17 julho 2013

AS OBRAS MUNICIPAIS E O SEU APROVEITAMENTO: João Lopes de Matos



Ao contrário do que frequentemente é afirmado, têm sido muitas as obras realizadas no concelho de Carrazeda. Fixemos a nossa atenção naquelas que servem sobretudo o município e os seus habitantes. Podemos elencar uma série delas: - cemitério novo, alargamento do cemitério velho, centro cívico, centro de apoio rural, piscinas, biblioteca, mercado municipal, recintos polidesportivos, zona industrial, ligação de Luzelos à Sainça, estradas e caminhos municipais, lares de idosos, centros de dia, melhoramento das ruas.
As obras foram feitas tendo em vista um uso mínimo. De contrário, para que servem? Serviram para dar trabalho a quem as executou. Depois de terminadas, devem ser postas ao serviço da comunidade. E se ,entretanto, o seu fim inicial já não tiver sentido, temos que pensar em aproveitá-las de outro modo para que não constituam os chamados “elefantes brancos”.
Vamos ,pois, percorrê-las uma a uma para ver se ainda são úteis para o desígnio inicial ou se é necessário congeminar para elas outras utilidades.
Comecemos pelos cemitérios: - não consigo vislumbrar qualquer fim ao cemitério novo a não ser transformá-lo num recinto desportivo, talvez até num campo de ténis . Fica bem situado e sempre é melhor que sirva os vivos que os mortos. O alargamento do cemitério velho foi boa ideia porque assim os mortos são mais facilmente atendidos nas suas necessidades e se um dia a população ficar muito reduzida, o cemitério passará a ser, bem no centro, o melhor e mais representativo monumento da vila.
Temos agora o centro cívico e o centro de apoio rural: - parece-me que o centro de apoio rural seria suficiente para as necessidades, dado que dele não se tem tirado o proveito possível. O uso desta casa deve ser estimulado para os mais variados fins: colóquios, representações, cursos de diversa natureza, cinema, espetáculos, etc.. A iguais finalidades deve ser destinado o centro cívico. Ambos devem ser postos à disposição das escolas para as atividades curriculares ou extra- curriculares que os professores achem por bem desenvolver nesses locais. Isto acarreta perigos, é verdade. Mas há que conscientemente corrê-los.
Quanto às piscinas, parece que todos os problemas se centram na utilização das piscinas cobertas. Todos sabemos que elas implicam despesas enormes, que não conseguem ser cobertas com os pagamentos das entradas, até porque deixariam de ter o uso devido. Deve pensar-se na redução das despesas de manutenção, dividindo o espaço em partes distintas, baixando o espaço em altura, alterando o modo de aquecimento, eu sei lá. Todas as soluções, menos o seu fecho. Claro que toda a gente deve ter acesso aos banhos, mas elas devem servir, talvez gratuitamente, primordialmente, os jovens das escolas.
A biblioteca, por seu lado, não pode limitar-se a ficar de portas abertas à espera de quem apareça. Os seus funcionários devem engendrar iniciativas que dêem vida àquele espaço  e organizar eventos mesmo fora.
 O mercado municipal teve , na sua construção, por base uma boa intenção, embora saibamos que de boas intenções está o inferno cheio. Pretendeu-se que ele constituísse um local onde os produtores pudessem vender os seus produtos. Só que, entretanto, os produtores, a quem ele poderia interessar, desapareceram e hoje há que pensar noutra utilização, que poderá ser a de uma montra onde possam ser expostos produtos e utensílios agrícolas.
Os recintos polidesportivos nas aldeias também tiveram na sua construção uma boa intenção: permitir aos jovens a prática de desporto. Também neste caso deixou de haver jovens e os poucos que há passam os dias na vila. Não faço a mínima ideia sobre a utilização que lhes pode ser dada.
Vale a pena falar agora na zona industrial e na variante. Em conjunto podem contribuir para o desenvolvimento industrial do concelho. A finalidade inicial da variante( deslocar o trânsito do centro da vila) está agora praticamente conseguida com a construção do IC-5. Há que procurar , portanto, uma utilidade nova para aquilo que acabou por vir a destempo. Há que pensar, talvez, em transformar essa obra numa avenida, pelo menos entre Luzelos e a zona industrial.
Falemos ainda nos lares e centros de dia: serão, durante uns anos, locais importantíssimos para tratar com dignidade os nossos idosos. Espero apenas que eles não venham a constituir o processo de liquidação do concelho, que, com a morte dos idosos, não morra também o próprio município.
Desculpem-me este alongado exercício sobre as infraestruturas mais importantes de Carrazeda. Continua a faltar o principal: as obras que criem emprego e que tragam muita gente a viver nestas paragens. Árduo empreendimento, até porque, dificilmente, poderá e virá a ser executado pelos poderes públicos.
João Lopes de Matos

6 comentários:

Anónimo disse...

JLM esqueceu-se do Moinho, já sem velas, sem jardim, sem coisa nenhuma!
Em Carrazeda tudo é assim!

Anónimo disse...

Afinal já sei que destino há-de ser dado aos recintos polidesportivos das aldeias: hão-de servir como eiras, para substituir as entretanto desaparecidas.E como os montes voltarão a estar cobertos de searas ondulantes de trigo e centeio,haverá outra vez necessidade delas....
JLM

Fernando Gouveia disse...

É verdade que, no nosso concelho. como em todos os concelhos do país, o poder autárquico democrático realizou uma obra importante, transformando localidades paradas em centros urbanos modernos e bem equipados. Conhecendo um pouco de outros países europeus, talvez possa mesmo afirmar que os nossos concelhos têm hoje infraestruturas que as entidades territoriais de países mais ricos não possuem. Isto pode ser muito bom, mas também pode trazer problemas de manutenção e utilização, como bem explica o JLM.
Há, de facto, uma densidade de equipamentos municipais no interior do país que parece exagerada, em comparação com a densidade populacional, o que leva a duvidar da seriedade dos estudos que justificaram esses equipamentos. Ter-se-á tratado, nalguns casos, muito mais de obra para "encher o olho" do cidadão eleitor, ou, pior ainda, de uma emulação tola em relação a municípios vizinhos, cedendo a sentimentos bairristas que não mereciam ser atendidos.

Mas a obra está feita e, em vez de deixar os equipamentos ao abandono, sempre será preferível encontrar uma utilidade pública para eles.

Queria neste particular referir-me apenas aos equipamentos mais vocacionados para a expressão cultural, como o centro cívico e o centro de apoio rural. São instalações que, pela sua natureza, necessitam de uma certa massa crítica para se tornarem úteis. Até tenho a impressão de que o centro cívico foi obra a mais para gente a menos.

No entanto, quem visitar Carrazeda num fim de semana dificilmente encontrará onde passar uma hora depois de jantar. Não seria possível dinamizar esses espaços com algumas actividades culturais?
Sei que o concelho tem uma rede de associações, algumas delas com actividades permanentes e outras mais modestas, com actividades esporádicas. Mas pensemos apenas em duas, sem obviamente retirar mérito às restantes: a Associação Recreativa e Cultural de Pombal e a Banda de Música do Vilarinho. Não seria possível incentivar essas associações a realizarem espectáculos de teatro e de música na sede do concelho? E há outros talentos no concelho. Já um dia assisti, com enorme prazer, no centro de apoio rural, a um recital de música clássica de alunos do conservatório naturais do concelho. Por que se não repetiu essa experiência e outras?
Há bons músicos, grupos de cantares, artistas plásticos, fotógrafos premiados, professores habilitados para conferências sobre os mais diversos temas, especialistas de diversas áreas do conhecimento. Ficaria assim tão caro aproveitar essas competências para despertar o gosto pela cultura nos residentes?

Anónimo disse...

Amigo Fernando:
Mas em que reino é que o senhor vive? Não vê que parte das associações culturais, (salvo rara excepção) abrem apenas uma vez por ano (na festa da sua freguesia)? De resto, actividades… pouco ou nada apresentam. Mas vivem mendigando o dinheiro do município, a que todos os contribuintes lhes sai do bolso. Está na Hora de mudar este pensamento!

Anónimo disse...

Agradeço a FG a contribuição que dá para o aprofundamento destes problemas. Concordo,no entanto,com o anónimo quando faz as afirmações que faz. Só em Carrazeda(vila) é possível(se o for)fazer vingar determinadas (quase todas)iniciativas.
JLM

Anónimo disse...

A do campo de ténis é a mlehor de todas! Viva o JLM!