“No fundo desta pedra em que estão estas estampas, e caracteres (as pinturas fraga do Cachão da Rapa), para a parte que olha para o rio Douro está um portal ao que parece obra da Natureza, e entrando por ele dentro se acha em pedra firme uma grande sala com assentos, à roda, e no meio uma grande mesa tudo de pedra, como dizem pessoas que nele tem entrado, que afirmam-se ver-se desta sala outra porta, que vai para outras, que estão mais para dentro, aonde os presentes não têm entrado com pavor: porque intentando fazê-lo com sobrepeliz e estola, numa manhã de São João (em que se reformam as letras acima), o padre Domingos Mendes, confirmado que foi de Santa Marinha do lugar de Ribalonga no ano de 1687, ou para desenganar o vulgo, que diz estar ali um grande tesouro, ou por ambição de o haver a si, achando-o, depois de entrar aquela primeira sala intentando entrar a segunda lhe deu tal fedor e pavor, que ficou trémulo e insensato e a poucos dias lhe caíram os dentes e nunca mais falou de sorte que se entendesse”[1]. Mal ele sabia que o verdadeiro tesouro de Ribalonga viria a ser o seu vinho.
[1] João Pinto de Magalhães , António de Sousa Pinto e Morais, Memórias de Ansiães, edição da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, 1985, p. 57.
Sem comentários:
Enviar um comentário