12 outubro 2007

Ser piadético

O tempo que aqui disponibilizamos é para muitos de nós resultado de algum esforço que, pessoalmente compenso com o regozijo de intervir e de exercer obrigações de cidadania. Trata-se de pensar Ansiães e esta tem sido a minha primeira preocupação. Evidentemente que alguns poderão pensar que me estou a divertir á custa de outros. São aqueles que não conseguem ver para alem das palavras. Na ordem de prioridades da minha ocupação de tempo aqui, não está infelizmente o divertimento, estará porventura antes o sofrimento e a perturbação. Como geralmente trato opiniões sobre a ética e a crítica institucional bom seria que surgisse o contraditório e que este me ajudasse a reformular ideias e opiniões. Infelizmente o Freud não resolve, para meu desgosto.
Apesar de tudo, o género de escrita que uso nas “Mentiras”, parece ser o que mais cativa. Será porque a maioria pensa que estou a gozar?
Afinal o que é imperativo é a razão e a verdade. Questões que eu gostaria de ver postas em causa, em concreto.
Que Fernando Pessoa me ajude a explicar-me.

SURSUM CORDA
Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidades eu tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora,
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora dele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.

Álvaro de Campos

5 comentários:

Hélder Rodrigues disse...

Amigo HC

A sátira (qual R. Ortigão com as suas FARPAS), desde que tenha qualidade (estética, literária...), transforma-se numa verdadeira pedrada no charco que fará acordar consciências adormecidas pela penumbra e mudar mentalidades que levem os cidadãos (como se deseja), a um futuro melhor. Não se deve, então, confundir a piada com a sátira, pois esta não está ao alcance de qualquer um, porque ela, a sátira, implica sempre uma capacidade organizativa de contextos para um determinado texto. É o que tem feito HC. Por isso, faça o favor de continuar, desde que não desvirtue a sátira, claro.

Um abraço.

h. r.

Anónimo disse...

Será que o que escreve nas suas mentiras é para levar tanto a sério? Não será melhor então usar um estilo mais solene? A sua sátira nunca foi leve e assumiu a feição de mera piada? Não será pretensiosismo querer que a sua ligeira escrita assuma a natureza de sátira? Até agora sorria-me com as suas piadas; daqui em diante vou prestar mais atenção ao aspecto verrinoso do que diz. Juro!

Helder Carvalho disse...

Preferêncialmente mais importante do que o estilo será questinar-se a "verdade" dos conteúdos e não o modo como se diz.A este propósito recordo Antonin Artaud- " Toda a linguagem verdadeira/ é incompreesível / tal como o bater/ do bater de dentes."

mario carvalho disse...

Sobre os políticos

Uns
como dizia Jean Jacques Rousseau :
Começam sem saber o que vão dizer e acabam sem saber o que disseram

Outros,

como um político português
Há tantas maneiras de dizer a verdade que nem vale a pena mentir

mario carvalho disse...

e,


Vós lá do vosso império
que prometeis um mundo novo,
calai-vos que pode o povo
querer um mundo novo a sério.

António Aleixo