"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros,
casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne
insuportável. O débito não pago levará os bancos à falência,
que terão que ser nacionalizados pelo Estado"
Karl Marx, in «Das Kapital», 1867
(recebido por email)
9 comentários:
Um visionário...
http://www.avozdetrasosmontes.com/noticias/index.php?action=getDetalhe&id=3137
José Emanuel Queirós*
Portugal regressa à política das barragens 50 anos depois
“A água não é um produto comercial como outro qualquer, mas um património que deve ser protegido, defendido e tratado como tal.”
Directiva 2000/60/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Outubro de 2000 (Quadro de Acção Comunitária no domínio da política da Água).
Com o arrastar do tempo sobre matérias de inegável interesse colectivo, materializadas em dossiês volumosos, cuja complexidade técnica inibe e distancia o cidadão da plena tomada de consciência sobre as problemáticas em agenda, temos criado na sociedade o contexto favorável à proliferação de opiniões susceptíveis de se repartirem entre posicionamentos antagónicos, mais ou menos estabelecidos em análises difusas de arreigada convicção pessoal, quase sempre talhados em défice de conhecimento e excesso de superficialidade. A avidez de liderança individual e o desejo de assistir aos efeitos da propagação dos próprios argumentos no senso comum cria um ambiente do tipo babilónico, propício a ocultar a propriedade a quem a possa deter, ficando todos à mercê de quem, desse modo indirecto, exerce verdadeiro condicionamento social, e tem na disseminação do ruído as portas abertas para a tomada de decisão.
Em democracia todas as opiniões são possíveis, susceptíveis de vencer ou de ser vencidas, plausíveis ou não, mesmo quando construídas e alimentadas numa dimensão parcelar de uma realidade mais abrangente, ainda quando resultam do que apenas se infere de argumentos infundados ou baseadas em premissas erróneas, que sempre têm lugar a se fazerem ouvir. Mas, ainda em democracia, nem todas as opiniões produzidas sobre a mesma matéria remetem para juízos sustentados em conhecimento exaustivo da realidade, dos factos, dos dossiês, e das circunstâncias em que são produzidos, de modo a que qualquer discorrência possa proporcionar o débito de argumentação coerente e íntegra, ou alcançar conclusões ou resultados assertivos que permitam conduzir a sociedade pelas melhores vias de decisão.
Desde há 15 anos, quando tomei a meu encargo estudar e reflectir sobre a actualíssima problemática «barragem de Fridão/cascata do Tâmega» – retomada para o público em 2007, com a patranha impingida ao país e aos portugueses no «Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico» –, estava seguro que, sobre esta matéria, interessaria aos decisores que, na sociedade local/regional, não houvesse esclarecimento consentâneo com a dimensão do problema e, ao invés, se instalasse mais um clima propenso à emergência de desencontros e ao engodo de ruídos.
Essa possibilidade constitui o pior dos cenários possíveis para lidarmos e enfrentarmos com êxito a mais cruel e cega decisão de um Governo que os concelhos ribeirinhos do Tâmega, Tua e Sabor jamais hão recebido.
Na bacia do Douro, ou nalgum dos seus concelhos afectados pelo mercenário «Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico», tentar o debate sobre a problemática de qualquer uma das barragens projectadas e programadas com base nos argumentos das eléctricas (EDP ou IBERDROLA) ou em algum dos argumentos que temos ouvido do ministro do Ambiente e do Primeiro-ministro, seja o da “criação de emprego”, o das “energias renováveis”, do “cumprimento de Quioto”, de “combate às alterações climáticas”, da “independência nacional”, do “desenvolvimento do interior”, e agora como a chave para “dinamizar a economia nacional em tempo de crise”, é condescender com a tentativa de intoxicação da opinião pública e não de promover o seu esclarecimento, é seguir na via estreita, dogmática e sectária, de alienar patrimónios multigeracionais em que o Governo enveredou, é ceder ao facilitismo de argumentos brumosos, infundados e irresponsáveis, de possuir uma opinião sem ter de a construir a partir de fundamentos credíveis, válidos, actuais e escorreitos.
No caso do «Programa Nacional de Barragens», é precisamente isso que vemos nos nossos governantes e naqueles que os acompanham nesta cruzada perversa: não conhecem as realidades para as quais as barragens estão projectadas, demonstram ignorar ou serem capazes de vergar a Lei do Estado e da Comunidade Europeia, sem respeito pelas pessoas e por patrimónios naturais e culturais ancestrais legados apenas em usufruto. No entanto, andam pelo país numa correria cega a propagandear os negócios da água, dos rios, e das paisagens como um bodo aos empobrecidos e desvitalizados povos do interior. Levando mais promessas de progresso e desenvolvimento nos alforges, que sabem que jamais poderão cumprir ou induzir com a construção de barragens.
Com uma nova roupagem e uma argumentação falaciosa, 50 anos depois, está em curso no país a reedição do programa hidroeléctrico do Estado Novo, consignado no Plano Hidráulico da extinta Hidro-Eléctrica do Douro, desde meados da década de 1950, também ele, tal como hoje, prometendo “contribuir para a valorização económica e social da região” (sic).
Em que sociedade, em que país, sob qual modelo de desenvolvimento, é que se poderão incrementar etapas sucessivas de progresso e alcançar maiores níveis de desenvolvimento sócio-económico, quando tendo por condições a subversão de valores naturais inques- tionáveis – marcas identitárias do ambiente e da qualidade de vida de uma região –, aviltando patrimónios inalienáveis, desrespeitando a Lei com o alto patrocínio do Governo do Estado, submetendo as populações a perdas irreparáveis em segurança, qualidade de vida e saúde pública, como se não existisse vida em toda a extensão das três sub-bacias hidrográficas durienses (Tâmega, Tua e Sabor) a submergir?
*Geógrafo
Pós-graduado em Gestão de Riscos Naturais
Membro da Assembleia Intermunicipal da Com. Intermunicipal do Tâmega e Sousa
O professor Mesquita é o melhor articulista de Carrazeda. Lê O Capital em alemão e tudo! Parabéns.
Carrazedense activo
A propósito desta frase ver blog http://dererummundi.blogspot.com/ e o artigo de opinião do Prof. Carlos Fiolhais "Previsões Marxistas"
Cumprimentos
Teresa Nascimento
Parece ,mas não é de Marx.Foi feito para parecer dele,se ele tivesse vivido nas actuais circunstâncias.
Pensando bem,no seu tempo,não havia bancos que dessem tanto crédito ao consumo e às aquisições de casas.
JLM
Não acredito em bruxos...mas contra factos...esqueçam os argumentos, estamos em tempo de ajuntamento das rosas em Espinho...e como toda a rosa que se prese tem espinhos...bendito Marx!
Shoppings fantasma: Quando o sucesso vai bater a outras portas
01 de Março de 2009, 11:05
Lisboa, 01 Mar (Lusa) - A história das cidades também se faz pelos seus espaços comerciais. Depois de anos de sucesso, em muitos casos restam apenas as lojas vazias, com vidros forrados de jornais, e a memória dos tempos áureos.
Os "centros comerciais fantasma" são comuns a todas as cidades, médias ou grandes, até porque muitos dos projectos, típicos dos anos 70 e 80, revelaram-se desadequados para as necessidades e gostos dos consumidores.
Em Lisboa, a discoteca Whispers marcou uma geração e o sucesso do shopping Imaviz que se agora limita a lojas para um tipo de consumidores de menores posses. As lojas escondidas e as escadas não ajudam ao sucesso comercial de outros tempos.
Do outro lado da avenida, o Palácio Sotto Mayor, apesar de recente, nunca se conseguiu impor e muitas lojas permanecem fechadas. A poucos metros, o City apresenta um cenário semelhante mas tem a atenuante de ser também antigo como o Imaviz, resumindo-se as poucas lojas abertas a negócios de ocasião e alguma restauração.
Na zona de Alvalade, convivem outros dois shoppings fantasma, mas com histórias diferentes. O shopping Alvalade tem corredores vazios depois do sucesso do passado. Já o Alvaláxia, no estádio do Sporting, nunca atingiu os objectivos iniciais só regista enchentes em dias de jogos grandes.
No Porto, nomes como o Stop, Sirius, Dallas, Cedofeita, Brasília, Clérigos Shopping e Central Shopping figuram na lista de espaço, que sofreram as consequências da desertificação da cidade, da falta de condições de segurança e do aparecimento dos grandes shoppings de segunda geração, mais organizados e modernos.
O Centro Comercial Stop, construído na década de 80, viveu cerca de dez anos pujantes que acabaram com o fecho das duas salas de cinema. Hoje, reinventou-se e é considerado o maior pólo agregador de bandas de música do Porto e muitas lojas, abandonadas durante anos, funcionam como salas de ensaio.
Já cenário diferente é o Dallas, inaugurado em 1984 e encerrado desde 1999, por ordem da autarquia devido à falta de condições de segurança e de licença de funcionamento. O interior labiríntico e os problemas de segurança, com assaltos, confrontos físicos e tiroteios frequentes, nunca permitiram o total sucesso deste centro comercial, apesar da sua boa localização.
O Sirius, o Centro Comercial de Cedofeita ou o Brasília - o mais antigo e emblemático shopping da cidade - tentam actualmente voltar a fazer parte do quotidiano dos portuenses, mas ainda com pouco sucesso.
Inaugurado em 1996, o antigo Central Shopping, propriedade do Grupo Soares da Costa, está encerrado há mais de um ano. Os promotores prometem uma "profunda remodelação" e um novo nome, "Galeria Central", mas aos consumidores só resta esperar. Também o Clérigos Shopping, permanece abandonado desde 2002. Ao longo dos anos não faltaram sugestões para o reconverter, mas ao concurso público concorreu apenas uma empresa: a Bragaparques.
Mais a sul, em Coimbra, o centro comercial Avenida é um dos espaços onde é visível a falta de movimento, sofrendo com a própria configuração física do interior, que o tornou "pouco atractivo" para os consumidores.
Quem o diz é o dirigente da Associação Comercial e Industrial de Coimbra (ACIC) Arménio Pratas Henriques que aponta também o risco de declínio no Golden. Já no Girassolum, "os comerciantes renovaram-se" e investiram na qualificação do espaço.
Em Aveiro, o mais antigo centro comercial é o Oita, aberto há 25 anos mas mantém apenas 20 por cento de lojas ocupadas, que pouco ou nada têm a ver com os negócios originais. É aqui que se localiza a "famosa" loja de venda de drogas livres, uma sex-shop do mesmo proprietário e outros comércios mais ou menos excêntricos.
Mais para o interior, na cidade da Guarda, o Centro Comercial de S. Francisco abriu as suas portas há 25 anos mas agora não passa de um cenário decadente. "Das 40 lojas temos dez abertas no piso de cima e três no de baixo", reconheceu o administrador António Dias. No Garden Shopping Center, o segundo centro comercial mais antigo da Guarda, o cenário é diferente, embora um terço das lojas estejam fechadas.
Em Leiria, o presidente da associação de comerciantes, Carlos Caiado, admitiu que o sucesso dos centros comerciais depende da moda, da localização e do poder de compra. Exemplo disso são as Galerias Alcrima, uma "moda" que teve um rápido declínio.
De todos os centros comerciais antigos, o único que resiste com sucesso é o Maringá, que beneficia da localização e estacionamento próprio. O mesmo já não se passa com o Sol Leiria, o Lis, o São Francisco, o D. Dinis ou o Edifício 2000, que não passam de "pequenos centros comerciais", que não registaram evolução nos últimos anos, observou Carlos Caiado.
Em Évora, o degradado centro comercial Eborim - inaugurado em 1983 e que chegou a acolher 26 lojas e duas salas de cinemas - vai deixar de ser um espaço fantasma, passando a acolher o comando distrital da PSP, com obras de adaptação que deverão arrancar ainda este ano.
No extremo sul do país, o "Faro Shopping" chegou a ser uma referência mas agora a forte concorrência de grandes espaços comerciais reduziu o número de lojas abertas a quase nada.
No meio do Atlântico, em Ponta Delgada, o primeiro shopping do arquipélago foi palco de anos de crise, que levou ao encerramento de várias lojas. Em 2008, transformou-se em "Sol Mar Avenida Center" e, além dos vários consultórios de advogados e médicos, quer agora captar lojistas alternativos de "moda, música, acessórios, restauração, cafetaria e serviços", afirmou a relações públicas do centro comercial, Maria das Mercês.
PJA/SYR/MSO/SYM/PM/MCS/ASR/RME.
Lusa/Fim
_________________
qualquer dia são as AE e as barragens cheias de erva ... para que o transporte do futuro possa funcionar... o BURRO
Este nosso geografo, que escreve tão bem, será apologista da energia nuclear que o ilumina enquanto escreve !
se escrever à noite é graças á energia nuclear francesa importada quasi de graça
Enviar um comentário