O vinho dos declives do vale de Ribalonga é um vinho muito tinto e de alto teor alcoólico. A sua qualidade expressa-se também nas letras atribuídas ao benefício, quase toda a colheita é A ou B. As razões que apurámos para caracterizar este tipo de vinho, por muitos considerado o melhor do concelho, e cobiçado são: as castas e a grande percentagem de xisto onde se cultivam as vinhas, quase cem por cento; o microclima dentro do clima do Douro, as vinhas tem uma boa exposição a nascente e inserem-se num vale dentro de outro vale e por último a reestruturação da vinha nos últimos anos, fruto de fundos comunitários tem propiciado a estandartização de castas seleccionadas (touriga nacional, touriga franca, tinta barroca, tinta roriz). Estas condições aliadas ao saber cultivar das suas gentes, advindo de um conhecimento acumulado de séculos, fazem com que as suas produções sejam disputadas pelas casa produtoras e exportadoras e faz com que a aldeia tenha dos melhores preços do Douro.
A proliferação destas castas por toda a região tem originado o desprezo por variedades, que, embora pouco produtivas davam um vinho de excelente qualidade, como são, entre outras o bastardo, a malvasia rei e o viusinho (arinto). A quantidade faz diminuir a qualidade, asseguram-nos. Dizem-nos até que o melhor vinho era o dos “pilheiros”, videiras plantadas em buraquinhos das paredes que produziam bagos diminutos em também pequenos cachos[1].
É curioso, não se ter sido ainda elaborada uma marca própria com referência à terra, pois as condições apontadas aliadas à arte de vinificação apontariam para um “vinho fino”, como teimam chamar-lhe de qualidade extra. No que respeita ao vinho de consumo, há uma experiência denominada “Vale de Ribalonga”, agora denominado Vale da Rapa, que teve bastante êxito em termos comerciais.
A quase totalidade das uvas produzidas são para venda e destinam-se à produção de vinho do Porto. Nos últimos anos, a quantidade atribuída a benefício tem vindo a diminuir, fruto da crise no Douro. (continua...)
[1] Depoimento oral de António Maria Moura Magalhães.
Sem comentários:
Enviar um comentário