05 abril 2014

Ainda e sempre a dívida: João Lopes de Matos

Ultimamente anda a martelar na minha cabeça uma ideia bizarra capaz de resolver o nosso problema da dívida. Não é possível anular as medidas restritivas que já foram tomadas, ainda é necessário fazer reformas nos serviços públicos que os tornem mais eficientes e diminuam as despesas correspondentes. Ficaremos, depois, com a necessidade de crescimento para aumentar o nível de vida. Mas, para isso, é preciso dinheiro e nós não o temos porque todo é necessário para pagamento da dívida( e juros), para além do pagamento do funcionamento normal do Estado.
Claro que se houvesse investimento estrangeiro o problema da criação de riqueza ficaria, talvez, resolvido. Donde poderá vir ele, no entanto? Não vislumbro. Além de que nós, como nacionais, veríamos diminuído o nosso papel no processo produtivo e mais e mais ficaríamos dependentes do estrangeiro. Daí não viria mal nenhum desde que passássemos a ter uma vida melhor. Também não vejo nacionais dispostos a aqui investir, além de que estão descapitalizados.
Por isso, eu vejo o decair da vida no interior cada vez mais inevitável porque o tipo de desenvolvimento possível exige dinamismo dos locais e o capital indispensável. Não vejo nem uma coisa nem outra. Apenas vejo o pedido compungente das pessoas no sentido de o Estado manter o que já nenhum sentido tem e de promover ele mesmo o desenvolvimento que os residentes não conseguem tomar em suas mãos. 
Por outro lado, quando se defende a pequena propriedade sem futuro só se está a contribuir para que um dia tudo pertença a um grande proprietário nacional ou estrangeiro, desaparecendo, por completo, a pouca vida ainda existente nas aldeias. O redimensionamento exigido deveria ser posto em prática pelos residentes mas não vejo aparecer qualquer movimento nesse sentido.
Adiante. Como as receitas do Estado vão todas para o funcionamento dos serviços e para o pagamento das dívidas e não chegam, os impostos não podem baixar e o Estado pouco pode fazer.
Como sair deste imbróglio? Aqui é que surge a minha ideia luminosa, dependente, no entanto, da anuência e concretização da União Europeia.
Como a nossa moeda está muito valorizada em relação ao dólar, como alguma inflação, agora inexistente, estimularia o desenvolvimento de toda a zona euro, seria, talvez, sensato que o BCE resolvesse emitir moeda, que distribuiria pelos Estados membros. A todos tornava os seus produtos mais concorrentes, com a desvalorização do euro, e a alguns permitia que pagassem uma parte substancial da sua dívida, libertando capitais para o crescimento.
Não era necessário perdoar nada a ninguém e permitia o desafogo necessário à recuperação.
Não sei se esta ideia tem pernas para andar e não sei se os patrões da Europa estão dispostos a isso. A não ser uma solução deste género, não descortino outra qualquer que nos tire deste sufoco.
João Lopes de Matos

3 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro JLM

Tenho um amigo que também comunga da sua ideia:o melhor seria desvalorizar o euro.
Esse meu amigo pensou, pensou… até que chegou à seguinte conclusão:
- “A desvalorização não era viável! Pelo menos com os atuais governantes”.
Vai daí, estudou, estudou… até dar à estampa a sua solução.

Sem qualquer compromisso, aqui a transcrevo:

A RAÇA DO ALENTEJANO - a raça que ainda vai salvar o País (quiçá o Mundo).

Como é um alentejano?
É, assim, a modos que atravessado.
Nem é bem branco, nem preto, nem castanho, nem amarelo, nem vermelho...
E também não é bem judeu, nem bem cigano.
Como é que hei-de explicar?
É uma mistura disto tudo, com uma pinga de azeite e uma côdea de pão:

- dos AMARELOS, herdámos a filosofia oriental, a paciência de chinês e aquela paz interior do tipo "não há nada que me chateie";

- dos PRETOS, o gosto pela savana, por não fazer nada e pelos prazeres da vida;

- dos JUDEUS, o humor cáustico e refinado e as anedotas curtas e autobiográficas;

- dos ÁRABES, a pele curtida pelo sol do deserto e esse jeito especial de nos escarrancharmos nos camelos;

- dos CIGANOS, a esperteza de enganar os outros, convencendo-os de que são eles que nos estão a enganar;

- dos BRANCOS, o olhar intelectual de carneiro mal morto;

- dos VERMELHOS, essa grande maluqueira de sermos todos iguais.

Ora o alentejano, como se vê, é mais do que uma raça pura… é uma raça apurada.
Ou melhor, uma caldeirada feita com os melhores ingredientes de cada uma das raças.

Não é fácil fazer um alentejano.
Por isso, há tão poucos.

É certo que os judeus são o povo eleito de Deus.
Mas os alentejanos têm uma enorme vantagem sobre os judeus:

- nunca foram eleitos por ninguém, o que é o melhor certificado da sua qualidade.

Conhecem, por acaso, alguém que preste que já tenha sido eleito para alguma coisa?

E isto é uma verdade!

Até o próprio Milton Friedman reconhece isso quando afirma que
«as qualidades necessárias para ser eleito são quase sempre o contrário das que se exigem para bem governar».

Meu caro (aqui só para nós):
- já imaginou o que seria o mundo governado por um alentejano?

- Era um descanso!!!...


mc disse...

http://www.movenoticias.com/2014/03/rtp-grava-mulheres-de-abril-no-porto/



citação do texto

A equipa gravou ainda algumas cenas em Carrazeda de Ansiães, Trás-os-Montes, de onde é natural a matriarca da família: “Naquela altura havia a tradição de muitas famílias se mudarem para o Porto”. Um dos desafios de gravar uma série de época foi mesmo encontrar os cenários, especialmente para gravações de exteriores: “Quando chegamos a Carrazeda de Ansiães ficamos surpreendidos porque não esperávamos que aldeia estivesse tão diferente, por isso algumas cenas foram gravadas no Parque da Cidade, no Porto, onde existe a reconstituição de uma aldeia antiga portuguesa”. A maior parte dos cenários são interiores e a produção usou casas mais antigas da invicta para as gravações.


sem comentários ...

mc disse...

Dizer asneiras já não choca ninguém
Henrique Raposo
7:10 Quinta feira, 17 de abril de 2014
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Jon Stewart diz sempre um fuck ou fucking entre piadas. Aquele asneiredo é uma espécie de escala obrigatória entre segmentos. O problema é que as escalas escatológicas já não têm piada. Há uns anos, talvez tivessem algum potencial cómico, mas hoje em dia são tão engraçadas como um campeonato de cochet e, verdade seja dita, acabam por esconder a falta de graça de alguns episódios do Daily Show. Ora, este raciocínio podia ser aplicado a outros programas de humor ou até a outros ramos de actividade, como por exemplo a publicidade. Nos anos 80 e 90, toda a gente ficava chocada com as campanhas da Benetton, mas hoje em dia a marca italiana parece tão inofensiva como uma beata de Carrazeda de Ansiães.

Há dois ou três anos, a Benetton fez uma campanha que mostrava políticos a beijar outros políticos na boca. Hugo Chávez dava um beijo molhado em Barack, Abbas dava um chocho em Netanyahu e Bento XVI trocava fluidos com um líder muçulmano. O sucesso da campanha foi quase nulo porque o chocante já não choca ninguém. A iconoclastia transformou-se na norma, o iconoclasta é um chato do caraças. Toda a gente tem tatuagens, toda a gente ajoelha no altar do ateísmo, toda a gente diz asneiras, toda a gente quer a desconstrução da sinceridade, toda a gente quer chocar e, por isso, já ninguém se choca. Ou melhor, aquilo que choca é a ausência de iconoclastia: aqueles que acreditam em Deus (é o meu caso) ou aqueles que passam uma hora inteira sem dizer asneiras (não é o meu caso) é que são os verdadeiros rebeldes. A boa-educação é que é chocante.

Durante décadas, uma certa cultura pós-moderna construiu a sua carreira através da desconstrução sistemática da sinceridade e dos valores clássicos. Resultado? Não restou nada, já não temos começos nem fins. Já não há nada para desconstruir. Neste sentido, o conservador é o novo iconoclasta. No ano da graça de 2014, ser bem educado, acreditar em Deus, casar e ter filhos é que é a verdadeira rebeldia. Sim, meus caros, o conservador é the meanest motherfucker in the valley.



Ler mais: http://expresso.sapo.pt/dizer-asneiras-ja-nao-choca-ninguem=f865874#ixzz2zMZzspqT