«São as palavras do ministro da Saúde escolhidas para título da sua entrevista ao JN, publicada a 6/08/08.
Palavras ignorantes, infelizes, incultas, despesistas, distraídas e ofensivas para profissionais da saúde e doentes. O senhor ministro fala com o soberbo palanfrório de quem paira acima dos limitados recursos da generalidade dos portugueses.
São palavras ignorantes porque o senhor ministro ignora que há SAP's que funcionam como verdadeiras urgências hospitalares, com recursos para efectuar alguns exames complementares essenciais, e com dois médicos, e outros profissionais de saúde, em presença física permanente.
São palavras infelizes porque incentivam o sistema hospitalocêntrico de Portugal, quando devia ser exactamente ao contrário! Quando se pretende tirar doentes das urgências hospitalares, quase todas sobrecarregadas e a trabalhar no limite, algumas sem condições de país civilizado, inacreditavelmente o senhor ministro vem dizer aos portugueses que as entupam ainda mais!
São palavras incultas porque o senhor ministro não tem a mínima noção de que um médico, até sem estetoscópio, pode salvar uma vida!
(...)
Que, numa verdadeira urgência, demorar mais meia hora até ser assistido por um médico pode significar, inexoravelmente, a morte!...
São palavras despesistas porque traduzem que um doente nunca deve acreditar num médico que não lhe faça uma bateria de exames complementares.
(...)
Palavras distraídas porque o senhor ministro esquece-se de que é exactamente o ministro da Saúde e, por consequência, o principal responsável pela ausência de melhores condições em tantos níveis do sistema de Saúde português, incluindo os SAP's! Espantoso!
Palavras ofensivas para os doentes que não vivem na cidade grande e que têm nos SAP's o único recurso verdadeiramente acessível para situações agudas.
Palavras ofensivas para os médicos que, sem a infalibilidade que não é apanágio de nenhum médico ou ser humano mas com as máximas dedicação, competência e preocupação, dão o seu melhor aos doentes que observam nos SAP's, resolvendo-lhes a esmagadora maioria dos problemas, evitando deslocações desnecessárias às urgências hospitalares e, seguramente, salvando muitas vidas! Não havia necessidade!...
Enfim, em duas palavras, as respostas do senhor ministro da Saúde às questões colocadas pelo JN foram profundamente deploráveis, mas verdadeiramente reveladoras.
(...)
Percebe-se que o senhor ministro diga mal dos SAP's. Faz parte da sua estratégia para os encerrar. É mais uma reforma pseudo-economicista feita à custa da saúde dos cidadãos. Desgraçadamente, falta alguma perspicácia ao Ministério da Saúde para melhor gerir os recursos existentes sem prejudicar a qualidade e a quantidade dos serviços básicos prestados aos portugueses e sem destruir o Serviço Nacional de Saúde. Os prejudicados serão os doentes. »
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