12 novembro 2004

Visita à paróquia (2)

A realização do conselho de ministros e a vinda de todos os encarregados de negócios da nação ao distrito fez-se pela primeira vez na história portuguesa, apenas poderíamos encontrar um corrupio à região semelhante em vésperas de realização de eleições, quando se pretendem cativar votos com as inaugurações e o anuncio de promessas eleitorais. Se a vinda de um ministro ao distrito de Bragança gera sempre alguma expectativa, a presença de tantos pode criar alguma ansiedade. Sabemos de experiência feita que habitualmente as promessas ao povo transmontano na sua grande maioria não se concretizam e costumam ser engodo para cativar votos aos mais incautos que nesta região são mais que muitos.
O que esperavam os habitantes do distrito deste conclave ministerial e o que lhes foi dado?
Esperavam uma conclusão definitiva das vias rodoviárias; uma discriminação positiva para o interior em incentivos e tributação fiscal de modo à fixação e criação de empresas com vista à implementação de pólos de desenvolvimento eficazes que criem emprego e fixem população apoiada em verdadeiros cursos de formação; um verdadeiro plano de recuperação do património histórico, rural e ambiental de molde a um desenvolvimento turístico integrado e sistematizado; uma aposta clara na educação e formação desde o ensino básico ao universitário com o apoio à formação e criação de cursos viradas para as verdadeiras necessidades da região; a canalização dos dinheiros comunitários para programas que realmente sirvam os interesses locais numa perspectiva de futuro e não favoreçam apenas “interesses” particulares.
Esta visita foi preparada na comunicação social há já algum tempo, de modo a que os desejos dos transmontanos coincidam com as intenções do Governo. Respigando a imprensa regional, temos então 800 milhões para construir em cinco anos as infra-estruturas rodoviárias IP2 e o IC5, foi anunciado o concurso público para o lançamento do estudo prévio do alargamento da A4 entre Vila Real e Bragança, foi aprovado a realização de um contrato-programa com o Instituto Nacional de Aviação Civil para garantir investimentos para a instalação do sistema rádio-ajudas, com um investimento que ronda os 800 mil euros nos dois aeródromos de Trás-os-Montes., foi também autorizado o sistema de meteorologia automático no aeródromo de Bragança, como promessa a implementação da barragem do Baixo Sabor. Muito, dir-se-á, mas para além dos investimentos rodoviários, poucas consequências futuras se adivinham.
Sobre os três temas que actualmente preocupam os naturais do distrito, a criação da Universidade em Bragança, a garantia ou não da manutenção das duas maternidades no distrito, em Mirandela e em Bragança, a conclusão definitiva do IP4 com a construção da ponte internacional em Quintanilha nada transpirou e as dúvidas aumentaram.
Sobrou o folclore, as mesuras dos instalados à sombra do poder (sempre os mesmos), as inaugurações (piscinas cobertas, bloco social da Escola Superior de Tecnologia e Gestão em Mirandela, o corte de fita após conclusão do Programa Polis de Bragança) e demais promessas que servirão para alimentar o ego dos crédulos e de alguns potenciais votantes, mas que logo se esquecem à passagem do Marão.

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