12 agosto 2006

Ainda a entrevista...

O ministro da Saúde, Correia de Campos, recomendou a concentração dos partos no distrito de Bragança numa única maternidade mas deixou nas mãos do conselho de administração do Centro Hospitalar do Nordeste a decisão sobre qual das maternidades deveria encerrar: Bragança ou Mirandela. A decisão foi anunciada pelo próprio ministro da Saúde numa entrevista de Verão ao JN (8/8/06).
Entre risos, mais risos e a "importante" eleição da aspirina em detrimento do paracetamol, o nosso governante afirma a incompetência dos Serviços de Atendimento Permanente (SAP) dos Centros de Saúde), dos quais é o maior responsável, ao dizer “vou directo à urgência do hospital … nunca vou ao SAP nem nunca irei”. Ou o senhor ministro pertence a um clã superior, ou não deve saber que uma parte da população portuguesa, particularmente a do interior, dispõe de um hospital a muitos minutos, até horas, de distância sem transportes públicos e a única alternativa é o SAP. Se o sabe deveria tudo fazer para disponibilizar um mínimo de qualidade àqueles serviços ou então encerrá-los. O que não pode é com esta ligeireza produzir tais afirmações desrespeitando utentes e profissionais de serviços públicos.
Na mesma conversa ligeira de início de férias resolveu ser ele a anunciar uma decisão sobre o encerramento da maternidade de Mirandela. Ao contrário do que estava previsto, com uma argumentação falaciosa, explicou apenas de forma singela que esta “tem menos equipa” em relação à de Bragança. Comparativamente Mirandela faz mais partos, é mais central para o distrito, possui melhores instalações, apetrechadas com equipamento mais moderno e um sistema anti-rapto. Correia de Campos basearia a decisão no facto do hospital de Mirandela só ter duas obstetras, menos que os especialistas que estão em Bragança. Só que, com a criação do Centro Hospitalar, os médicos trabalham de igual forma em Bragança, Mirandela ou Macedo de Cavaleiros.
Tal como já tínhamos aqui dado a perceber os dados estavam viciados à partida, os gestores do Centro Hospitalar do Nordeste são afectos ao hospital bragançano e não prevaleceram as claras vantagens da maternidade de Mirandela. Mais uma vez a lógica do centralismo prevaleceu e a manutenção da sala de partos na capital do distrito será apenas uma situação transitória, no futuro a maior parte da população escolherá Vila Real pela distância e qualidade de serviço.
Estas mesmas referências à população do litoral ou uma decisão que visasse uma grande cidade não passaria impune e o senhor ministro teria de se demitir ou seria demitido.

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