Os Clã na Feira da Maçã

Dirigi-me ontem à noite. como mais uma entre as dezenas de jovens, à XII edição da Feira do Vinho, da Maçã e do Azeite, motivada não por estes últimos mas pelos conhecidos Clã que de pouco sou seguidora. Não o justifico por falta de interesse, que até faz parte da minha lista de favoritos o álbum “Afinidades”, penso que é apenas uma questão de identificação que não se relaciona com a sua música. Após a entrada a segunda sensação que me invadiu exteriormente, foi a visual, uma das que se percepciona num concerto para se formular um pensamento ou um arrepio. Constatei então que eram exíguos os grupos de jovens e as esperanças que depositei na presença de faixas etárias mais avançadas, também não eram esperadas. Mas ainda indaguei em vão: Somos tão poucos!?

Existia espaço suficiente para delírios hormonais que rasgam o peito de quem ouve aquele género musical, verifiquei que a fila da frente acompanhava a música com os tais movimentos esperados.
Chegava ao fim a sua actuação, a vocalista Manuela Azevedo muda a sua atitude em palco após o single “Problema de expressão”, afinal eram um “até sempre”, parecia que já pouco se importava, era um tudo ou nada que se resumia em batimentos melódicos rápidos, movimentos corporais contraídos sem pontas de inibição e uma agitação de cabelos que pouco a distinguia no rosto, fez-me lembrar, confesso, a vocalista Karen O dos Yeah Yeah Yeahs, a conhecida banda americana que já marcou presença em Portugal, não sei o que me ocorreu para fazer tal juízo mas assemelhei-a a ela enquanto gritava em plena emoção: “Eu vou-me a ele! Eu vou-me a ele!”. Não a criticava, era o cheiro do rock que ela sentia, eu senti. Alguém, do meu sangue, me tentou sussurrar mas a forma como o disse ecoou tanto nos meus ouvidos que os meus níveis de audição aumentaram, pautou a seguinte frase: Isto é português! Repetiu e no final pronunciou o meu nome, manifestaram-se apenas os meus poros. Abandonei o recinto de cabeça caída, com a certeza: amanhã estará mais gente...