- Que é esse nada que tu não me dás?
Augusto Abelaira, in Bolor
Quanto às sátiras de costumes do meu amigo Hélder de Carvalho, ele tem todo o direito a manifestar (n)o seu amor pela Terra... Em continuação de todo um trabalho (não me refiro à Ciência Política), mas a todas _ _ suas iniciativas culturais desde há muito. E não se percebe que a recepção toda se agite, senão porque se revê nalguns comportamentos desviantes — e isso é a melhor forma de dar razão à crítica do professor HC, porque abala os fundamentos de uma ordem…
Crítica construtiva, uma vez que (n)os obriga a pensar e re_ pensar, mesmo se retrata um im_ pensável delírio colectivo. Muitos que o criticam, defendem como alternativa, as quadras de pé quebrado da Dona Flora ou Rosa, em louvaminha… na Rádio Ansiães. Ora, tais louvores em redondilha menor (pelo fraco domínio das sílabas métricas) são equivalentes, no pólo oposto, ao bota-abaixo, pois aqueles l representam um Sim absoluto enquanto este b-a um Não igualmente rotundo. E ambos impedem que se pense o Homem, nas suas imperfeições, travando qualquer mudança, pois tudo sempre está bem ou sempre mal.
Acho que tudo seria melhor se, apesar de as pessoas não se amarem nem morrerem de amores umas pelas outras, se tolerassem e fizessem distinção entre a Vida e a Obra e, por exemplo, convidassem Hélder de Carvalho a inaugurar o Centro Cívico com uma exposição. Assim, claramente lhe ficariam por cima, pois distinguiriam o artístico do plano meramente pessoal. De todo o modo, não é só a Câmara que tem obrigações culturais… Pergunto: o que faz(em) a Escola e a Rádio, pela mudança de mentalidades? Assim,
em lugar de o construírem,
deixam a um cego, mesmo sem acordeão, a pre_
visão do Futuro!
vitorino almeida ventura
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