29 janeiro 2006

Partir para Outra Cena

Pensamento positivo atrai pensamento positivo.
Pensamento negativo atrai…
Collor de Mello

Não faz qualquer sentido — e porque têm a mesma cumplicidade com os textos — permitam-me, "Mota, Molloy, Zero Amarelo", arbitrar num ponto final. Até porque a vossa polémica deriva de um texto onde o meu amigo Hélder de Carvalho me convida a debruçar sobre o Teatro nacional e o local. Acho que quando Zero Amarelo admite (confirmar, no contexto, não é ratificação d)o erro que fez entre Molly (personagem de Ulisses, romance de Joyce) e Molloy, romance de Beckett, no momento em que o admite, tanto "Mota" como "Molloy", deviam ficar por cima e terminar ali: compreendendo que entre Molly e Molloy roça a paronímia. No entanto, Zero Amarelo também não precisava invocar uma correspondência entre Beckett e Joyce, como que para se livrar do erro, sugerindo uma relação entre Joyce e o romance Molloy, mas sem o provar senão genericamente pelo 'apostolado' encontrado numa-qualquer enciclopédia. E "Molloy" não precisava de perder a razão quando apenas vê uma mera influência numa leitura anterior... Pois Beckett foi mesmo secretário de Joyce e isso significou uma maior aprendizagem com o mestre. De todo o modo, e mais importante, (acho eu), apesar de ter adorado mais outro romance — O inominável, onde a Linguagem se diz a ela-mesma, penso que não é no romance que a arte e a humanidade de Beckett melhor se revelam, mas no teatro — e aí a correspondência do Absurdo é mais com Ionesco. À espera de Godot, Dias Felizes, Kraap... Onde a linguagem serve a descomunicar. Desconjunta a acção, pela incompreensão fatal entre os homens, transformados _ _ ilhas... Tal e qual como na Cantora Careca, obra-prima de Ionesco.
É apenas uma opinião, mas (e agora citando Carlos Tê, na voz de Rui Veloso), há tanta coisa que vos une, bem mais do que vos separa! Sinceramente, não compreendo por que se perderam em pormenorezinhos, em não perder ou querer ter — a verdade absoluta... — E isso não é instalar uma relação de Poder?
Já voltando a tocar à reunião... Dados os vossos conhecimentos literários não querem os 3 ou 1 entre vós, por exemplo, Mota — incluir um ensaio ao livro de Alzira de Lima, nas Intertextualidades?

vitorino almeida ventura

2 comentários:

Hélder Rodrigues disse...

Caro amigo Vitorino Ventura

Quanto ao "Partir para outra cena", reportando-se, claramente, àquela minha "correcção", aliás, despretenciosa (caso contrário, não usaria um blog), não pretendi mais do que isso mesmo, "postar" um simples e rápido comentário àquilo que também me pareceu (e é) uma paronímia (como, por exemplo,em assassino/assassínio) entre Molly e Molloy. Não tive, pois, qualquer intensão de minimizar ou satirizar quem quer que fosse, até porque nem sequer sei a quem correspondem os outros pseudónimos que refere.
Não tenho, por isso, que "partir para outra...", uma vez que, para mim, não existe cena nenhuma e até já me tinha esquecido daquele comentário, apesar de, na altura, me ter parecido oportuno.
Por outro lado, concretamente, em relação à sua apreciação literária a Beckett, concordo inteiramente consigo quando alude à maior "correspondência" do Absurdo com Ionesco (ou não fosse este, igualmente, um vulto marcante da Literatura do pós-guerra) através do Teatro, conforme os títulos que o Vitorino, muito bem referiu.
De qualquer modo, agradeço-lhe a opinião, pois elas são sempre bem vindas a minha casa, sobretudo, se vierem da sua parte.
Quanto à apreciação literária do livrinho de poemas de Alzira de Lima nas (minhas) "intertextualidades" aqui ao lado, lamento dizê-lo, mas ainda não chegou até mim (nem eu a ele), qualquer exemplar.
O que ando, confesso, é com vontade de arranjar tempo para fazer uma apreciação literária ao romance (?) "A Casa da Prelada"! Talvez num dia destes. Mas, para já, parece-me que temos escritor!...

Hélder Rodrigues disse...

É sempre positivo reconhecer-se que não se é "entendido" em determinadas matérias como, por exemplo, análise literária... será... humildade a mais? ou a menos?

mota