29 janeiro 2006

AINDA A VIDA

Punhamos os pés bem assentes no chão e deixemo-nos de lirismos.
Vamos reincidir, mas agora prosaicamente.
O assunto merece-o pois é o único bem que realmente possuímos, ainda que de forma efémera.Tão efémera que, por vezes, nos parece uma ilusão.
E não só uma ilusão, mas também uma volúpia que nos enche a alma como o ar enche os pulmões quando respiramos profundamente.
Mas isto não é sentido senão levemente, tão levemente que até nem damos conta que o tempo passa.
Esta tontura (pois é uma tontura a vida! - e uma fragilidade!) pode terminar também de modo leve, sorrindo para os amigos enquanto nos despedimos deles.
Até - nunca mais? - Até sempre?O discurso, até aqui, soa ainda a tonto (poético?).
Façamos um esforço de maior realismo.
O que é afinal, prosaicamente, a vida?
É o tempo que medeia entre o nascimento e a morte.
O tempo? - Ou..., talvez, o gozo que esse tempo propicia ou a força que nos empurra entre aqueles dois momentos.
Mas não há vida para além desta?
Não sabemos, mas há quem afirme que sim.
A vida, medida em tempo, passará a ser algo que tem começo mas não tem fim.
Deixemo-nos outra vez de filosofias.
Para o comum dos seres humanos, a vida tem começo e tem fim.
E quem nos dá a vida? Deus ou a natureza? - E que fazer dela, se é que ela obedece ao nosso comando?
Começa por haver quem entenda que temos pouco comando sobre ela, ou porque nos limitamos a cumprir a vontade de Deus, ou porque somos comandados pelas forças da natureza na qual nos inserimos.
Mas se acaso temos querer próprio, então há que ver que devemos fazer dela (da nossa vida).
Pô-la só ao nosso serviço para puro gozo pessoal?
Pô-la sobretudo ao serviço dos outros porque nisso reside a verdadeira felicidade?
Pura e simplesmente i-la vivendo, sem preocupações de sentido?
Todas estas perguntas, hipóteses e dúvidas são para serem interiorizadas, pensadas, e é nosso desejo ardente que dêem neste blogue origem a novas perspectivas, novas achegas, novos e melhores textos.
Talvez que o questionar-se seja o mais humano no homem.
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João Lopes de Matos

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