Hora de intervalo numa escola do primeiro ciclo. O sol de Inverno não disfarça o frio da estação, bem presente na aragem gélida e cortante. Meia dúzia de crianças entrega-se a uma brincadeira ruidosa que consiste em “enrodilhar-se” no chão húmido e fresco numa alegria colectiva e contagiante. O professor de vigilância ao recreio acerca-se rapidamente e interpela-as para se levantarem e pararem com a brincadeira que considera pouco apropriada para a saúde e higiene dos petizes. Os olhos inocentes levantam-se para o educador desmancha-prazeres pouco dispostos a consentir e obedecer à recomendação. Quase em simultâneo uma vozinha que se torna coro desafiador: “É bom sujar-se! É bom sujar-se! …” O slogan televisivo do reclamo à marca do detergente adquire uma força extraordinária que nenhuma ferramenta pedagógica por mais sofisticada consegue desarmar.
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