Conta-se que, no sítio da Cabreira, no termo de Mogo de
Malta, existia uma fraga que todos os anos, dia de Natal, à meia-noite, se
abria ao meio, e no interior da mesma se encontrava uma grande fortuna em
moedas de ouro.
Contam ainda, que, num determinado ano, uma mulher pobre, ambicionando parte
das moedas de ouro ali guardadas, ousou aventurar-se e com uma criança recém-nascida
ao colo e dirigiu-se para a fraga. Ao dar a primeira badalada da meia-noite, a
fraga abriu-se e a mulher pôde entrar e levou consigo a criança. No interior ficou
maravilhada com o que viu. Depressa esqueceu o recém-nascido e encheu o avental
de moedas. Ao dar a última badalada tinha que sair porque a pedra fechar-se-ia.
Ela abandonou as entranhas megalítica, porém a criança ficou lá dentro
esquecida. A mulher ao aperceber-se do que lhe tinha acontecido, com a aflição,
levou as mãos à cabeça, soltou o avental, que logo se abriu, espalhando as
moedas pela encosta abaixo. Para seu espanto e de todos os que queiram ver, as
moedas transformaram-se em grandes pedras.
Conta-se por fim que, no ano seguinte, a mesma mulher, como fazia
todos os dias, com o coração ferido de tristeza, agora sem qualquer ambição de
riqueza, voltou à fraga, seguiu as mesmas instruções e assim recuperou o filho,
porque a criança estava precisamente no mesmo sítio onde o tinha deixado.
Podia contar-se que a partir daí, o seu filho e a sua
educação foi, mais que qualquer valor material, o seu projeto de vida e o valor
mais alto a que aspirou.
Conto que, por esta esta quadra, ou em outra qualquer, porque
Natal é todos os dias, saibamos, no interior de qualquer pedra, aqui
simbolizada como dificuldade e coisa sem valor, descobrir um verdadeiro
tesouro, um projeto de salvação, também simbolizado pelo Menino Jesus, para deixar
que a bondade inicial resplenda e seja.
Bom Natal a todos os amigos de Pensar Ansiães.
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