25 julho 2006

Imigrantes e ciganos

Talvez seja um tema desagradável. Mas vou tentar falar dele sem melindrar ninguém.
Uma pessoa, por vezes, põe-se a pensar em várias coisas humanas: - a riqueza, a pobreza, o altruísmo, o egoísmo, o sentido da vida, tudo em geral, tudo vago, tudo teórico, discorrendo facilmente sobre tudo, sem que as fibras do coração se perturbem. A vida corre e tudo permanece igual.
Mas quando pensamos em problemas concretos, o coração sobressalta-se e interrogamo-nos se devemos ou não fazer alguma coisa.
Pensamos em todos os problemas de outros tempos e dói-nos a alma de não ter sido possível fazer mais para os minorar.
Pensamos ainda nos problemas actuais e, agradados, vemos que instituições como a Santa Casa da Misericórdia vão fazendo alguma coisa de muito bom.
Ao pensarmos, porém, noutros assuntos, vemos que pouco ou nada tem sido feito.
Desta vez, lembrei-me dos imigrantes e dos ciganos. E senti logo à minha volta um coro a sussurrar forte: imigrantes, quem os mandou vir? Ciganos? já nem deviam existir!
Mas, a medo, eu vou dizendo: - Os imigrantes vieram por vicissitudes semelhantes às que levaram as nossas gentes a França, Alemanha, a correr mundo.
Os ciganos têm muitos defeitos mas são, ninguém discordará, pessoas feitas à imagem e semelhança de Deus como todos nós.
Quanto aos imigrantes, temos algum interesse em que se integrem na nossa depauperada sociedade do interior, trazendo-lhe sangue novo.
Quanto aos ciganos, todos concordam que aqui em Carrazeda eles não levantam quaisquer problemas à paz social – e porque não acreditar que possam vir a integrar-se bem no nosso viver? – Temos até alguns casos bem sucedidos que demonstram que isso é possível.
Só que imigrantes e ciganos vivem em condições pouco dignas e pouco propícias à integração.
Não seria possível adoptar rápidas soluções provisórias (casas pré-fabricadas a instalar na zona industrial) que dariam de imediato condições mais humanas de vida?
Penso que há muitas instituições e pessoas capazes de dar um qualquer contributo para a solução preconizada: - Em primeiro lugar, a Câmara, a liderar o processo, depois a Igreja a mostrar que a religião não se reduz à oração verbal, a Junta de Freguesia, a Segurança Social, os cidadãos de boa vontade.
Com este problema resolvido, todos nós, penso, dormiríamos mais felizes, com a alegria própria de quem é solidário.
A vida tem sentido também com o pôr em prática acções destas.

João Lopes de Matos

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