Há dinheiro para iluminar fachadas de edifícios, mas não há dinheiro para comprar livros para a Biblioteca; Há dinheiro para jardins e fontes luminosas, mas não há dinheiro para promover a investigação arqueológica na região; Há dinheiro para construir polidesportivos, mas não há dinheiro para preservar o património construído; Há dinheiro para relvar o campo de futebol, mas não há dinheiro para promover qualquer desporto federado ou não; Há dinheiro para construir museus em espaços arrendados, mas não há dinheiro para recolher espólio e estudar o património; Há dinheiro para embelezar o centro da Vila, mas não há dinheiro para preservar a zona histórica; Há dinheiro para calcetar vielas e calçadas mas não há dinheiro para recuperar um velho forno, lagar ou moinho, Há dinheiro para a entrada no quadro de executivos, mas não há dinheiro para especialistas; Há dinheiro para montar uma feira de artesanato, mas não há dinheiro para o promover ou dar incentivos a quem o faz no concelho; Há dinheiro para patuscadas e jantaradas, mas não há dinheiro para adquirir por exemplo o Solar dos Mesquitas; Há dinheiro para encomendar uma monografia dispendiosa, mas não há dinheiro para quaisquer outras investigações, pesquisas ou estudos…
Chega de comparações para se perceber os objectivos subjacentes ao que a realidade nos demonstra.
É clara a percepção de que as estratégias e políticas delineadas buscam resultados a curto prazo, que agradem sobretudo aos idosos e pessoas simples, que são afinal de contas aqueles que votam em maioria e que assim sustentam a nossa democracia. Muito pouco se faz a pensar no futuro e na continuidade. A preocupação não é com os novos nem a pensar nos netos. Convenhamos que há aqui algum egoísmo.
Penso pois que a autoridade democrática eleita só morrerá, pelos vistos sem deixar rasto, com os seus eleitores. Por isso não se inquietam com o futuro, que não será deles. Será de outros.
Poderá dizer-se que ficarão pelo menos as infra-estruturas. Mas que fazer com elas se não houver massa cinzenta, se o lugar for um deserto e se ainda por cima ficam também as dívidas contraídas.
(continua)

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