10 maio 2008

Quem não deve não teme

A propósito da Cooperativa de Arte e Ofícios D. Lopo que ajudei a construir, enviei um dia esta carta a quem me blasfemou. Se alguem tiver algo a acrescentar sobre este assunto que dê a cara como eu dou. Ou então que se cale para sempre como eu tenho tentado fazer.


Carta para quem me conhece bem (Agosto de 1998)



Como é do conhecimento, participei como independente, nas listas do Partido Socialista na última Campanha Autárquica.
Desta vez, o meu envolvimento e responsabilidade neste acto cívico, foi maior do que em ocasiões anteriores. Também por isso, fui alvo privilegiado de calúnias e intrigas, que nunca se soube justificar com factos.
Houve um momento, de que tive conhecimento posterior às eleições, em que os factos ultrapassaram o meu limite de decência, ao tentarem manchar a minha dignidade.
Decidi então escrever ao responsável de tais actos, propondo-lhe que se retratasse ou que acrescentasse formalidade ao que tinha afirmado e de que transcrevo estas passagens.
- “ que é feito do Cooperativa de Artes e Ofícios de Rendas e Bordados de Carrazeda de Ansiães, Prof…Helder de Carvalho? Que é que vocês fizeram? Faliram. Já prestaram contas? Já pagaram a todas as senhoras que ali prestaram trabalho e fizeram os seus tapetes? Não o fizeram! Porque nessa Cooperativa em que essas senhoras, nunca tiveram contas, nem receberam o valor do seu trabalho, foi preciso eu….comunicar ao ministério público a vossa ilegalidade para irem perante o Ministério Público dar satisfação da falência a que levaram essa Cooperativa. Onde está o dinheiro? Onde está a receita? Onde está a despesa contabilizada das dezenas de viagens que fizeram ao Alentejo, Lisboa e tantos lugares?!...”

A carta que remeti tinha o seguinte teor:

- Exmº. Sr……
Decorrido já algum tempo sobre o período das Eleições Autárquicas, em que fomos opositores políticos e, porque não esqueço as afrontas, venho agora serenamente refutar as mentiras , denunciar as incorrecções de que fui alvo, por parte da sua pessoa.
Estou em querer que não estranhará este meu acto.
Vou referir-me só às palavras proferidas em comício em que, ao referir-se à minha pessoa, atentou contra a minha dignidade e honestidade.
Ao ouvi-lo, devo dizer-lhe que me surpreende pois, julgando conhecê-lo, lhe reconhecia mais hombridade e decência. Sendo certo ter havido entre os dois algum afrontamento político, na base do confronto de ideias e princípios, sempre o respeitei e considerei, julgando merecer o mesmo tratamento.
Ao enviar-lhe a gravação que obtive, das afirmações que fez, pretendo pois que as reafirme ou se retracte, de modo a proporcionar-me exercer o meu direito de defesa da minha dignidade.
Para todas as afirmações exijo agora que confirme se eu alguma vez pertenci a direcção da Cooperativa de Artes e Ofícios D. Lopo, se alguma vez eu assumi algum cargo de gestão, se alguma vez tive alguma responsabilidade financeira ou assinei algum cheque por conta dessa Cooperativa. Dirá ainda a quem devo dinheiro e porquê!
Pretendo que me refira qual a ocasião em que fui citado a comparecer junto do Ministério Público para tratar sobre este ou qualquer outro caso. Finalmente deverá comprovar se alguma vez qualquer tostão de parte da tal Cooperativa inclusive, no que respeita a deslocações.
Relativamente à minha participação nesta Cooperativa, a única vertente a que poderia referir-se, diz respeito ao incentivo, apoio e motivação que incuti em muitas das pessoas que a constituíram, consciente que estive do valor do trabalho e da importância que esta empresa poderia ter, ao nível social e cultural, no concelho de que sou natural.
Eu sei que, para pessoas como V. Exª. É difícil acreditar que alguém actue qpenas na base do voluntarismo e da colaboração generosa.
È a altura de lhe exigir respostas esclarecedoras e fundamentadas para justificar o que disse e, consta na referida cassete.
Como faz questão de afirmar, diz-se conhecedor do processo da Cooperativa. Assim, e sendo mentira tudo o que disse, concluo que actuou com pura má fé e consciente do acto.
Fê-lo na altura em que teve necessidade de convencer as pessoas que o ouviam e, como não considerou suficiente impor as suas ideias e o seu “curriculum”, usou a calúnia para rebaixar os que se lhe opunham politicamente.
Pode pois ajuizar-se sobre o resultado de tais actos, sobre a sua eficácia e, sobre o fim atingido.
Naõ está pois em causa aceitar quaisquer pedidos de desculpa. Pretendo tão-somente que fiquem claras as respostas e prevaleça a verdade, para que, até onde for possível, se faça justiça e se minimizem os danos morais que me provocou.
Acresce que no presente, os cargos públicos que assumimos exigem que não hajam dúvidas sobre a nossa idoneidade.
Aguardo pois que tenha agora a hombridade de me responder com precisão e sem rodeios.
Ficará finalmente a saber que, independentemente da resposta, o conceito em que o tive e o respeito que me merecia desce agora ao nível a que, tão despudoradamente me colocou a mim.


A total ausência de resposta, levou-me a considerar ter o direito de tornar pública esta carta, junto dos amigos.
Concluía com três considerações:
- A primeira, dirigida aos familiares da pessoa que me tinha ofendido. Sobre eles, não pendem de mim quaisquer juízos ou valores depreciativos, Muito pelo contrário, para aqueles que conheço melhor.

A segunda consideração era dirigida à Rádio que tinha transmitido os factos sem se ter preocupado em, antes, ter confirmado a veracidade do que se tinha dito.

Finalmente dirigia-me a todos quantos no futuro, aceitem assumir participar no processo das Eleições Autárquicas do nosso concelho. Para eles dirigia a minha admiração antecipada e fazia votos de que, com dignidade, saibam enfrentar a prepotência e o caciquismo que se lhes opuser, ao lado do povo e, na perspectiva da liberdade e progresso para a nossa Terra.

2 comentários:

Anónimo disse...

Esta "carta para quem me conhece bem" não deveria ter um destinatário explícito, para o povo conhecer o verdadeiro carácter daquele a quem têm dado o voto maioritário ao longo de duas décadas? Isto sim, que era fazer jus ao título do comentário de HC "quem não deve não teme". Não para mim, mas para o cidadão comum, pode ficar implícita a ideia (errada) de que qualquer coisa se teme ao não divulgar quem levianamente cometeu um atentado contra a honra e a dignidade desse grande artista carrazedense que é HC.

Um abraço de solidariedade para HC.

Um socialista

Anónimo disse...

Também estou de acordo.
O filme só terá fim se se souber quem foi o destinatário.
E o que dirá agora um bloguista que a cada passo se lembrava da tal Cooperativa???
Ateu