14 junho 2006

A ler

António Barreto ao PÚBLICO

"O sociólogo António Barreto ainda não entende como é que Portugal "abandonou" a Linha do Douro entre Barqueiros e Barca de Alva. (...) defende que o crescimento do turismo no Douro deve estar associado ao desenvolvimento da linha de caminho-de-ferro.
(...)

Frases
"Há sinais indicativos de que o turismo tem vindo a trazer ao Douro receitas, actividades e interesses que não tinha há 10 ou 20 anos, mas, curiosamente, aqui também há qualquer coisa que parece ser uma condenação: o turismo duriense continua a não ter entrosamento na sociedade. Os barcos chegam ao Douro com 250, 300 turistas, que muitas vezes comem e dormem dentro das embarcações, e quando saem têm uns minutos para apanhar o comboio ou o autocarro para irem ao Palácio de Mateus, a S. Salvador do Mundo ou a Lamego. É um turismo passageiro, superficial, não há desenvolvimento da hotelaria nem da restauração. "
(...)
"A Linha do Douro, de Barqueiros [início da RDD] a Barca de Alva, é das linhas férreas vinhateiras mais bonitas do Mundo. Podia ser um instrumento de turismo fantástico! "
(...)
"E se, nos próximos 10, 20 anos, o Estado não pensar em reabrir a linha férrea, construir uma linha de comboio moderna e confortável, o que vai se fazer é desenvolver ainda mais as estradas. E vamos ter mais estradas em cima dos vinhedos, atrás disso virá a habitação e, atrás desta, a desordem urbanística. O que quer dizer que se o turismo no Douro não for apoiado no comboio, em 20, 30 ou 40 anos, pode estragar-se a região. "
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"Há 20 ou 30 anos, praticamente não tínhamos vinhos do Douro. Hoje em dia, os vinhos do Douro têm nome feito no país e no estrangeiro.
E têm ganho inúmeros prémios a nível nacional e internacional...
Hoje em dia, em Inglaterra ou nos EUA, as pessoas não pedem vinho português, pedem vinho do Douro. "
(...)
"Em 20 anos, o Estado teve "20 ideias" sobre o Douro, o que ajudou a fomentar a instabilidade e a incerteza na região ."
(...)
"Hoje em dia, quando se chama a atenção do senhor Governo para os problemas da região do Douro e para os problemas vinícolas portugueses, o senhor Governo olha para o país e diz que o vinho, hoje, só representa um, dois, três por cento e que o vinho do Porto já só representa um por cento... Ou seja: não tem importância nenhuma, o mais importante é a Auto-Europa ou a electricidade. "

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