Confesso que não esperava passar um fim-de-semana tão agradável.
Quando cheguei pensei que deveria tomar um café em Boticas para fazer algum tempo e não ser o primeiro a chegar. Enganei-me redondamente. Afinal, chegado à aldeia de Vilar, já não consegui deixar o automóvel próximo. A aldeia tinha sido invadida. A primeira impressão encontrou-se logo na povoação. Era uma aldeia ainda viva. Havia movimento, sentiam-se os cheiros e aromas, as galinhas cantavam nas capoeiras, as vacas passavam e deixavam aquele cheiro de que eu já me não recordava de há muito. A água corria nas fontes e as pessoas davam os bons dias. As moscas andavam por todo o lado, esta era a melhor prova de que havia vida.
Mas afinal de onde teria vindo a ideia de associar ali, aquele magote de pessoas! Um pequeno grupo de carolas com gostos e interesses próximos e condições suficientes, acreditou que seria possível ajuntar mais e pô-los a confrontar-se. À reflexão acrescentaram a pertinência de alargar os convites além fronteiras.
E foi assim que, inesperadamente encontrei gente boa a mostrar o que faziam e curiosos de saber e conhecer o que faziam os outros, na escrita, no cinema, na arte e na música.
Das declamações da poetisa de 17 anos da Venezuela, passando pelos “performers” e artistas de Leon, pelos criadores de vídeo portugueses, pelo cientista que investiga borboletas em extinção na área, pelos improvisadores e eruditos da musica, pelos actores de mímica, pelos artistas plásticos da região, de tudo houve um pouco, quase sempre superior.
Em suma foi para mim uma experiência tão concentrada e rica de saber. que não a esquecerei tão cedo. Tornei-me um privilegiado por um fim-de-semana.
Faltará dizer que nem se sentiu a falta daquela que se tinha proposta para "Madrinha do Evento” que era a representante do Ministério da Cultura em Vila Real. Foi menos uma a beber daquele vinho e a comer a vitela barrosã que o Matadouro da região ofereceu de patrocínio.
No cômputo final fica-me a sensação amarga de reconhecer que são eventos singulares e frutuosos mas que poderiam ser experiências assimiláveis e passíveis de se repetir noutros lugares, quiçá aqui. Bastaria para tanto que as vontades se conjugassem.
Quando cheguei pensei que deveria tomar um café em Boticas para fazer algum tempo e não ser o primeiro a chegar. Enganei-me redondamente. Afinal, chegado à aldeia de Vilar, já não consegui deixar o automóvel próximo. A aldeia tinha sido invadida. A primeira impressão encontrou-se logo na povoação. Era uma aldeia ainda viva. Havia movimento, sentiam-se os cheiros e aromas, as galinhas cantavam nas capoeiras, as vacas passavam e deixavam aquele cheiro de que eu já me não recordava de há muito. A água corria nas fontes e as pessoas davam os bons dias. As moscas andavam por todo o lado, esta era a melhor prova de que havia vida.
Mas afinal de onde teria vindo a ideia de associar ali, aquele magote de pessoas! Um pequeno grupo de carolas com gostos e interesses próximos e condições suficientes, acreditou que seria possível ajuntar mais e pô-los a confrontar-se. À reflexão acrescentaram a pertinência de alargar os convites além fronteiras.
E foi assim que, inesperadamente encontrei gente boa a mostrar o que faziam e curiosos de saber e conhecer o que faziam os outros, na escrita, no cinema, na arte e na música.
Das declamações da poetisa de 17 anos da Venezuela, passando pelos “performers” e artistas de Leon, pelos criadores de vídeo portugueses, pelo cientista que investiga borboletas em extinção na área, pelos improvisadores e eruditos da musica, pelos actores de mímica, pelos artistas plásticos da região, de tudo houve um pouco, quase sempre superior.
Em suma foi para mim uma experiência tão concentrada e rica de saber. que não a esquecerei tão cedo. Tornei-me um privilegiado por um fim-de-semana.
Faltará dizer que nem se sentiu a falta daquela que se tinha proposta para "Madrinha do Evento” que era a representante do Ministério da Cultura em Vila Real. Foi menos uma a beber daquele vinho e a comer a vitela barrosã que o Matadouro da região ofereceu de patrocínio.
No cômputo final fica-me a sensação amarga de reconhecer que são eventos singulares e frutuosos mas que poderiam ser experiências assimiláveis e passíveis de se repetir noutros lugares, quiçá aqui. Bastaria para tanto que as vontades se conjugassem.
3 comentários:
E porque não?! Às vezes faz falta o levantar do véu, o dizer que se podia fazer assim desta ou daquela maneira em suma o lamiré. Depois quando não aceitam as nosssas ideias, eu sei o que custa e como é frustrante, andar a pregar neste deserto, mas é a vida e ainda bem que estamos vivos. Um abraço e não desanimes amigo.
exactamente: porque não? A incomunidade dispõe-se a colaborar. Vamos a isso?
Dias da Criação encheram aldeia de Vilar como em dia de casamento
Com pouco mais de cem moradores, a aldeia de Vilar, em Boticas, é como a maioria das pequenas localidades transmontanas: tem muitos cães e galinhas a vaguear na rua, muitos idosos, poucos jovens e menos crianças ainda. Mas, no passado fim-de-semana, em Vilar não foi assim. No pequeno centro da aldeia, cantos e ruas estavam apinhados de carros. “Nunca assim vi tanto carro! Só em dias de casamentos grandes!”. A “invasão” é, no entanto, bem-vinda. “Nós o que queremos é ver muita gente, para poucos já chegámos nós”, garantia a moradora Maria Marques, de 71 anos. Pela segunda vez consecutiva, a aldeia de Vilar foi palco de “Os dias da criação”, uma iniciativa do movimento artístico Incomunidade e da casa de turismo rural local “Casa de Eira Longa”. O objectivo do evento é ambicioso: combater a desertificação da região, através da cultura. “É preciso criar empregos, mas é também preciso criar dinâmicas culturais capazes de fixar população. A paisagem só não chega. Ao fim de três dias as pessoas já não sabem o que fazer”, defende Alberto Miranda, promotor da iniciativa, que tem, nesta edição, uma matriz transmontano-leonesa. No entanto, nos cerca de 160 artistas das mais variadas áreas, estão presentes criadores de outros pontos de Portugal e até da Venezuela e de Cuba. Ontem, além da inauguração de uma exposição de artistas visuais de Léon (Espanha) e Trás-os-Montes, durante a tarde, foram apresentadas, pela primeira vez, cinco curtas-metragens de autores luso e espanhóis. Entre as estreias está a do conhecido cineasta português Pedro Sena Nunes. O lançamento de uma colectânea de poemas em português e castelhano foi outras das iniciativas. Hoje, logo pela manhã, serão apresentados 14 documentários realizados por estudantes da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro que, em Março, andaram de câmara em punho pelo Barroso. “Os actores são gente daqui e de outras aldeias. Quisemos envolver a comunidade quanto mais não seja para que ela não morra ao nível da imagem”, resumiu Alberto Miranda, há 30 anos em Lisboa, mas de origem transmontana.
Segunda-feira, Vilar regressou à pacatez de sempre.
Semanário Tansmontano
Data de Publicação: 27/09/2007
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