30 março 2010

Pensar dos leitores: privatizar

Viva Mesquita,
A publicação despertou a minha curiosidade e resolvi pesquisar sobre o assunto, espero que contribua de alguma forma para o teu blog.

Existe evidência empírica de que durante o período 1990-1996, num conjunto de 85 empresas de 13 países em vias de desenvolvimento (nesta amostra, Portugal está incluído) e 15 países industrializados, a completa ou parcial privatização implica aumentos de rentabilidade, de vendas, de eficiência operacional e de pagamento de dividendos. Também implica a diminuição dos níveis de dívida das empresas. Também é interessante referir que os níveis de investimento durante este período diminuíram assim como o emprego, no entanto, segundo os autores estes dois últimos resultados não são estatisticamente significativos.
A publicação está em: http://faculty-staff.ou.edu/M/William.L.Megginson-1/prv90pap.pdf

Em relação à opção do governo em proceder às privatizações, a meu ver já se tornaram imprescindíveis para o cumprimento do PEC apesar do timing da oferta pública não seja dos melhores. Porém, é um erro colocar tudo no mesmo saco (CTT, REN, TAP, EDP, GALP,...). São empresas diferentes que devem ser analisadas segundo várias ópticas tais como concorrência, existência de monopólios naturais, regulação no sector, valorização dos mercados e rentabilidade da própria empresa - pois ninguém está disposto a investir numa empresa que acumula perdas ano após ano. Por isto, creio ser muito mais exequível e do interesse nacional uma privatização da GALP do que dos CTT. A ideia é a seguinte, o que Estado perde através dos dividendos da empresa tem que ser compensado por um acréscimo no IRC, entre outras variáveis.

Em relação ao impacto que isto tem no Interior, é um facto que não combate a desertificação mas isso não pode ser impeditivo de aumentos de eficiência na economia portuguesa como um todo. Mas para isso existe o Estado, tem de ser chamado a desempenhar esse papel de diminuição das desigualdades regionais através de investimento público pelo menos numa fase inicial para que possa estimular posteriormente o sector privado. Governo após governo, seja de esquerda ou de direita, todos têm estado empenhados em adiar esse compromisso.
Abraço,

David

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