16 maio 2006

Agricultores de Sobreira contra barragem na Foz do Tua




A EDP projectou a obra e a Direcção-Geral de Geologia e Energia já deu aval à construção, nos limites dos concelhos de Carrazeda de Ansiães e Alijó, da Barragem da Foz do Tua, que poderá uma das maiores do Nordeste Transmontano.

No entanto, apesar de ser encarada por determinadas forças vivas da região como “fundamental para o desenvolvimento local”, a barragem está a ser contestada por alguns agricultores do concelho de Murça, que receiam “perder” os seus melhores terrenos, actualmente ocupados com vinha e olival.

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Estima-se que, só em Sobreira, sejam produzidas anualmente cerca de 2.200 pipas de vinho. Agora, ouve-se falar na construção de uma barragem (o empreendimento hidroeléctrico do Tua), que poderá inundar 50 por cento da área vitivinícola de Sobreira e de Porrais, também no concelho de Murça.

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Quem também não está concordante com a obra é a Câmara Municipal de Murça. “A barragem poderá trazer algumas vantagens para a região, mas há muitos aspectos negativos”, disse o presidente da Câmara local, João Teixeira, justificando: “50 por cento do vinhedo de Porrais e de Sobreira vão ficar totalmente inundados e, se isso acontecer, a economia local pode “esfumar-se” em 10 anos”.

O autarca lembrou ainda que a algumas infra--estruturas viárias na zona do rio Tua terão que ser totalmente reconvertidas, sendo que a construção de novos acessos irá afectar outros terrenos. Para além disso, também parte da linha do Tua, as termas de Nossa Sra. de Madalena (Alijó) e de São Lourenço (Carrazeda de Ansiães) podem ficar submersas.

“Estamos em negociações com a EDP (Energia De Portugal) para sabermos dos benefícios fiscais”, avançou João Teixeira, frisando, no entanto, que o município não aceitará indemnizações ao hectare. “Estamos num minifúndio, temos grandes quantidades e não grandes áreas”, argumentou.

Por enquanto, e segundo o autarca de Murça, o executivo camarário está a avaliar o estudo de impacte socio-económico realizado pela EDP. Em Maio serão iniciados os estudos de impacte ambiental.

Quanto às vantagens do empreendimento hidroeléctrico da foz do Tua poderá trazer para o concelho, João Teixeira diz que “talvez isso aconteça a nível turístico”.
De qualquer forma, a barragem está orçada em cerca de 237 milhões de euros e a sua construção pode arrancar em 2009.


Fatima Garcia, Semanário Transmontano, 2006-05-16. para ler a notícia toda, clique aqui


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