17 abril 2013

QUE FAZER DESTE BLOGUE: João Lopes de Matos



De vez em quando é preciso fazer um balanço da atividade desenvolvida.
A conclusão a que chego é que a discussão de problemas tem andado um tanto morna ,acontecendo também que, por vezes, é aqui veiculada uma só postura, como se não houvesse outras possíveis. E essa postura prevalecente vem normalmente apelidada de única defensora dos interesses de Carrazeda e até de todo o interior.
Parece-me que é necessário dar um novo rumo e uma nova abertura (e audácia) ao que aqui se escreve. Devem discutir-se, por vários prismas, os assuntos mais particularmente concelhios e igualmente os problemas regionais , nacionais e, porque não, mesmo os referentes ao mundo inteiro, já que mais e mais a terra se vai transformando numa aldeia global.
Como podemos ficar presos apenas à nossa lareira ou ao nosso território se hoje tudo tem a ver com tudo? O que se afirma em relação ao âmbito territorial também se pode afirmar em relação aos assuntos tratados: tudo é importante porque tudo o que é humano não nos pode ser indiferente.
Em particular, quero aqui referir aquilo que mais me choca no modo de ser e de estar dos carrazedenses: as autoridades e os residentes quantas vezes não atuam como se as iniciativas devessem apenas ser vividas em reuniões locais e divulgadas e limitadas somente aos residentes? Todos ficam felizes porque os assuntos são tratados em família e as divergências resolvidas no seu seio. Tudo se resolve a nível local, sem a interferência de elementos perturbadores da santa paz reinante.
Fazer com que o blogue seja um agitador de águas(no bom sentido)não é tarefa fácil. Mas há que fazer um esforço no sentido de introduzir alguma heresia no sossego existente.
E venham muitas e as mais variadas posições. Uma condição apenas: que tudo seja feito com elegância verbal e respeito recíproco.
Eu ,por mim, que agora me tenho dedicado à escrita, a ela me quero limitar, prometendo fazer tudo o que estiver ao meu alcance no sentido de provocar discussão aberta, ampla e sem preconceitos.
João Lopes de Matos

8 comentários:

Anónimo disse...

Que diz o proprietário do blogue a isto?Concorda?Discorda?Tolera?Deixa andar,contrariado?
Gosto de saber, porque o senhor é que manda.
JLM

Anónimo disse...

Meu caro amigo,
Permita que com muita humildade lhe diga: não sendo o Senhor propriamente um jovem, provalvelmente saiu muito cedo de Carrazeda e visita-nos, julgo que com alguma regularidade,e por certo, insiste, e ainda bem que o faz, em manter a esperança na terra que o viu nascer.Provavélmente não é o único mas esse clube está decerto cada vez mais vazio, muitos são os que já perderam a esperança,associam-se assim aos que já a haviam perdido à muitos e muitos anos,este clube,os que já desistiram, está cada vez mais vivo e denso, tratam da sua vida,não sabem nem querem saber do que se passa na sua terra, e esta foi a forma encontrada para terem alguma felicidade.
Com esta conduta, asseguram a felicidade dos autodenominados politicos,e em simultanêo, a desgraça do Concelho.
É assim em democracia!..O povo tem sempre aquilo que merece, mesmo que essa tenha sido a escolha de um grupo de miudos, preocupados com a sua masseira.
Mais cedo ou mais tarde, todos aqueles que podem trazer valor acrescentado a esta terra, acabam por se afastar da coisa pública, que em abono da verdade, se afunilou em demasia nos últimos tempos.

Fernando Gouveia disse...

Meu caro JLM

Também eu procuro manifestar, com alguma regularidade, através da escrita, a minha opinião, quer neste blogue, quer por outros meios. Aqui, faço-o normalmente como contributo para discussões de elevado nível que têm sido iniciadas por alguns dos "pensadores". É verdade que não sou um residente, pelo que as minhas posições escritas podem merecer dos residentes o tradicional comentário de que "quem está fora, racha lenha!". Mas eu insisto, porque entendo não abdicar da minha qualidade de cidadão desta terra, porque essa pertença faz parte de mim como o ar que respiro, porque eu seria seguramente um homem diferente se tivesse nascido em Lisboa ou em Luanda ou noutra qualquer parte do mundo.
Isto não é uma mera manifestação de saudosismo ou de bucolismo romântico, mas um verdadeiro sentido de identidade, que me dá, creio eu, legitimidade para falar da minha terra e dar opinião sobre o que nela se passa.
Se a minha visão, que carrega um olhar de quem já correu muito mundo, puder contribuir para o objectivo deste blogue "pensar ansiães", dar-me-ei por muito feliz. Se assim não for, deixa-me ao menos a consciência de ter transportado o meu minúsculo grão de areia para esse objectivo.
Aqui tem, JLM, a minha opinião. Penso que o blogue tem qualidade e que as contribuições de todos podem lançar alguma luz sobre os temas aqui debatidos. Por isso, gostaria de continuar a ler o que escreve.

Anónimo disse...


Meus Caros

Enquento discutem "o que fazer com este blog", permito-me transcrever um pequeno pensamento de um dos fundadores do "Grupo Krisis":

"A crítica, no entanto, não pode deixar guiar-se pela raiva que sente nas entranhas; ela tem de alicerçar a sua legitimidade intelectual sobre fundamentos inteiramente novos.
Mesmo que ela maneje conceitos teóricos, tal não significa uma renovada vinculação aos padrões do próprio Iluminismo, deduzindo-se, pelo contrário, unicamente da necessidade de destruir a autolegitimação intelectual do Iluminismo.
Não se trata de, à velha maneira iluminista, manietar os afetos em nome de uma racionalidade abstrata e repressiva (ou seja, ao arrepio do bem-estar dos indivíduos) mas, pelo contrário, de derrubar a legitimação intelectual desta autodomesticação moderna do Homem. Para tal é necessária uma Anti modernidade radical e emancipatória que não se refugie, segundo o exemplo por demais conhecido do anti Iluminismo ou da Anti modernidade meramente "reacionária", ela própria burguesa e ocidental, na idealização de um qualquer passado ou de "outras culturas", rompendo, antes pelo contrário, com a História convencional até à data, concebida como uma História de relações de fetiche e de dominação.

Razão Sangrenta - (Robert Kurz; Krisis 25 - Junho de 2002) Deutsch

CF

Anónimo disse...


Após a transcrição anterior, não resisti e voltei para vos transcrever mais esta:

QUEM É O BIG BROTHER?

George Orwell e a crítica da modernidade

De certo modo, o mundo todo se tornou uma única e gigantesca fazenda de bichos, na qual é indiferente quem comanda, o fazendeiro Jones ou o porco supremo Napoleão, visto que os comandantes subjetivos são de qualquer jeito os órgãos executivos de um mecanismo autonomizado, que não descansará enquanto não fizer do mundo, por meio do trabalho, um deserto sem vida.
Nessa fazenda-mundo automática, toda questão crítica acerca do sentido e da finalidade da organização totalmente demente, é sufocada de imediato porque as ovelhas democráticas prorrompem nos ouvidos o berro atordoante de lemas "reificados": "Trabalho bom, falta de trabalho ruim","Concorrência bom, reivindicações sociais ruim" etc. Se nós lermos as parábolas orwellianas um pouco a contrapelo, poderemos nos reconhecer a nós mesmos como os prisioneiros de um sistema amadurecido, cujo totalitarismo faz "A Revolução dos Bichos" e "1984" parecerem quase inocentes.

Quem é o Big Brother - (R. Kurz; Junho de 2003)

CF

Anónimo disse...

Caro anónimo:não seja tão derrotista.Não leve as coisas tão a sério.Brinque um bocadinho com a situação e vai ver que até se distrai.Para quê ficarmos azedos quando ainda há tanta coisa engraçada no mundo e,em especial,em Carrazeda.E já temos tão pouco tempo para nos divertirmos!
JLM

Anónimo disse...

Caro FG:Durante muitos anos ia lendo umas coisas e meditando.Além disso,ia desempenhando a minha função burocrática de conservador do registo predial,que me ocupava muito tempo.Vivi,por índole própria e por imposição do meu ofício,quase como um autodidacta e um eremita.Claro que,nestas circunstâncias,os conhecimentos adquiridos são parcos,limitados e,quantas vezes,errados porque não cotejados.Contrariamente a si,não adquiri experiência na convivência humana ou em viagens pelo mundo fora.
O meu relacionamento com o mundo pôs-se apenas quando me reformei.Quis tentar uma vida diferente e pensei em fazê-lo voltando às minhas raízes.Pela experiência tida em Carrazeda cheguei à conclusão de que o meio era um tanto limitador da minha liberdade de pensar e de viver.Optei por afastar-me um tanto mas não pretendendo desligar-me de todo.A ligação seria feita através de visitas e de participação cívica,concretizada em especial em escritos no blogue.Daí a minha postura actual.
Quero ter a distanciação necessária para poder pensar não só nos problemas de Carrazeda mas também nos problemas do mundo inteiro.É isso que tento fazer.
JLM

Anónimo disse...

Caro CF:As suas duas transcrições deram-me água pela barba.Não é muito fácil entrar nos meandros dos pensamentos expostos.Vou tentar compreender os escritos:
1º- Refuta o iluminismo porque assente numa razão ou racionalidade a que tudo se submete e como entendimento total do homem.Ora o homem tem outras facetas que também o caracterizam e é preciso lutar contra o modo de pensar actual para encontrar um entendimento que resolva os problemas humanos de modo inteiramente novo, realizador do homem mas não com ideias feitas e passadas.
2 -Big brother - Corremos o risco de sermos vítimas de um sistema e de verdades que julgamos perenes porque não ousamos solucionar de modo diferente e novo os problemas.
Quanto às duas: É preciso que o homem,na sua integralidade,tome o comando das coisas e encontre soluções novas.
Tenho que ir para Lisboa.Não posso pensar mais.CF:diga qualquer coisa,para ficarmos todos esclarecidos.
Chamo-lhe a atenção que era mais cómodo para mim nada dizer a correr o risco de dizer só asneiras,como será aqui o caso.Pelo menos que isso jogue a meu favor.
JLM