22 setembro 2005

Filosofia e ciência

A certa altura da sua existência sobre a terra, o homem começou a pensar sobre as coisas que o rodeavam e sobre si mesmo.
Pouco a pouco, indagou-se sobre a origem da Terra e os elementos que a compõem, depois sobre a origem e o destino da vida humana.
Surgiram imensas repostas, umas mais fantasiosas que outras, mas todas procurando colocar as coisas e o ser humano no lugar “verdadeiro”.
Todas estas indagações tinham por base sobretudo a imaginação do pensamento, a aparência das coisas e a lógica mental (racional ou emotiva) que serviam de suporte às problematizações.
A partir de certo momento, passou a recorrer-se a elementos exteriores ao simples pensar para aquilatar da “veracidade” ou não das respostas encontradas.
Recorreu-se à observação, à experimentação, à verificação. Estas levaram a conclusões por vezes muito diferentes das apresentadas até aí.
Começou a surgir com isso algo que parecia ter uma força tal que se impunha como qualquer coisa de objectivo e exterior ao próprio pensamento.
Assim surgiu a ciência e as suas leis.
E assim surge a questão do papel a desempenhar por esta e seus métodos em confronto com aquele poder do homem que consistia principalmente em ser capaz de interrogar-se.
Estamos hoje, por um lado, perante a filosofia que reside essencialmente na capacidade de o homem pôr em causa tudo, de problematizar-se, e, por outro, perante a ciência que, por caminhos próprios, nos fornece respostas “objectivas” e “seguras”, dados os seus métodos de trabalho mais rigorosos e ligados ao “real”.
Poderá dizer-se, em suma, que, quando nos interrogamos somos filósofos e quando damos respostas “seguras” somos cientistas.
Qual é mais importante: a filosofia ou a ciência?
Penso que é tão importante a capacidade e atrevimento de pôr em causa e polemizar como a capacidade de responder após exame rigoroso.
Chegar às respostas científicas é o fim. Pôr hipóteses é o meio.
Filosofia e ciência são ambas necessárias.
Daí que a nível local e, sobretudo no novo Centro Cívico é preciso criar o hábito de discutir, sugerir, apresentar dúvidas em relação a todo o tipo de problemas que preocupam os habitantes deste concelho e, por outro lado, criar hábitos de exame rigoroso, de insatisfação nos resultados obtidos e de ir o mais possível até ao mais fundo das questões.
As tertúlias são necessárias, os grupos de trabalho devem ser uma rotina, a apresentação de teses e sugestões o dia a dia.
Assim o concelho avançará certamente via ao progresso quer material quer mental dos seus cidadãos.



João Lopes de Matos

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