16 agosto 2013

Era uma vez um reino...



... maravilhoso de paz e concórdia. Pena que sempre havia uns tantos que tinham sonhos e algumas loucuras: ninguém os levava a sério. Nele viviam uma meia dúzia de milhares de habitantes. Três mil eram idosos, a sua grande maioria pensionistas, cerca de quinhentos credores de um rendimento social dito de inserção, outros tantos trabalham nas duas maiores empresas do reino, a que chamam Casa Branca e Santa Casa. Sobravam umas centenas que arrostavam com a vida a expensas próprias, mas muito dependentes das "Casas", assim chamam àquelas onde habitavam os seus chefes. São crentes, supersticiosos, recordados de um passado miserável, apreensivos quanto a um futuro incerto, desconfiados da mudança, reverentes à autoridade, dependentes do subsídio e da esmola do soberano e de outros senhores.
Incomodados a cada quatro anos a escolherem os seus representantes (assim chamados) da gestão dos dinheiros que chegam da governança central de outros reinos e de uma princesa fenícia casada com um germânico . Obrigados ao ato, sempre desconfortável, dada a habitual pacatez, hão de mostrar-se novamente agradecidos pelos óbolos, os passeios, as merendas, o trabalho… e continuarão a amaldiçoar quem inventou tal "trabalheira" Era escusado!

4 comentários:

Anónimo disse...

Sim.Para quê eleições só para perturbar a pacata vida dos velhinhos?Nem dormem com a preocupação:serei capaz de colocar o X no quadradinho?A minha mão já treme tanto!Se me engano o senhor tira-me a pensão?
Tenha calma!Não é bem assim,velhinho(a).
JLM

Anónimo disse...

Era uma vez um Reino...

… maravilhoso de paz e concórdia!
Sonhadores havia (sempre houve)… loucos também.
Os restantes, os sãos de espírito e de corpo (como gostavam de ser chamados), esses estavam em paz com Deus e o Além…
(E levavam bem a sério a incompreensão dos demais, especialmente no que dizia respeito aos seus quase três mil idosos).
São crentes, nada supersticiosos… o seu futuro já vem de trás…
Têm um passado com piscina… o futuro pertence-lhes de direito.
Não dão esmola (para quê)… os seus pares também não dão (é de bom tom)…
Só Deus merece a sua esmola (e esse não pede).
De quatro em quatro anos saem à rua… misturam-se com os restantes em feiras e mercados…
Com sacrifício (o cheiro do peixe é horrível) lá vão distribuindo uns papelinhos a prometerem o paraíso.
Irreverentes, altruístas, permitem que demais os elejam… condescendem em ser o seu pastor, o guião, os seus chefes.
Até prometem (contra seu hábito)serem os guardiões dos dinheiros públicos.
Tudo pelo Reino...
O reino merece!

Era escusado?

CF

Anónimo disse...

Parabens JAM!
Acrescentarei que nós também queremos ter um reino!
Ou é a esse que o JAM se refere no seu artigo de alerta?
Fico confuso!
Contudo, é preciso notarmos que estamos em presença da tomada de poder pela via da antiga Portuguesa, em arcaico, claro!
Este rei com pés de barro, de pé, esperou, esperou, esperou, na sua terrinha, até que teve de se sentar!
Mas, como quem espera sempre alcança, este rei alcançou, mas foi preciso oferecerem-lhe o assento, mesmo que usado, estafado até!
Uma vez sentado viu que estava sozinho, ou melhor, quase sozinho!
Mas num reino onde mora a pobreza política, onde o compadrio sustenta há anos sem fim, a sua própria existência, o rei, mesmo nú, é rodeado pela burguesia que faz da sua própria desgraça, as vestes do tapume que aguentará este pobre rei, mesmo que nú,a estar na cadeira, até que enfim, um dia, há-de cair!
Então, deixar de caia!
Como diz JLM, só temos de ter calma!
Só que esta calma dos sábios incomoda muito porque não são capazes de agir!
Só escrevinham!
Assim sendo, aguentem-se!

Anónimo disse...

"Posta" brilhante. Parabéns.