11 outubro 2004

A promessa da construção da auto-estrada...

...que ligará Porto a Bragança, anunciada por Santana Lopes para se iniciar em 2007 criou um pequeno terramoto entre os autarcas do distrito. Uns não a acham prioritária, outros acham-na primordial.

Os presidentes das Câmaras do interior do distrito discordam da ideia e defendem a prioridade na construção do IP2 e IC5. Líderes dos protestos são os autarcas de Alfandega da Fé, Moncorvo, Mogadouro e Freixo de Espada à Cinta que consideram os seus concelhos estar mais isolados do resto do país em detrimento do eixo Mirandela, Macedo e Bragança. O dirigente do PSD, Adão e Silva opõe-se a autarcas do distrito e veio afirmar que lamenta esta “atitude de insolidariedade e menosprezo”.

Os edis dos municípios que beneficiam da sua construção acham-na uma via essencial e estruturante.

Pergunto: para quê a polémica?

O IP4 está à mais de 20 anos a ser construído e ainda não foi totalmente realizado. Falta a ponte em Quintanilha de ligação a Espanha e cerca de 2 Kms nesta localidade.

O IC5 (ligação dos concelhos do sul do distrito ao IP4) e o IP2 foram promessa dessa altura. O IP2 tem alguns troços construídos até Viseu (fim da civilização), o resto é miragem, quanto ao IC5 serve de engodo em tempos eleitorais. De resto não há projecto, nem o mais pequeno sinal de arranque.

Para a construção da auto-estrada aconselho-os a esperar sentados.

Pergunto: os interesses da região serão contraditórios e o que interessa a Bragança não é importante a Carrazeda?

A solidariedade tem de ter sempre dois sentidos. A construção de muros para cada um cavar o seu quintal não é política de futuro. É necessário remar-se para o mesmo lado, perseguindo objectivos bem delineados.

A recente divisão da região em duas comunidades urbanas espelha bem a pequenez das ideias e dos homens.

Que fazer para concertar vontades e reivindicar infraestrututras estruturantes e essenciais ao desenvolvimento do interior?

Os autarcas vão alimentando ilusões e não há concertação de verdadeiras medidas de protesto: demitam-se, entreguem as chaves do município, esqueçam lealdades partidárias e defendam verdadeiramente as populações que os elegeram, usem de criatividade e não faltarão formas de luta.

Quando se esboçam os primeiros sinais de inconformismo, aparece um “iluminado” da região, um Duarte Lima, um Armando Vara e agora um Adão e Silva, de acordo com o partido no poder, para refrear ânimos; apelar à paciência e não deixar que se façam muitas ondas.

Cada vez mais defendo que o principal atraso da nossa região se deve essencialmente à partidodependência, à subalternidade, ao caciquismo. Enquanto não tivermos líderes regionais fortes, independentes e imbuídos do espírito de missão na intransigente defesa da região, os índices de desenvolvimento regredirão e mais longe estaremos dos valores médios da Europa.

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