08 setembro 2016

A fraga do tesouro



Conta-se que, no sítio da Cabreira, no termo de Mogo de Malta, existia uma fraga que todos os anos, dia de Natal, à meia-noite, se abria ao meio, e no interior da mesma se encontrava uma grande fortuna em moedas de ouro.

Conta-se que, num determinado ano, uma mulher pobre, ambicionando parte das moedas de ouro ali guardadas, ousou aventurar-se e com uma criança recém-nascida ao colo dirigiu-se para a fraga. Ao dar a primeira badalada da meia-noite, a fraga abriu-se e a mulher pôde entrar e levou consigo a criança. No interior ficou maravilhada com o que viu e depressa esqueceu o recém-nascido, enchendo o avental de moedas. Ao dar a última badalada tinha que sair porque a pedra fechar-se-ia. Ela rapidamente abandonou as entranhas megalítica, contudo a criança ficou lá dentro esquecida. Ao aperceber-se do que lhe tinha acontecido, com a aflição, levou as mãos à cabeça, soltou o avental, que logo se abriu, espalhando as moedas pela encosta abaixo. Para seu espanto e de todos os que queiram ver, as moedas transformaram-se em grandes pedras.

Conta-se que, no ano seguinte, a mesma mulher, como fazia todos os dias, com o coração ferido de tristeza, mas agora sem qualquer ambição de riqueza, e com um sentimento de recuperar o filho, voltou à fraga, seguiu as mesmas instruções e assim o recuperou, porque a criança estava precisamente no mesmo sítio onde o tinha deixado.

Podia contar-se que a partir daí, o seu filho e a sua educação foi, mais que qualquer valor material, o seu projeto de vida e o valor mais alto a que aspirou.

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